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POLÍTICA ECONÔMICA
Saque Extraordinário do FGTS ajudará população de baixa renda a quitar contas atrasadas
O Saque Extraordinário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vai beneficiar ao menos 100 mil famílias endividadas na Grande São Paulo, permitindo que esses trabalhares usem seus recursos para melhorar sua situação financeira. A avaliação consta de Nota Informativa da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia (ME) divulgada nesta quinta-feira (5/5). As estimativas foram elaboradas a partir de dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A SPE lembra que o objetivo do Saque Extraordinário é facilitar o acesso dos trabalhadores, sobretudo os de menor renda, aos recursos que pertencem aos próprios trabalhadores. Além disso, o trabalho aponta que quanto menor a renda, maior será o impacto potencial do acesso a esse recurso do FGTS para pagamento de dívidas.
Dados do Serasa, compilados pela SPE, mostram que o total das dívidas atingiu R$ 263 bilhões em fevereiro de 2022, superando em R$ 4 bilhões o montante registrado no pico da pandemia, em 2020. O valor médio por inadimplente é de R$ 4 mil, sendo que a média de cada dívida é de R$ 1.190. Recentemente, no programa “Serasa Limpa Nome” de 2022, o valor médio dos acordos fechados foi de R$ 495. Os principais atrasos referiam-se a banco ou cartão de crédito (28,6% do total); contas básicas, como água, luz, gás (23,2%); e varejo (12,5%).
A SPE destaca, ainda, o número de trabalhadores que poderão ser beneficiados com o Saque Extraordinário. As estimativas mostram que 42 milhões de brasileiros têm contas ativas no FGTS. Desse total, 45,5% têm saldo até R$ 1.000; 31,9% até R$ 5.000; 17,0% até R$ 20.000 e 5,6% acima desse valor.
Vantagens
A SPE também faz uma simulação para mostrar o quão vantajoso pode ser para o trabalhador utilizar os recursos do Saque Extraordinário do FGTS para quitar eventual endividamento. Atualmente a taxa de juros média do crédito pessoal não consignado (sem garantias) é de 5,01% mensal, o que representa quase 80% na taxa anual. Já a taxa de juros média de um crédito consignado para o setor privado é de 2,56% ao mês, ou 35% ao ano.
Ao se fazer uma estimativa de crédito de R$ 1.000 (valor máximo do Saque Extraordinário) para três anos, no crédito pessoal (não consignado) o trabalhador pagaria cerca de R$ 61 de prestação. Seria um custo de R$ 726 ao longo de 12 meses e de R$ 2.179 ao final de três anos. No consignado privado, esse custo total seria de R$ 1.543. Com o Saque Extraordinário, os trabalhadores podem utilizar o valor sem ter de arcar com custos de financiamento.
Sob o lado macroeconômico da medida, a SPE enfatiza que o Saque Extraordinário não constitui política fiscal expansionista e não tem propósito de estimular a demanda agregada e o consumo.
O objetivo do Saque Extraordinário como medida de política econômica é correção da má alocação de recursos na economia, constituindo uma política pelo lado da oferta, alerta a SPE. “Muitas famílias estão endividadas e provavelmente usarão esse recurso extra para sanear os seus orçamentos, o que gera uma situação econômica mais saudável para essas famílias e para a economia como um todo”, destaca a nota.