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Parcerias de Investimentos
Primeiros leilões de saneamento básico com recursos privados beneficiam cidades do Ceará e de Goiás
Em mais um avanço para o saneamento do Brasil, foram realizados nesta sexta-feira (11/2), na B3, os primeiros leilões de concessões de saneamento básico estruturados com recursos do FEP – Fundo de Apoio à Estruturação e ao Desenvolvimento de Projetos de Concessões Comuns ou Parcerias Público-Privada. Os leilões proporcionaram a concessão dos serviços de esgotamento sanitário do município do Crato (CE) e dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos do município de São Simão (GO).
Ambos os projetos foram estruturados pela Caixa Econômica Federal e coordenados pelos Ministérios da Economia, mediante atuação da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SEPPI) e do Ministério do Desenvolvimento Regional. O FEP é o instrumento instituído pelo governo federal e administrado pela Caixa Econômica Federal para fomentar e incentivar a participação do setor privado na provisão da infraestrutura no país.
No primeiro leilão do dia, a empresa Aegea apresentou a proposta de 1,29% de desconto sobre a tarifa de referência, que é de 4,38 R$/m3 e credenciou-se para assumir a responsabilidade pelos serviços de gestão comercial do abastecimento de água e de coleta e tratamento dos esgotos sanitários do Crato (CE).
Na sequência, o Consórcio São Simão Saneamento venceu o certame para gestão dos serviços de saneamento integrado de São Simão (GO), ofertando um desconto de 7,31 % em relação ao valor de referência da licitação, estabelecido com base nos estudos técnicos conduzidos pela Caixa Econômica Federal.
Ao parabenizar e agradecer as empresas participantes do leilão por contribuir para a geração de emprego e renda, a secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos do Ministério da Economia, Martha Seillier ( foto ), afirmou que desde 2020 já foram leiloados 18 projetos dos entes subnacionais, nove deles no setor de saneamento básico, representando R$ 41 bilhões em investimentos arrecadados, em benefício de 13 milhões de brasileiros.
“Até 2020 nós tínhamos uma legislação focada unicamente em empresas públicas, praticamente fechando as portas para o investimento privado e por isso o setor de saneamento era considerado o “patinho feio” do setor de infraestrutura no Brasil. Essa realidade está sendo mudada desde o Novo Marco Legal do Saneamento e hoje estamos colhendo os frutos diante de projetos já realizados como nos estados do Amapá, Rio de Janeiro, Alagoas, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul. Saneamento representa saúde, representa proteção ao meio ambiente. É isso que queremos para o nosso país”, afirmou.
Saneamento universalizado
O município do Crato possui atualmente apenas 32,8 % dos seus esgotos coletados e apenas 2,67 % com tratamento. Com a nova concessão, a meta de universalização de cobertura de esgoto para o município de 90% será atendida até o ano de 2033, conforme o novo marco regulatório do saneamento, assim como todo esgoto coletado deverá ser tratado antes do seu descarte final. Os serviços serão prestados para toda a população da sede urbana, além do Conjunto Habitacional São Bento e dos distritos de Dom Quintino e Ponta da Serra.
Além da assunção do sistema de esgotamento sanitário, a concessionária também será responsável pela gestão comercial dos serviços de água e esgoto. Para isto, são previstos mais de R$ 555 milhões para investimento, operação e manutenção do sistema durante os 35 anos da concessão.
Estão previstos investimentos para implantação de cerca de 252 km de redes coletoras e interceptores, substituição de 36 km de rede coletora existente, implantação de 22 estações elevatórias, além da implantação de quatro estações de tratamento de esgotos e implantação de 1.320 m de emissários. Também estão previstas a instalação do parque de hidrômetros, com previsão de troca a cada 7 anos.
O Serviço Autônomo de Águas e Esgoto do Crato (Saaec) continuará responsável pelos serviços de abastecimento de água no município.
São Simão: projeto inovador
O projeto inova ao demonstrar a viabilidade econômica de contratação dos serviços de saneamento em pequenos municípios (menos que 20 mil hab.) e por contratar de forma integrada os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos urbanos, compensando a ausência de escala econômica dos serviços por economias de escopo entre os três serviços, explorando as sinergias existentes. Outro aspecto inovador do projeto é a previsão de cobrança de tarifa de resíduos sólidos urbanos, cofaturada junto com a conta de água, como prevê o novo marco legal de saneamento (Lei 14.026/2020).
A concessionária vencedora da licitação assumiu a obrigação de pagar uma outorga de R$ 4 milhões para o Fundo Municipal de Meio Ambiente e a aplicar recursos da ordem de R$ 348 milhões na cidade, durante os 35 anos de vigência do contrato, dos quais cerca de R$ 50 milhões em investimentos diretos (Capex). O primeiro grande desafio técnico da nova concessionária dos serviços envolve a eliminação do problema de intermitência no abastecimento de água nos meses mais secos do ano, que provoca irregularidade no atendimento e a insatisfação da população.
O projeto terá como meta a universalização dos serviços de abastecimento de água (99% dos domicílios atendidos) e esgotamento sanitário (coleta e tratamento dos esgotos de 90% dos domicílios) em até 5 anos, além da construção de um novo aterro sanitário para os resíduos sólidos urbanos, em 3 anos. As melhorias nos serviços de manejo de resíduos proporcionarão o encerramento de lixões e a reforma e ampliação da infraestrutura para separação dos resíduos, contribuindo para reduzir o volume de resíduos destinado ao aterro e a melhoria das condições de trabalho dos catadores.
FEP amplia a área de atuação
Após sete leilões de iluminação pública, beneficiando os municípios de Aracaju (SE), Belém (PA), Feira de Santana (BA), Sapucaia do Sul (RS), Franco da Rocha (SP), Campinas (SP) e Patos de Minas (MG), o FEP amplia sua atuação para um dos setores mais carentes da infraestrutura urbana brasileira: o saneamento básico.
Os dois projetos foram estruturados em consonância com a nova Lei de Saneamento (Lei nº 14.026/2020), definindo como marco temporal a universalização dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário até o ano de 2033, e a erradicação do lixão atualmente existente até 2025.
* Foto: Cauê Diniz/B3