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Teddy Riner derrota David Moura na final e chega a 152 lutas de invencibilidade
A invencibilidade que remonta ao ano de 2010 até pareceu ser ameaçada nesta terça-feira (08.10), último dia do Grand Slam de judô em Brasília. Dez vezes campeão mundial e bicampeão olímpico, Teddy Riner não encontrou uma chave fácil em seu caminho. Na busca por pontos importantes para uma recolocação no ranking mundial, depois de um longo período de fora do circuito, o francês, no entanto, exibiu mais uma vez a razão pela qual é conhecido como a lenda do judô. Desbancando os adversários e derrotando o brasileiro David Moura na final em apenas 18 segundos, Riner chegou a 152 vitórias consecutivas.
“Estou feliz. Hoje é um grande dia, mas é importante que eu tenha um grande dia assim para os Jogos Olímpicos porque eu quero a medalha de ouro. Eu não quero bronze ou prata. Quando você luta assim, acho que é bom para o futuro”, comenta o francês. Em julho deste ano, Riner marcou a volta às competições no Grand Prix de Montreal, quando teve dificuldades para superar o tcheco Lukas Krpalek, campeão olímpico (-100kg) e mundial (+100kg) na semifinal, em um duelo com seis minutos de golden score.
“Se você olhar o torneio do Canadá e o de agora, é diferente porque eu trabalhei muito, treinei muito”, compara. Ainda assim, Riner teve uma grande batalha logo na estreia em Brasília. Diante do japonês Kokoro Kageura, de 23 anos, prata no Grand Prix de Budapeste e bronze no Grand Slam de Paris neste ano, o bicampeão olímpico se viu novamente em um confronto com quase 10 minutos de duração no total (5min52s de golden score), definido com um waza-ari.
Na sequência, encontrou menos dificuldades para derrotar o russo Inal Tasoev, novamente por waza-ari, e o próprio Krpalek. A luta mais aguardada do torneio, embalada pelo silêncio de um público nervoso, acabou definida nas punições, com três shidos para o tcheco. Já na decisão, Riner encontrou o brasileiro David Moura, que havia superado Freddy Figueroa, do Equador, Yakiv Khammo, da Ucrânia, e o compatriota Rafael Silva. Foi necessário apenas encaixar o primeiro golpe para que o francês marcasse o ippon e levasse um novo ouro na carreira.
“Todos os dias em que pratico com o oponente em competição, eu aprendo. O treino e a competição são totalmente diferentes”, avalia Riner. Assim, e como ainda precisa de mais pontos para a classificação olímpica, o judoca avalia competir no Grand Slam de Abu Dhabi, em outubro, e no Open da Oceania, em Perth (Austrália), em novembro. Tudo pela meta de Tóquio 2020 e, quem sabe, de Paris 2024, para ter a oportunidade de encerrar a incontestável carreira dentro de casa, com a possibilidade de um inédito tetracampeonato olímpico.
“Eu quero terminar em Paris, mas primeiro o projeto é Tóquio. Depois, se meu corpo e minha mente estiverem bem, vou para Paris. E depois disso, nunca mais Teddy no judô”, avisa, rindo.
A vitória de Riner em cima de David Moura foi a quarta na história de quatro duelos entre os dois, de 2014 a 2019. “Ele é um grande atleta e o cara a ser batido. É sempre bom lutar com ele. Acredito que fico sempre mais próximo de vencer”, afirma David. Com a medalha de prata, o brasileiro conquistou pontos fundamentais na disputa interna pela vaga olímpica com Rafael Silva. “São pontos importantíssimos na corrida olímpica para conquistar a minha vaga. Acho que hoje foi um grande dia, digno de comemoração”, ressalta.
Antes do torneio de Brasília, Baby ocupava a quarta colocação no ranking, enquanto David era o sexto. “É uma competição que vale muitos pontos. Ir bem aqui seria bastante importante para mim. Estava na frente no ranking, provavelmente agora ele me passe, mas até o fim do ano tenho mais três competições para correr atrás do prejuízo”, afirma Rafael.
Baby venceu Rakan Zaidan, do Cazaquistão, e o romeno Vladut Simionescu, antes de ser derrotado na semifinal por David ao receber três shidos. Na disputa pelo bronze, foi superado pelo russo Inal Tasoev. “Não consegui ir tão bem, mas acho que o Brasil teve um ótimo desempenho e é muito importante a gente ter um evento dessa magnitude em casa. Estou bastante feliz com a seleção. Meu desempenho não foi tão bom, preciso voltar a fazer meu dever de casa, tratar dos meus machucados direitinho e voltar com força total”, avalia Baby, que sentiu dor no joelho, lesionado há duas semanas no Troféu Brasil.
Ainda no peso pesado, Juscelino Nascimento Jr. venceu o alemão Sven Heinle, antes de cair para Krpalek. Na repescagem, foi superado pelo russo Tasoev. Já Tiago Palmini foi eliminado na estreia, também por Tasoev. Krpalek levou o outro bronze da categoria.
Antes do torneio de Brasília, Baby ocupava a quarta colocação no ranking, enquanto David era o sexto. “É uma competição que vale muitos pontos. Ir bem aqui seria bastante importante para mim. Estava na frente no ranking, provavelmente agora ele me passe, mas até o fim do ano tenho mais três competições para correr atrás do prejuízo”, afirma Rafael.
Baby venceu Rakan Zaidan, do Cazaquistão, e o romeno Vladut Simionescu, antes de ser derrotado na semifinal por David ao receber três shidos. Na disputa pelo bronze, foi superado pelo russo Inal Tasoev. “Não consegui ir tão bem, mas acho que o Brasil teve um ótimo desempenho e é muito importante a gente ter um evento dessa magnitude em casa. Estou bastante feliz com a seleção. Meu desempenho não foi tão bom, preciso voltar a fazer meu dever de casa, tratar dos meus machucados direitinho e voltar com força total”, avalia Baby, que sentiu dor no joelho, lesionado há duas semanas no Troféu Brasil.
Ainda no peso pesado, Juscelino Nascimento Jr. venceu o alemão Sven Heinle, antes de cair para Krpalek. Na repescagem, foi superado pelo russo Tasoev. Já Tiago Palmini foi eliminado na estreia, também por Tasoev. Krpalek levou o outro bronze da categoria.
Primeiro ouro
No peso pesado feminino, o Brasil conseguiu colocar as duas principais atletas da categoria na decisão. Depois de vencer a alemã Renee Lucht e a francesa Julia Tolofua, Beatriz Souza encontrou Maria Suelen Altheman na final, de quem havia perdido nas quatro oportunidades que teve no passado. Nesta terça-feira, Bia conseguiu a primeira conquista em cima da compatriota e, de quebra, o primeiro ouro da carreira em um Grand Slam.
“É inexplicável. Isso está mostrando que estou no caminho certo e que todo o meu trabalho está dando resultado, mas tem muito chão pela frente ainda na briga pela vaga”, projeta. “Uma vitória sempre dá aquele ‘up’ na autoestima e na confiança. Agora é treinar para ficar ainda mais forte”, completa. Até a última atualização do ranking, Bia ocupava a oitava colocação, enquanto Suelen era a terceira.
Antes da final, Maria Suelen venceu por ippon a chinesa Yanan Jiang, e ainda superou, no golden score, uma luta dura com Rochele Nunes, brasileira que defende Portugal. “Um Grand Slam é sempre muito forte. Estou muito feliz, fiz a final com a Bia, que é do mesmo clube que eu (Pinheiros), e garantimos duas medalhas para o Brasil”, frisa.
As outras brasileiras no peso pesado, Sibilla Faccholli e Luiza Cruz, foram eliminadas na estreia, diante da alemã Jasmin Grabowski e da francesa Julia Tolofua, respectivamente. Os bronzes ficaram com Julia Tolofua e Rochele Nunes.
Prata para Buzacarini
Rafael Buzacarini conseguiu uma campanha praticamente perfeita em Brasília. Aplicou um ippon em Daniel Dichev, da Bulgária, e em Niiaz Bilalov, da Rússia, este já no golden score. Na semifinal, administrou a luta até que Ramadan Darwish, do Egito, sofresse três punições. Na decisão, contudo, não conseguiu anular o japonês Kentaro Iida, de 21 anos, que em fevereiro deste ano já havia conquistado o ouro no Grand Slam de Dusseldorf.
Ainda assim, o brasileiro comemorou a oportunidade de lutar novamente em casa, com o apoio do público. “É uma sensação incrível. Vivi isso também nas Olimpíadas, com a torcida vibrando e vindo junto. Consegui passar bem na chave e veio a medalha de prata, mas eu queria o ouro para tocar o Hino Nacional”, lamenta. Os bronzes ficaram com Kirill Denisov, da Rússia, e com Miklos Cirjenics, da Hungria.
Na mesma categoria, Leonardo Gonçalves estreou com vitória em cima do chileno Thomas Briceno, antes de ser imobilizado por Denisov. Na repescagem, perdeu para Cirjenics e não teve chance de lutar por medalha. Lucas Lima foi superado na segunda rodada pelo japonês Kentato Iida, enquanto André Humberto foi desclassificado pela arbitragem na estreia, sob a alegação de ter colocado em risco a integridade física do americano L.A Smith (EUA), que deixou o tatame sentindo o cotovelo.
Longe do pódio
O Brasil não avançou para o bloco das finais no -90kg (masculino) e no -78kg (feminino). Rafael Macedo estreou com vitória em cima do americano Colton Brown, mas em seguida foi imobilizado pelo sueco Marcus Nyman. Na repescagem, não conseguiu superar o italiano Nicholas Mungai. Já Clayanderson Silva, Eduardo Bettoni e Igor Morishigue não passaram da estreia.
O ouro ficou com o espanhol Nikoloz Sherazadishvili e a prata com o cubano Ivan Morales, repetindo o resultado do Mundial de Baku em 2018. Os bronzes foram para Mikail Ozerler, da Turquia, e Nemanja Majdov, da Sérvia.
Com a ausência da bicampeã mundial Mayra Aguiar, que sofreu uma lesão no joelho esquerdo no último treino para o Grand Slam, o meio pesado feminino brasileiro ficou longe do pódio. Samanta Soares estreou com vitória por waza-ari em cima da russa Antonina Shmeleva, mas, diante da britânica Natalie Powell, a brasileira tinha a vantagem de um waza-ari quando recebeu três punições. Na repescagem, perdeu para a francesa Audrey Tcheumeo, dona de uma prata e um bronze olímpicos, que havia sido derrotada pela alemã Anna Maria Wagner.
Na mesma categoria, Camila Ponce perdeu na estreia para Tcheumeo, enquanto Giovanna Fontes foi eliminada pela cubana Kaliema Antomarchi, que mais tarde faturaria a medalha de ouro. A prata ficou com Natalie Powell, e os bronzes foram para Anna Maria Wagner e Audrey Tcheumeo.
Balanço
Primeiro Grand Slam realizado no Brasil desde 2012, o torneio de Brasília rendeu 17 medalhas ao país: quatro de ouro, nove de prata e quatro de bronze, na liderança do quadro geral. Um resultado considerado muito positivo pela comissão técnica. “Foi bem acima do esperado. Em quatro Grand Slams deste ano, nós ganhamos ao todo 14 medalhas. Só neste ganhamos 17”, compara Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
O melhor resultado já alcançado pelo Brasil no torneio foi no Rio de Janeiro, em 2012, quando o país conquistou 34 medalhas, sendo cinco de ouro, 11 de prata e 18 de bronze. “Não dá para comparar o que foi lá e o que é aqui. O nível dos atletas que lá estavam era bem fraco. Hoje a competição estava muito forte”, afirma o dirigente. “Eu digo que as 17 medalhas conquistadas aqui foram muito superiores às 34 de lá”, completa.
O Grand Slam contou com R$ 2 milhões captados via Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Outros R$ 3 milhões vieram por emendas parlamentares. Além disso, entre os brasileiros inscritos, 36 são beneficiados pela Bolsa Atleta do Governo Federal. O investimento mensal no grupo é de R$ 133.275, totalizando quase R$ 1,6 milhão por ano.
Ana Cláudia Felizola – rededoesporte.gov.br