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BALANÇA COMERCIAL
Comércio exterior brasileiro bate recorde de corrente, superávit e exportações em 2021
Os números do comércio exterior brasileiro fecharam o ano de 2021 apontando uma corrente de comércio (soma de exportações e importações) recorde de US$ 499,8 bilhões e saldo com superávit – também recorde – de US$ 61 bilhões. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, divulgados nesta segunda-feira (3/1), houve recorde nas exportações, com US$ 280,4 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 219,4 bilhões, no quinto melhor resultado da série histórica, iniciada em 1989.
A corrente de comércio cresceu 35,8% em relação ao ano anterior e superou o recorde de US$ 481,6 bilhões de 2011. O saldo comercial subiu 21,1% em relação ao de 2020 e ficou acima do recorde de US$ 56 bilhões de 2017. Nas exportações, o aumento foi de 34% em relação ao ano anterior, deixando para trás o recorde de US$ 253,7 bilhões de 2011. Já as importações subiram 38,2% em relação a 2020 e tiveram o maior resultado desde 2014, quando ficaram em US$ 230,8 bilhões. O recorde de valor importado foi o de 2013, de US$ 241,5 bilhões.
Veja os principais resultados da Balança Comercial
O secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, destacou a recuperação da economia mundial como resultado do aumento da cobertura vacinal e de estímulos fiscais – fatores que influenciaram o desempenho da balança brasileira. Essa recuperação da demanda foi acompanhada de gargalos de oferta em vários setores, pressionando os preços de várias commodities .
Neste cenário de preços mais altos de commodities , de acordo com Ferraz, países como o Brasil tiveram suas exportações impulsionadas em nível recorde, com ganhos de bem-estar provenientes da melhora dos termos de troca. “Isso quer dizer que o preço médio das nossas exportações cresceu mais do que o preço médio das importações”, explicou.
Exportações
Da parte das exportações, a Secex registrou o crescimento de preços (+28,3%) e de quantidades exportadas (+3,5%). As vendas externas aumentaram principalmente para os Estados Unidos (+44,9%), Mercosul (+37%), Associação de Nações do Sudeste Asiático/Asean (+36,8%), União Europeia (+32,1%) e China (+28%).
Lucas Ferraz salientou que o crescimento das exportações de 2021 foi mais disseminado entre os destinos na comparação com 2020, quando a recuperação da demanda mundial ficou muito concentrada na Ásia, sobretudo na China. “Em 2020, nós tivemos uma concentração maior da nossa pauta comercial com o continente asiático. Em 2021, a gente observa uma diversificação maior, em função de uma recuperação econômica mais homogênea”, avaliou.
Em 2020, nós tivemos uma concentração maior da nossa pauta comercial com o continente asiático. Em 2021, a gente observa uma diversificação maior, em função de uma recuperação econômica mais homogênea” Lucas Ferraz
Entre os setores, houve aumento de 26,3% da exportação de bens da Indústria de Transformação, com destaque para aço semiacabado (+101,3%), óleos combustíveis (+43,7%), ferro gusa (+36%), máquinas e equipamentos para engenharia e construção (+63,7%) e automóveis de passageiros (+20,8%). Na Indústria Extrativa, o crescimento das exportações foi de 62,4%, impulsionado por minério de ferro (+72,9%) e petróleo (+54,3%). Já as vendas dos produtos agropecuários tiveram 22,2% de crescimento, principalmente com a soja (+35,3%).
Importação
Nas importações, também houve crescimento de preços (+14,2%) e quantidades compradas (+21,8%). O país comprou mais, principalmente, do Mercosul (+44,7%), Estados Unidos (+41,3%), China (+36,7%), Asean (+31,1%) e União Europeia (+26,2%).
A Secex contabilizou aumento de 45,7% na demanda por insumos e produtos intermediários, como insumos agrícolas, eletroeletrônicos e petroquímicos, entre outros. Em relação a 2020, também aumentaram as importações de medicamentos (+77,1%) – especificamente vacinas – e de combustíveis (+87,1%) e energia elétrica (+89%).
Esse aumento das importações impactou o saldo final do ano, que ficou abaixo da última estimativa feita pela Secex – na casa dos US$ 70,9 bilhões –, mas foi considerado positivo. “O que houve foi uma surpresa positiva em relação às importações”, declarou Lucas Ferraz. E completou: “Isso naturalmente está correlacionado com a nossa recuperação econômica e, eventualmente, com alguma sazonalidade”. A aceleração dos preços dos bens importado também contribuiu para este aumento do valor das compras externas.
Recordes em dezembro
Considerando apenas o mês de dezembro, comparado a igual mês do ano anterior, as exportações cresceram 26,3% e somaram US$ 24,37 bilhões. As importações subiram 24% e totalizaram US$ 20,42 bilhões.
Esse valor (da corrente de comércio) é recorde para meses de dezembro, assim como o valor de exportação e importação”, Herlon Brandão
Assim, a balança comercial registrou superávit de US$ 3,95 bilhões, com crescimento de 39,7%, e a corrente de comércio aumentou 25,3%, alcançando US$ 44,78 bilhões. “Esse valor (da corrente de comércio) é recorde para meses de dezembro, assim como o valor de exportação e importação”, frisou o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão.
Previsão para 2022
A Secex também divulgou nesta segunda-feira a primeira previsão para os resultados do comércio exterior em 2022. A estimativa inicial é de exportação de US$ 284,3 bilhões, em alta de 1,4% em relação a 2021, com importações chegando a US$ 204,9 bilhões, recuando 6,6% sobre o ano passado.
Dessa forma, a corrente de comércio prevista é de US$ 489,2 bilhões, com redução de 2,1%, enquanto o saldo pode chegar a US$ 79,4 bilhões, crescendo 30,1%. “Essas são previsões ainda preliminares”, enfatizou o secretário de Comércio Exterior, alertando que “há uma incerteza grande” em relação às projeções e que as atualizações serão feitas a cada três meses.
Segundo Lucas Ferraz, em 2022 a economia global e a brasileira convergem para o equilíbrio de longo prazo, com “taxas de crescimento menos exorbitantes”. Com uma previsão de crescimento mais moderado para a economia brasileira em relação ao do ano anterior, ele considera natural que o valor importado seja menor neste ano, o que reduz também a corrente de comércio.
“É o indicador principal, que está correlacionado com produtividade, e nosso objetivo maior é concluir o mandato do presidente Jair Bolsonaro com a corrente de comércio acima da corrente de comércio que nós encontramos no primeiro ano de governo, em 2019”, apontou, lembrando que o valor naquele ano foi de US$ 407 bilhões.
Veja a coletiva de divulgação da Balança Comercial de 2021:
#BALANÇACOMERCIAL 🇧🇷 | O secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, reforçou que o resultado da Balança Comercial de 2021 foi um reflexo da recuperação econômica. No ano, o país atingiu recordes históricos. 🎥 Confira no vídeo. @SecintEconomia pic.twitter.com/yeysp4IxQj
— Ministério da Economia (@MinEconomia) January 4, 2022