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Secretária de Assuntos Internacionais destaca importância da participação das mulheres na ação climática
O envolvimento das mulheres nos processos de tomada de decisão e nas estruturas de governança em todos os setores relacionados ao clima tende a ser significativamente menor do que a paridade em todos os níveis. Diante deste cenário, os CIFs, Climate Investments Funds, realizaram nesta segunda-feira (26/6) uma mesa sobre o tema em Brasília (DF). A iniciativa faz parte do cronograma de ações realizadas na capital federal em comemoração ao 15º aniversário dos fundos de investimentos.
A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, participou da mesa ao lado de Bárbara Brakarz, especialista sênior em Clima e Sustentabilidade no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Andréia Coutinho Louback, jornalista reconhecida como uma das vozes expoentes no debate de raça, gênero e classe na agenda climática no Brasil e Mafalda Duarte, CEO do CIF.
Os investimentos climáticos no país, especialmente direcionados à conservação da Amazônia, transição energética e agricultura sustentável, devem aumentar nos próximos anos. No entanto, sem reconhecer os desafios específicos em gênero, esses fluxos de financiamento correm o risco de perpetuar as desigualdades existentes”, Rosito
Entre as palestrantes houve o consenso de que o Brasil, sendo um ator importante nos esforços globais de adaptação e mitigação climática, tem papel crucial ao abordar a questão das desigualdades de gênero existentes. “Os investimentos climáticos no país, especialmente direcionados à conservação da Amazônia, transição energética e agricultura sustentável, devem aumentar nos próximos anos. No entanto, sem reconhecer os desafios específicos em gênero, esses fluxos de financiamento correm o risco de perpetuar as desigualdades existentes”, disse Rosito.
Globalmente, as mulheres têm menos influência nos processos, são menos propensas a participar de reuniões e têm acesso limitado a cargos de alto escalão. No Brasil essa realidade também é válida: as mulheres representam apenas uma pequena porcentagem da força de trabalho em cargos relacionados ao setor. “Embora vivamos um período de avanços para as mulheres em aspectos da vida pública (o Brasil nunca teve tantas ministras), a participação feminina na vida política e no Congresso pode ser muito ampliada, pois ainda é baixa em comparação com outros países”, lembrou Rosito.
Segundo a secretária de assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, é preciso garantir maior participação, engajamento e liderança das mulheres, inclusive mediante metas e indicadores específicos em projetos de desenvolvimento sustentável. Para Rosito, isso contribui para transformações estruturais em direção a resultados positivos em governança, gestão financeira, bem-estar doméstico, equidade e segurança alimentar, entre outros.
Em setores como mineração e transições energéticas, os órgãos de tomada de decisão são predominantemente dominados por homens. “Essa exclusão deixa as mulheres, povos indígenas e minorias de lado”, afirmou Andréia Coutinho Louback.
Dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), mostram que, no Brasil, no setor de energia, as mulheres representam apenas 11% da força de trabalho do setor privado e 9% dos cargos ministeriais. Além disso, o País ocupa o 129º lugar entre 186 países em termos de representação feminina no Congresso.
“Para enfrentar essas lacunas de gênero, é necessário adotar abordagens transformadoras que desmantelam barreiras normativas e estruturais, permitindo o pleno engajamento das mulheres em todos os níveis da ação climática, tanto no setor público quanto no privado”, explicou Mafalda Duarte, CEO dos CIFs.
Durante a fala, a secretária Tatiana Rosito reconheceu a importância de abordar as desigualdades de gênero no financiamento climático e reafirmou o compromisso de trabalhar para incorporar uma abordagem transversal de combate às desigualdades, inclusive de gênero, nas iniciativas de financiamento do Brasil junto aos bancos multilaterais e fundos climáticos.