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Revelado pelo Segundo Tempo, jovem tenista marca primeiro ponto na ATP
Foto: João Pires/Site ITF
"Era a minha única oportunidade e eu consegui", define o brasiliense Paulo André Saraiva, de 17 anos, em relação ao seu primeiro ponto no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP), conquistado na vitória sobre o argentino Lorenzo Gagliardo por 2 sets a 0. O feito foi registrado durante a segunda etapa do Circuito Internacional de Tênis, em Brasília, no último dia 8.
A conquista nessa data pontual, contudo, é um emblema de duas características que já traçam toda a ainda curta carreira do atleta: oportunidade e superação. Filho de um pedreiro e uma diarista, e morador da periferia de Brasília, o jovem conheceu o tênis ainda na infância, no projeto social Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, para onde ia enquanto sua mãe trabalhava e não tinha com quem deixá-lo.
A princípio jogador de futebol, Paulo foi convidado para o tênis em 2007 por dois amigos, durante as aulas do Segundo Tempo realizadas no Grupamento de Fuzileiros Navais, no Setor de Clubes Norte, zona central de Brasília. O talento e a dedicação logo chamaram a atenção de Francisco José Souza, o professor Chico. "Paulo André era muito esforçado, diferente dos demais alunos. Logo passou da turma iniciante para a avançada. Ele era fora de série", comenta o técnico. Já o atleta se projetava no mestre. "Achei os movimentos do jogo de tênis muito bonitos. Queria ser igual ao professor Chico", lembra Paulo André.
Apostando no potencial do jovem, o técnico ajudou Paulo a encontrar um centro de treinamento. "Ele precisava de mais estrutura para treinar porque já se destacava", explica Chico. Assim, o atleta brasiliense conheceu Antônio Lindoso, técnico com quem treina desde os 12 anos no Centro de Treinamento Lindoso, no Setor de Clubes Sul. Por lá o esforço também foi notado. "Desde que começou a treinar, ele evoluiu muito. Aprimorou tanto a tática quanto o comprometimento com o esporte, além de adquirir disciplina", conta Lindoso. "Dava para ver que ele queria muito ser profissional, mas esbarrava em uma série de dificuldades, inclusive financeiras. E ele tem provado que consegue contornar e superar esses problemas", destaca o treinador.
Para chegar ao clube, Paulo André pega dois ônibus e ainda caminha por quase dois quilômetros. Depois de praticar por sete horas, troca a raquete pelo caderno e o lápis e vai para a escola, onde cursa o 3º ano do Ensino Médio. "Passar por dificuldades é o que me dá força para continuar quando estou em uma partida muito dura", analisa o tenista.
Paulo já liderou o ranking nacional nas categorias 16 e 18 anos. O convite para participar do Campeonato Internacional, onde registrou seu primeiro ponto na ATP, foi herdado de um amigo lesionado. Ainda neste ano, contudo, o calendário de competições é extenso, com sete torneios na Argentina e cinco no Brasil.
Paulo é um dos mais de 4 milhões de jovens, crianças e adolescentes beneficiados pelo Programa Segundo Tempo (PST) desde 2003. O projeto, desenvolvido pela Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Snelis), do Ministério do Esporte, tem o objetivo de promover o acesso à cultura e à prática do esporte educacional, sobretudo dos que se encontram em áreas de vulnerabilidade social. No edital do ano passado, foram criados 90 núcleos, o que representa cerca de 9,4 mil pessoas alcançadas. Ao longo de 15 anos, cerca de 2,3 mil cidades já foram atendidas.
Isabella Guerreiro – Ministério do Esporte