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Desporto Escolar
Com investimento de R$ 5,5 milhões do Governo Federal, Brasil brilha na Gymnasiade
Chegar aqui na França e ver que nosso esporte de base, na plataforma escolar, foi recuperado, ressurgiu, é muito gratificante. Isso é um legado de Estado, de País, de vocês"
Ronaldo Bento, ministro da Cidadania
Quarenta e cinco ouros, 45 pratas e 36 bronzes, num total de 126 medalhas. A delegação brasileira encerrou a Gymnasiade, na França, com uma campanha histórica e na vice-liderança do quadro geral de conquistas. O título ficou com os anfitriões, que somaram 130 pódios e 51 ouros. A competição esportiva escolar reuniu 3,4 mil atletas de 69 países e foi encerrada neste domingo, 22.05, na região da Normandia. A equipe nacional embarcou com 230 representantes de 22 Unidades Federativas e atuou em 20 modalidades. Dezenas são integrantes do Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do Governo Federal.
A maior delegação da história do país na competição viajou amparada por um Termo de Fomento de R$ 5,5 milhões do Ministério da Cidadania destinado à Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE). O ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, esteve no encerramento do megaevento. O secretário especial do Esporte do ministério, Marcelo Magalhães, acompanhou a competição.
“Chegar aqui na França e ver uma delegação deste tamanho, com 230 atletas e paratletas, mais a comissão técnica, sabendo que nosso esporte de base, na plataforma escolar, foi recuperado, ressurgiu, é muito gratificante”, afirmou Ronaldo Bento, diante de centenas de integrantes da delegação na Normandia. “Isso é um legado de Estado, de País, de vocês. A realidade é que não existe dinheiro público, existe dinheiro que o gestor administra, que vem do cidadão e tem que voltar para o cidadão. Tem de voltar para a sociedade, como a gente tem feito, com respeito a esse recurso de todos nós”, completou.
Em todo país do mundo que se preze, o esporte não começa no clube nem na academia, começa na escola”
Marcelo Magalhães, secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania
Segundo Ronaldo Bento, o investimento no esporte de base e escolar tem sido a tônica dessa gestão. “A gente apostou veementemente na inversão da pirâmide, por determinação do presidente da República”, citou Ronaldo Bento. Ele lembrou a retomada dos Jogos Escolares Brasileiros (JEB’s), em 2021, após um hiato de 17 anos, a modernização do Bolsa Atleta e a criação de uma categoria voltada para o esporte escolar no Auxílio Brasil como alguns dos destaques do período.
De acordo com o secretário Marcelo Magalhães, o país vive um novo patamar de qualidade e excelência no desporto escolar, com estrutura, suporte, investimento e busca por eventos de referência. “Este ano teremos o Sul-Americano Escolar, no fim do ano, aqui no Brasil, e em 2023 o Mundial Escolar Sub-15 também será aqui”, ressaltou. “Não faz sentido a gente não olhar com clareza para a plataforma do desporto escolar. Essa plataforma é o começo do esporte como um todo. Em todo país do mundo que se preze, o esporte não começa no clube nem na academia, começa na escola”.
O Brasil ainda saiu da competição com o troféu fairplay da Gymnasiade, premiação destinada à delegação considerada mais simpática e que recebe mais atenção dos demais participantes. "O Brasil, além de ser muito forte esportivamente, como demonstra nosso resultado expressivo, também é o mais querido. Isso significa que estamos cumprindo o papel de pregar a paz, a união, a tolerância, e de contribuir para a formação da cidadania desses jovens e para a construção de um mundo melhor", afirmou Antônio Hora Filho, presidente da CBDE.
Inspiração campeã
Ulianópolis é uma cidade de estimados 62 mil habitantes no interior do Pará, a cerca de 400km de Belém. Um município que não tem pista oficial de atletismo, mas que é o berço de um fundista que encantou a Normandia durante a Gymnasiade. É de Ulianópolis que surgiu Elias Santos, atleta de 17 anos e 1,82m que conquistou o ouro nos 800m rasos do atletismo.
É gratificante vir de uma cidade pequena, do interior, representar o Brasil num Mundial desse nível e sair com o título. É a primeira medalha de ouro do Pará no atletismo num evento desse patamar”
Elias Santos, ouro nos 800m livre
Integrante da categoria Internacional do Bolsa Atleta do Governo Federal, ele fechou os 800m em 1min50s38, melhor marca de sua carreira, que já inclui títulos nacionais Sub-18 e ouro sul-americano em revezamento. O tempo valeu índice para o Mundial Sub-20, que será em Cali, na Colômbia, no segundo semestre.
“É gratificante vir de uma cidade pequena, do interior, representar o Brasil num Mundial desse nível e sair com o título. É a primeira medalha de ouro do Pará no atletismo num evento desse patamar”, orgulhou-se o fundista, que foi um dos porta-bandeiras da delegação na cerimônia de abertura.
As primeiras passadas vieram cedo, por volta dos seis anos, influenciado pelos pais, também esportistas. Elias treina usualmente num circuito de mil metros na praça central de sua cidade, e não titubeia quando alguém pergunta de sua inspiração e exemplo.
Desde fevereiro, quando ele me procurou, tenho acompanhado as competições dele. É um garoto extrovertido, confiante, dedicado e cheio de vontade de melhorar. Tenho o maior prazer de ajudar de alguma forma”
Joaquim Cruz, campeão olímpico nos 800m nos Jogos de 1984, em Los Angeles
“O Joaquim Cruz é minha inspiração. Ontem, minha final foi baseada na estratégia dele no ouro que ele conquistou nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Fiz os primeiros 400m no pelotão e guardei tudo para os últimos 200m. Deslanchei nos 120 metros finais e cheguei inteiro, fazendo dancinha”, disse o fundista, que ainda integrará o revezamento brasileiro.
Elias teve uma surpresa inesperada quando voltou ao hotel. “Tinha uma mensagem de Whatsapp do Joaquim Cruz me dando os parabéns pelo resultado. Fiquei até meio sem ação. Foi sensacional”, afirmou.
Consultado pela reportagem, o campeão olímpico não mediu elogios ao novo talento. “O Elias me enviou uma mensagem em fevereiro para se apresentar e perguntar se poderíamos falar. Liguei, conversei com ele e o pai dele. Desde então, tenho acompanhado as competições dele. É um garoto extrovertido, confiante, dedicado e cheio de vontade de melhorar no dia de amanhã. Tenho o maior prazer de ajudar de alguma forma”, disse Joaquim Cruz.
Elias Santos logo depois de conquistar o título dos 800m na Gymnasiade. Foto: Jorge Henrique/ CBDE |
200m de ouro de Tainara
Uma trilha similar à de Elias foi cumprida na Normandia pela catarinense Tainara Mees, uma velocista especialista nos 100m que retorna ao Brasil com o ouro numa prova em torno da qual não tinha grandes expectativas: os 200m.
“Quando fiz a seletiva em Aracaju para vir à Gymnasiade, só participei dos 100m. Não fiz os 200m porque estava lesionada. Mas aqui surgiu a oportunidade de fazer os 200m. Fiz e conquistei o ouro com meu melhor tempo na carreira: 24s12”, celebrou a catarinense de Itapiranga, no extremo oeste do estado. O resultado também valeu para ela o índice para disputar o Mundial Sub-20 de Cali, na Colômbia.
Vai chegando um patamar no atletismo em que a gente não consegue fazer só por amor. Há custos de viagem, de competição, de material esportivo. Meu treinador sempre fala: ‘Um grande atleta tem de ir às grandes competições’. Nesse sentido, o Bolsa Atleta é perfeito”
Tainara Mees, ouro nos 200m livre na Gymnasiade
O ouro foi uma fração da trajetória de Tainara. Ela ainda volta da França com duas pratas na bagagem, nos 100m e no 4 x 100m. “Não gostei tanto da minha performance nos 100m. Minha característica principal é a explosão na saída do bloco. Não acertei bem na final, mas fiquei feliz demais com o ouro e as duas pratas”, comentou. Na prova de revezamento, a atleta de 17 anos e 1,80m fez a última perna da corrida.
Integrante da categoria Internacional da Bolsa Atleta do Governo Federal, Tainara avalia que o programa de patrocínio individual é indispensável, principalmente a partir do instante em que o atleta cruza a fronteira da paixão pela prática esportiva para o alto rendimento.
“Vai chegando um patamar no atletismo em que a gente não consegue fazer só por amor. Há custos de viagem, de competição, de material esportivo. Meu treinador sempre fala: ‘Um grande atleta tem de ir às grandes competições’. Nesse sentido, o Bolsa Atleta é perfeito”.
Segundo a velocista, a performance do Brasil na Gymnasiade tem chamado a atenção dos outros países para o trabalho feito na base escolar. “O Brasil tem sido referência aqui. Muitos param para ver os nossos atletas competindo. Nosso esporte de base vem forte. Em quase todas as provas há um medalhista”, comentou.
Para ela, tão importante quanto competir é a oportunidade de viajar, conhecer outras referências técnicas e táticas e viver as diferenças culturais que marcam um megaevento com tantas nações reunidas. “Não tem coisa melhor que representar o Brasil numa competição grande e viver essas experiências. Meu sonho sempre foi estar em um Mundial. Hoje estou aqui e consegui um título. Vai certamente ficar marcado na minha história”, concluiu.
Assessoria de Comunicação – Ministério da Cidadania