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TRIBUTOS
Arrecadação federal de agosto aponta para continuidade da retomada econômica
Pelo 25º mês consecutivo, a arrecadação federal ficou acima das estimativas feitas pelos analistas de mercado. E, segundo o Prisma Fiscal, administrado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia (ME), as projeções continuam a indicar expectativas de continuidade da retomada da atividade econômica. Esse é o principal destaque da análise Conjuntura Macroeconômica e Arrecadação Bruta de Tributos Federais, feita pela SPE e divulgada nesta terça-feira (27/9) em entrevista coletiva realizada pela Receita Federal.
A arrecadação de agosto foi 3,6% superior ao projetado pelo mercado, e a diferença absoluta média nos últimos 12 meses está em 8%, informa a SPE. A arrecadação reflete também outros indicadores que apontam para a recuperação do nível de atividade econômica, destaca a Secretaria.
O Prisma Fiscal é um sistema de coleta de expectativas de mercado elaborado pela SPE para acompanhar a evolução das principais variáveis fiscais brasileiras, o que faz dele uma ferramenta para o aprimoramento dos estudos fiscais no país. Esse sistema facilita ainda o controle social a partir de uma ancoragem das expectativas em relação ao desempenho dessas variáveis fiscais (arrecadação total das receitas federais, receita líquida do governo central, despesa total do governo central, resultado primário do Governo Central e dívida bruta do Governo Geral).
Conjuntura econômica
A análise sobre os impactos da conjuntura econômica na arrecadação federal de agosto – apresentada pelo coordenador-geral de Modelos e Projeções Econômico-Fiscais da SPE, Sergio Gadelha – leva em conta estatísticas setoriais e de mercado de trabalho relevantes do mês de julho. Começando com o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, que é proxy mensal do Produto Interno Bruto (PIB) e registrou avanço de 1,2% em julho. O resultado indica que a atividade econômica tem apresentado bom desempenho no terceiro trimestre.
Na passagem de junho para julho, as vendas no varejo recuaram 0,8%, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na terceira queda seguida após meses de alta. Isso demonstra a retomada da trajetória regular desde o início do período mais grave da economia, segundo o IBGE. Também pode ser reflexo dos efeitos defasados da política monetária sobre o consumo, pois o varejo associado ao crédito teve uma queda maior do que o varejo associado à renda.
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE mostrou que o volume de serviços prestados no país cresceu 1,1% em julho, no terceiro resultado positivo seguido, acumulando ganho de 2,4%. Com esse resultado, o setor se encontra 8,9% acima do patamar pré-pandemia e 1,8% abaixo do seu nível mais alto, atingido em novembro de 2014. Essa retomada, segundo a SPE, é significativa e está ligada aos serviços prestados às famílias e às empresas, como Tecnologia da Informação e transporte de cargas, que alcançaram em julho os pontos mais altos de suas séries históricas.
Também houve avanço na produção industrial, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM/IBGE), com variação positiva de 0,6% de junho para julho, voltando a crescer após uma queda de 0,3% no mês anterior. A SPE nota que, ao longo de 2022, o setor industrial vem mostrando uma maior frequência de resultados positivos, com cinco meses de crescimento em sete oportunidades. Isso é reflexo das medidas governamentais de estímulo, que ajudam a explicar a melhora no ritmo da produção. Como a atividade industrial tem mostrado sinais de retomada no início do terceiro trimestre, em meio à redução dos gargalos logísticos, a SPE avalia que a recomposição de estoques pode ganhar força nos próximos meses.
Aumento da confiança
A SPE destaca, ainda, o comportamento dos indicadores de confiança da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), na passagem de julho para agosto, com avanço de 4,1 pontos na margem para o Índice de Confiança do Consumidor, que atingiu o maior patamar do ano, refletindo a melhora do trabalho e a desaceleração da inflação.
O Índice de Confiança de Serviços recuou 0,2 ponto – atingindo 100,7 pontos – após cinco meses de alta. Já o Índice de Confiança do Comércio reverteu a queda do mês anterior e cresceu 4,3 pontos em agosto, para 99,4 pontos.
O Índice de Confiança da Indústria avançou 0,8 ponto em agosto, para 100,3 pontos, também revertendo queda observada em julho e apontando para uma dinâmica positiva no curto prazo. Na Construção Civil, a confiança empresarial também avançou em agosto, em alta de 1,4 ponto, para 98,2 pontos, o maior nível desde dezembro de 2013. Para a SPE, esse resultado refletiu a melhora da percepção dos empresários tanto sobre a situação atual como sobre as expectativas para os próximos meses, especialmente no segmento de edificações residenciais.
A Secretaria também mostra que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aumentou dois pontos em agosto, para 59,8 pontos, colocando a confiança no setor industrial no maior patamar desde agosto de 2021. Melhora similar tem sido observada no Índice de Confiança do Empresário Industrial medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Recuperação do trabalho
Sobre o mercado de trabalho, a análise da SPE aponta que a recuperação seguiu em curso no início do terceiro trimestre, com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE, indicando que a taxa de desemprego – ou taxa de desocupação – permanece em queda e chega a 9,1% no trimestre encerrado em julho. Já o contingente de pessoas ocupadas foi de 98,7 milhões, um recorde da série histórica.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), por sua vez, revelou um ritmo de criação de empregos formais em patamar ainda elevado no início do terceiro trimestre, com a abertura líquida de 219 mil vagas de trabalho formal em julho. Novamente, houve criação de vagas em todos os setores da economia, com destaque para os empregos na indústria e na construção civil.
Indústria de Transformação
A SPE também aponta os dados da Indústria de Transformação sobre faturamento, emprego e rendimento, em julho, como indicadores que confirmam a continuidade da retomada econômica. O faturamento real, por exemplo, cresceu pelo terceiro mês consecutivo, subindo 1% em relação a junho (sem efeitos sazonais), alcançando o maior valor de 2022. A Secretaria salienta que o faturamento se encontra em alta desde novembro do ano passado, conforme dados da CNI.
As horas trabalhadas na produção tiveram pouca variação (-0,1%) em julho, o que pode ser interpretado como estabilidade em relação a junho, mas, ainda assim, se mantiveram em patamar elevado. Em comparação a julho de 2021, o crescimento é de 3%.
Já o setor automotivo manteve sua trajetória de recuperação em agosto, de forma gradual. Os emplacamentos de veículos atingiram 208,5 mil unidades, segundo Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O desempenho foi influenciado pelas vendas diretas, que têm compensado a desaceleração das vendas no varejo.
Assista a íntegra da entrevista coletiva da Arrecadação de Agosto de 2022