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CENÁRIO
Ministério da Economia apresenta nova grade de parâmetros macroeconômicos
A nova grade de parâmetros macroeconômicos foi divulgada nesta quinta-feira (17/3) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia (ME). O crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) foi estimado em 1,5% em 2022 (ante 2,1%, na grade anterior) e em 2,5% para 2023. O crescimento do emprego e dos investimentos sustenta as projeções. Os números constam do Boletim MacroFiscal e do Panorama Macroeconômico , ambos produzidos pela SPE e apresentados em entrevista coletiva virtual com a participação de autoridades da Pasta.
O titular da SPE, Pedro Calhman, apresentou os critérios utilizados para a revisão das projeções, detalhando os fatores que levaram à revisão da estimativa para o PIB de 2022. Calhman citou que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recentemente revisou a série história do PIB e que o crescimento do nível de atividade ao final de 2021 ficou um pouco abaixo do projetado.
“Esses fatores reduziram o carrego estatístico [ carry over ] para o PIB de 2022”, declarou. Em relação ao futuro, Calhman disse que a expectativa para o crescimento global tem caído – embora ainda esteja elevado – e as condições financeiras estão mais restritivas. “Ambos os fatores foram agravados pela guerra na Ucrânia, que impactou nossas projeções. Porém, olhando para a frente, os fundamentos que sustentam a nossa projeção de crescimento do PIB em 2022 continuam presentes”, afirmou.
Há também um conjunto de fatores positivos que que vão impulsionar o crescimento em 2022, lembrou o secretário. “Primeiro, a recuperação do setor de serviços, com o reaquecimento [ após a fase mais aguda ] da pandemia; a contínua melhora do mercado de trabalho; o investimento privado e o investimento em parceria com o setor público; e a continuação do processo de consolidação fiscal e reformas pró-mercado”, enfatizou Calhman. Ao pontuar que as taxas de emprego já retornaram a patamares pré-pandemia, o secretário destacou, ainda, a alta dos níveis de investimentos e da taxa de poupança internos.
“O setor de serviços está no maior nível desde 2015”, reforçou o subsecretário de Política Macroeconômica da SPE, Fausto Vieira. Ele apontou que o comércio cresceu em janeiro e a indústria apresenta acomodação no nível de atividade no começo do primeiro trimestre de 2022. Vieira ressaltou que o conjunto de fatores analisados pela SPE solidificam a perspectiva de crescimento do PIB em 1,5% em 2022.
Inflação
As projeções inflacionárias também foram revisadas em relação à grade presente no Boletim MacroFiscal anterior , de novembro de 2021. A estimativa de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022 agora é de 6,55% (ante 4,7%, na grade anterior). A nova estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi revista para de 6,7% (ante projeção anterior de 4,25%). Para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), a nova grade de parâmetros projeta variação de 10,01% este ano (ante 5,42%, na estimativa anterior).
“A inflação alta é um fenômeno global”, afirmou Calhman, ao lembrar que a situação do Brasil é melhor que a de muitos países. Ao se analisar a série histórica de cada país, nota-se que “os Estados Unidos estão com a maior inflação ao consumidor desde janeiro de 1982”, ressaltou. Reino Unido, Canadá, Alemanha, Itália, México, Turquia, França, Austrália e Coreia do Sul são outros países que estão enfrentando pressões inflacionárias internas proporcionalmente mais fortes que o Brasil. “O fator comum nesse aumento da inflação global é o aumento dos preços das commodities ”, explicou o titular da SPE.
Consolidação fiscal
Na abertura da entrevista, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, destacou que a atualização da grade de parâmetros ocorre sob um cenário de forte consolidação fiscal – fator essencial para a melhora das perspectivas de médio e longo prazo sobre o comportamento da economia brasileira.
“É importante que a gente continue nessa trajetória de consolidação fiscal para que o país alcance um cenário amigável de médio e longo prazos para o investimento, para que o país possa trilhar o caminho do crescimento sustentado”, disse Colnago. Ele pontuou que o resultado primário foi “zerado” – revertendo situação de anos sob déficit e registrando no ano passado o melhor resultado desde 2014 – , com expectativas para a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) em queda, convergindo para 80% do PIB, entre outros indicadores positivos.
“A nossa política econômica, do primeiro ao último dia de governo, é o binômio econômico consolidação fiscal e reforma pró-mercado”, afirmou o chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do ME, Adolfo Sachsida. Segundo ele, o Brasil realizou um dos mais bem-sucedidos ajustes fiscais em todo o mundo, desde 1981. Foi esse processo de melhora da saúde das contas públicas que permitiu ao país registrar crescimento do PIB em 4,6% em 2021, ressaltou o assessor especial. “O que se mostrou uma grande vitória e acerto da política econômica comandada pelo ministro Paulo Guedes, com apoio do presidente Jair Bolsonaro”, completou.
“As diretrizes fiscais da política econômica permanecem as mesmas que eram antes da pandemia, da prova de fogo que passamos recentemente. Essas mesmas diretrizes vão continuar agora. Mesmo com as pressões fiscais, orçamentárias, não houve abandono dessas diretrizes, pelo contrário”, afirmou o subsecretário de Política Fiscal da SPE, Bernardo Andrade, salientando a melhora do resultado primário do governo central e a sucessiva redução dos gastos do governo em relação ao PIB, desde 2019: “O alvo não é só gastar menos, mas ser mais eficiente e acreditar que o grande motor da economia não é governo, mas os empreendedores, a população, os trabalhadores”.
Reformas
Sachsida também mencionou a importância das reformas pró-mercado, ao alertar a respeito do conjunto de medidas anunciadas recentemente de estímulo à economia e de novas ações a serem apresentadas nos próximos dias para fortalecer os mercados de crédito e de capitais. “Reformas microeconômicas importam. Se assemelham a socos na linha da cintura em uma luta de boxe; vão minando a ineficiência. As reformas microeconômicas, com o passar do tempo, vão mostrando cada vez mais sua força”, declarou. Todo esse ambiente de constante modernização e cuidado com as contas públicas tornam o Brasil, atualmente, o porto seguro global para novos investimentos, enfatizou o chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos.
“Agora nos confrontamos com o cenário de guerra. O que estamos fazendo? A mesma estratégia de política econômica que adotamos na pandemia, baseada em faseamento das respostas”, apontou Sachsida, ao ressaltar que grande parte das medidas ajuda o país e a população, mas sem comprometer o lado fiscal. “Obviamente estamos, de novo, em um ano desafiador, mas sob forte esforço fiscal do governo, do presidente Jair Bolsonaro”, citou o secretário especial.
Atribuição
A Secretaria de Política Econômica tem a atribuição de estimar parâmetros utilizados na elaboração do Projeto de Lei Orçamentária da União. A grade compreende a previsão de diversas variáveis macroeconômicas, como variação real e nominal do PIB, inflação (IPCA, INPC e IGP-DI), taxa de juros Selic e TJLP, taxa de câmbio, massa salarial dos empregados com carteira, produção e preço da indústria de transformação e de alguns dos seus setores, volume de importações, valor de aplicações financeiras e preço de combustíveis. De posse desse cenário-base, os formuladores do orçamento podem estimar com mais precisão as receitas e despesas do governo federal, contribuindo para um orçamento com equilíbrio fiscal, melhor alocação de despesas e maior previsibilidade arrecadatória.
Coletiva
Participaram da entrevista o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago; o chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos, Adolfo Sachsida; o secretário de Política Econômica, Pedro Calhman; o subsecretário de Política Macroeconômica da SPE, Fausto Vieira; e o subsecretário de Política Fiscal da SPE, Bernardo Andrade.
Confira a entrevista coletiva: