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ESD promove simpósio para debater uma “Grande Estratégia para o Brasil”
A Escola Superior de Defesa (ESD), juntamente com a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e o Centro de Estudos Estratégicos do Exército (CEEEx), realizou, ao longo da quinta-feira (23), o Simpósio “O Futuro no presente: por uma Grande Estratégia para o Brasil”. O evento teve como objetivo promover o debate acerca da importância de uma grande Estratégia para o país, considerando elementos que ressaltam o potencial do Brasil.
Participaram da cerimônia de abertura o Comandante da ESD, Vice-Almirante Paulo Renato Rohwer Santos; a Presidente da FUNAG, Embaixadora Márcia Loureiro; e o Chefe da 7ª Subchefia do Estado-Maior do Exército, General de Brigada Fernando Bartolomeu Fernandes.
O evento contou com três mesas de debates: A agenda global e os desafios para uma Grande Estratégia; Planejamento estratégico em um Projeto de Estado; e Agendas para uma Grande Estratégia brasileira: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Geoeconomia e Tecnologia, Defesa e Política Externa.
A primeira mesa teve como moderador o Coronel Oscar Filho, do CEEEx, e como debatedores o embaixador Rubens Barbosa e o professor doutor Gunther Rudzit. Para o embaixador, o Brasil precisa ampliar seu alcance na política externa e reestabelecer sua voz no mundo. Ainda, segundo ele, o conceito de Defesa deveria ser analisado de forma mais abrangente, extrapolando o âmbito militar. “A vantagem de uma percepção mais ampla de segurança e Defesa responderia aos desafios da projeção do país no contexto internacional e colocaria o Brasil em melhor posição na defesa de seus interesses”, destacou.
Na segunda mesa, as professoras doutoras Elaine Coutinho Marcial e Leany Barreiros de Sousa Lemos falaram sobre o “Planejamento estratégico em um Projeto de Estado”. O Ministro Almir Lima Nascimento, Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), atuou como moderador do debate. Em sua explanação, a professora Elaine realizou um diagnóstico com relação à formulação da estratégia de longo prazo no pais. “Minha conclusão foi a de que o país nunca teve uma formulação de estratégia de longo prazo, tivemos apenas tentativas. Para pensar em uma estratégia de longo prazo, precisamos pensar em, no mínimo, 20 anos”, destacou. Ainda, segundo ela, o Brasil tem uma visão "curtoprazista", provavelmente, por motivos como: um longo período de inflação, falta de cultura de longo prazo, velocidade da informação e hiperinformação.
O processo de formulação de estratégia de longo prazo, para a professora, precisa ser feito com base em cenários. “Para realizar a formulação de estratégia a longo prazo, é necessário contarmos com o processo participativo, ter a mente aberta e criativa. Além disso, é fundamental trazermos para a mesa pessoas que pensam diferente. Respeito ao contraditório e abertura para a mudança do modelo mental é o que vai nos ajudar a termos uma estratégia de longo prazo”, destacou.
Por fim, a terceira mesa, mediada pela Tenente-Coronel Selma Gonzales, da ESD, contou com a participação do Embaixador Everton Vargas e dos professores doutores Jean Santos Lima e Alcides Costa Vaz. Eles falaram sobre as agendas para uma Grande Estratégia. Nessa mesa, o foco da discussão foi trazer temas como: meio ambiente e desenvolvimento sustentável, geoeconomia e a tecnologia, Defesa Nacional e política externa. O objetivo foi levar luzes sobre as fragilidades, potencialidade e possíveis caminhos para a reafirmação do Brasil, um país reconhecido pela sua geopolítica no sistema internacional.
A Grande Estratégia
Não há, na literatura internacional, consenso sobre o significado de Grande Estratégia. Não obstante, pode-se afirmar que se refere a um tema relacionado ao trato dos interesses nacionais sob a perspectiva estratégica. No contexto de uma Grande Estratégica, vislumbram-se três grandes aspectos: o primeiro se refere à ideia de um “Plano Estratégico”, ou seja, uma espécie de política nacional desenhada com base no diálogo entre as instituições do Estado e a sociedade civil. Já o segundo, refere-se à “Cultura Estratégica” de uma nação que, em linhas gerais, trata da capacidade de, como coletividade, criar amálgama em torno de um projeto comum de longo prazo.
Por fim, o terceiro aspecto aborda algumas das variáveis capazes de moldar a “Postura Estratégica”: o posicionamento nacional em relação aos demais atores da arena externa na consecução dos interesses do país.
Pensando, especificamente, no Brasil, parece ser consenso entre os estudiosos do tema a necessidade de se avançar na construção de uma Grande Estratégia Nacional que envolva a sociedade brasileira na discussão de um pensamento estratégico, em suas múltiplas dimensões: desde a pesquisa científico-tecnológica passando, entre outras, por questões financeiras, comerciais, demográficas, militares e de desenvolvimento.
Nesse sentido, o Simpósio trouxe reflexões em torno da importância de uma Grande Estratégia como elemento balizador de processos de tomada de decisão em um continuo temporal duradouro.
Lançamento do Caderno de Estudos Estratégicos
Em 2022, a Escola Superior de Defesa realizou um Simpósio de Geopolítica Polar. Fruto do evento, foi criado um caderno que traz os textos das palestras abordadas no simpósio, intitulado "O Caderno de Estudos Estratégicos: pensamento geopolítico polar brasileiro no horizonte de uma grande Estratégia Nacional". A obra, que também foi realizada em parceria entre a ESD, FUNAG e CEEEx, foi lançada ao fim do evento, na tarde desta quinta-feira (23).
Com 68 páginas, traz temas como: a importância de uma grande estratégia; o Brasil e o Ártico; o pensamento polar brasileiro e a Defesa Nacional. Acesse AQUI o Caderno de Estudos Estratégicos .