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ENTREVISTA
Secretário do Tesouro reforça importância de harmonização das políticas fiscal e monetária
Ao comentar o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, defendeu nesta segunda-feira (26/6) que somente a harmonização das políticas fiscal e monetária permitirá oferecer ao Brasil uma política econômica consistente ao longo do tempo, auxiliando o país a retomar o crescimento. Em entrevista ao canal BM&C News, Ceron advertiu que a política monetária com a manutenção de taxas elevadas gera impacto fiscal (pelo fato de os juros mais altos aumentarem os custos da dívida pública), represando a capacidade de recuperação econômica do país.
“Hoje, um terço da nossa dívida é 100% atrelada à Selic”, esclareceu Ceron, destacando que a política monetária gera custos para o país, com impactos fiscais. Ele defendeu a necessidade de ser feito um balanço de riscos e dos impactos de uma política monetária que mantém os juros elevados, com avaliação do custo fiscal dessa estratégia, além de seus reflexos sobre as expectativas econômicas, inclusive com o viés de realimentação do processo inflacionário.
Otimismo
Mas Ceron ponderou que a inflação está em queda, se encaminhando para a meta, construindo um ambiente confortável para o Banco Central revisar os juros e que isso será “importantíssimo para o país para retomar investimentos, reativar o mercado de capitais”, além de melhorar o cenário de financiamento da dívida pública.
O secretário ressaltou haver nítida melhora do cenário econômico, com melhora das estimativas de mercado para câmbio, inflação e crescimento, entre outros indicadores. Ele apontou que esse resgate do otimismo mostra a correção das medidas conduzidas pelo Ministério da Fazenda desde o início do ano, ao lembrar que a pasta está chegando “ao fim do primeiro semestre cumprindo tudo o que foi anunciado”.
Ele apontou que o déficit primário atualmente já se aproxima de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme havia sido projetado pelo governo federal para 2023. E advertiu que a recuperação das expectativas está presente, por exemplo, na mais recente edição do Boletim Focus desta segunda-feira. Esse trabalho é elaborado pelo Banco Central a partir de pesquisa com agentes de mercado.
Outro sinal de recuperação destacado pelo secretário foi a melhoria da perspectiva das notas de classificação de risco concedidas por agências internacionais. Recentemente, a S&P melhorou o rating do Brasil de “estável” para “positivo”. Segundo Ceron, em breve outras agências poderão melhorar a classificação de risco brasileiro.
Novos modelos
Os avanços nas tramitações do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária também foram destacados pelo secretário do Tesouro Nacional. Ele disse que esses dois novos modelos vão corrigir desajustes históricos — com a rediscussão dos gastos tributários e redução da litigiosidade tributária, por exemplo — e preparar o Brasil, de forma estrutural, para o crescimento futuro.
O papel do Tesouro Nacional na popularização da educação financeira foi citada por Rogério Ceron ao comentar exemplos como o lançamento do título Tesouro Renda+ Aposentadoria Extra, em janeiro. Ceron citou ainda o iminente novo título do Tesouro Direto elaborado para as famílias financiarem o ciclo educacional de seus filhos, poupando pequenas parcelas mensais desde o nascimento (a partir de R$ 30). O secretário argumentou que, por meio dessa nova solução (com previsão de ser lançado em agosto), famílias de renda mais baixa poderão economizar ao longo de ano para custear a futura vida universitária. “Isso é importante porque a educação quebra ciclos de pobreza”, afirmou.
Confira a entrevista do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ao canal BM&C News