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Artesanato cearense movimentou R$ 3,8 milhões em 2022
Na comunidade do Cabreiro, em Aracati, a 150 quilômetros da Capital, a maior parte das mulheres começou a trançar a palha com suas mães e avós. É lá que há quase dez anos funciona a Associação dos Moradores do Serrote e Adjacências com 85 artesãos que produzem bolsas, sousplats, boleiras, cestos e diversos objetos do trançado da palha de carnaúba.
“Sempre que vamos expor em alguma feira ou evento saímos com mais contatos para encomendas e parcerias e isso já nos levou muito longe, mais do que imaginávamos”, conta a presidente da associação, Maria Helena Angelino, também conhecida como Boba. A criatividade, o colorido e a inovação dos artesãos do grupo é reconhecida no Estado e em outros lugares do Brasil, como Brasília, São Paulo e Minas Gerais, e até na Europa.
As artesãs da Associação estão entre as mais de 12,7 mil pessoas beneficiadas, em 2022, com a venda de artesanato cearense em feiras e eventos e nas lojas da Central de Artesanato do Ceará (CeArt). As vendas totalizaram R$ 3.825.757,97, um aumento de 66% com relação a 2021, quando somou R$ 2.298.081,12. No ano passado, foram 108 eventos promovidos ou que contaram com o apoio da Central, no Estado e no País, além da abertura de três lojas, uma no Shopping Rio Mar Fortaleza e duas em Juazeiro do Norte. A CeArt é uma ferramenta da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) que trabalha o artesanato cearense como uma política de geração de emprego e renda a partir de saberes tradicionais.
“Avalio 2022 como um ano bastante positivo para artesanato cearense. Retomamos um crescimento, após um período bem difícil para o setor, que foi a pandemia do coronavírus e realizamos abertura de novos pontos comerciais e atualização do layout das lojas, assim como garantimos a participação do Ceará em feiras estaduais e nacionais”, ressalta a titular da SPS, Onélia Santana.
Em 2022, com apoio da CeArt, o grupo de Aracati esteve em feiras de Belo Horizonte, Recife, na 4ª Feira Nacional de Arte e Cultura do Ceará (Fenacce) e 62ª FeirArt, ambas em Fortaleza. “Além das feiras, participamos de rodada de negócios, com apoio da Central, e isso nos ajudou bastante. Temos muito orgulho de estarmos em lojas no aeroporto de Fortaleza e em shoppings, porque os visitantes veem nossos produtos bem expostos, em um espaço bonito, e entram em contato, fazem encomendas. Para nossa comunidade é um apoio fundamental para nos mantermos trabalhando e gerando renda”, destaca Maria Helena.
Capacitação e Inovação
Artesão da comunidade do Carqueijo, em Mucambo (CE), a 260 quilômetros da capital, Gilmar Martins, 40, trabalha desde os 20 anos com tecelagem. Hoje, ele preside a Associação de Artesãos do Carqueijo, criada em 1997, e que conta com 35 artesãos da localidade. “Nosso grupo alavancou em 2020 quando assumiu a responsabilidade de desenvolver novas peças com a CeArt. A partir de então, participamos de grandes feiras e atendemos lojas de rede de atacado”, conta.
Para a Associação, 2022 foi um ano muito importante, tanto para a comercialização quanto para a inovação, com o desenvolvimento de uma nova coleção que homenageia os indígenas tupinambás, a partir do Projeto de Inovação e Aperfeiçoamento e Reciclagem da Técnica Artesanal da CeArt. “Foi com essa coleção que participamos da 4ª Fenacce, no estande do Ceará. Obtivemos um resultado muito bom nas vendas, além de novas encomendas. Somos muito gratos a esse trabalho que gera emprego e renda para nossa comunidade e a gente fica muito feliz com esse apoio na comercialização e nos cursos de inovação apoiados pela CeArt”, avalia o artesão. No ano passado, os cursos de capacitação e assessoramento da CeArt beneficiaram 6,5 mil artesãos do Estado.
“Essas capacitações e assessoramentos melhoram a qualidade, inovação e consequentemente a competitividade dos grupos artesanais do Estado nos mercados nacional e internacional”, explica a coordenadora de Desenvolvimento do Artesanato, Patrícia Liebmann.
Por meio da CeArt, o artesão tem acesso a serviços como cadastro para emissão de identidade artesanal, que garante isenção no Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); cursos e oficinas de qualificação, inovação e gestão, além de participação em feiras e eventos. A CeArt promove a compra direta dos artesãos e a comercialização dos produtos certificados com o Selo CeArt. Tudo isso contribui para a sustentabilidade, competitividade e melhoria de renda e qualidade de vida do artesão, principalmente de mulheres.
Fonte: https://ootimista.com.br/panorama/artesanato-cearense-movimentou-r-38-milhoes-em-2022/