Notícias
Tesouro Nacional
Dívida Pública Federal cai 2,89% e fica em R$ 5,56 trilhões em março
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) recuou 2,89% em março e ficou em R$ 5,56 trilhões, em queda de R$ 165 bilhões na comparação com o mês anterior. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) teve seu estoque reduzido em 2,69%, passando de R$ 5,49 trilhões para R$ 5,34 trilhões. Já o estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe) caiu 7,30%, encerrando março em R$ 222,50 bilhões (US$ 46,96 bilhões). Os dados são do Relatório Mensal da Dívida (RMD) de março, divulgado nesta quinta-feira (28/04) pelo Tesouro Nacional.
Na avaliação do Tesouro, houve queda na percepção de risco de emergentes em março, apesar de o cenário estar mais negativo – entre outros motivos, por questões relacionadas à política monetária dos Estados Unidos, à guerra na Ucrânia e ao surto de Covid-19 na China. “Nesse cenário, a percepção de risco do Brasil medido pelo (título) CDS de 5 anos teve leve queda, para 208 pontos no final do mês”, observou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital, durante entrevista coletiva.
Acesse o Relatório Mensal da Dívida e seus anexos
Segundo o Tesouro, o recuo no estoque da DPMFi refletiu o resgate líquido no valor de R$ 204,31 bilhões, que foi neutralizado, em parte, pela apropriação positiva de juros no valor de R$ 56,44 bilhões. Vital explicou que havia uma torre de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) com vencimento em março de 2022 no valor de R$ 270 bilhões. Esses títulos tinham um valor maior – acima da média praticada pelo Tesouro –, principalmente, em função dos leilões de rolagem antecipada feitos em fevereiro de 2021.
As instituições financeiras permaneceram como principais detentoras, com 29,5% de participação, seguidas por fundos (23,3%) e previdência (22,9%). O estoque de não residentes baixou de 10% para 9,4%, representando uma saída líquida de R$ 45,7 bilhões, enquanto o estoque de fundos caiu em R$ 80,4 bilhões no mês.
Custo médio
O relatório mostra que o custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses baixou de 8,68% em fevereiro para 8,59% em março. Segundo Vital, o custo da dívida externa teve uma queda relevante em função da desvalorização do dólar, passando de -2,64% em fevereiro, para -12,23% em março. Isso fez com que o custo da dívida pública como um todo também caísse.
Já o custo médio do estoque da dívida interna em 12 meses subiu de 9,25% em fevereiro para 9,65% em março. “É o maior valor desde outubro de 2018”, ressaltou o coordenador-geral.
Por sua vez, o custo médio das emissões em oferta pública da DPMFi – que reflete custo dos títulos que o Tesouro está emitindo nos leilões – aumentou de 9,5% para 10,52% em 12 meses. “Esse é o maior valor desde setembro de 2017”, salientou Vital.
Colchão de liquidez
A reserva de liquidez diminuiu 16,03% em termos nominais, passando de R$ 1,27 trilhão em fevereiro para R$ 1,07 trilhão em março. “Essa queda é praticamente toda explicada pelo resgate líquido ocorrido no mês”, disse ele. Já na comparação com março do ano passado (R$ 1,12 bilhão), houve redução nominal de 4,13%.
O Tesouro calcula que o valor de R$ 1,07 trilhão é suficiente para 9,8 meses de vencimentos à frente, exatamente o mesmo tempo de janeiro. Em fevereiro, o colchão de liquidez era suficiente para 10,59 meses. A previsão para os próximos 12 meses é de vencimento de R$ 1,22 trilhão de DPMFi.
Tesouro Direto
As vendas do Tesouro Direto no mês de março somaram R$ 4,13 bilhões, o segundo maior valor da série histórica. Os resgates foram de R$ 2,02 bilhões. Assim, a emissão líquida atingiu R$ 2,11 bilhões no mês, a maior da história do programa. O título mais demandado foi o Tesouro Selic (57,97%).
O estoque do Tesouro Direto foi para R$ 86,41 bilhões, um aumento de 3,87% em relação a fevereiro. Os títulos indexados à inflação representam 54,72% desse estoque e as operações até R$ 5 mil responderam por 80,59% das compras.
O Tesouro Direto teve 521,40 mil novos investidores cadastrados em março, elevando o total para 17,89 milhões, o que representa um aumento de 73,94% nos últimos 12 meses. Luis Felipe Vital salientou que houve um aumento de 37,99 mil investidores ativos no programa no mês passado, chegando a 1,90 milhão com alguma aplicação. Isso representa uma variação de 28,45% em 12 meses.
Cenário de abril
Em abril, segundo o Tesouro, o mercado segue atento à política monetária nos Estados Unidos e às falas de dirigentes do Federal Reserve (FED, o banco central americano). Também observa cuidadosamente a guerra na Ucrânia e o surto de Covid na China. É um cenário mais avesso ao risco e de maior volatilidade, que também impacta a percepção de risco de emergentes e a curva de juros do mercado doméstico – com alta das taxas, principalmente, para vencimentos mais longos.
Assista à Coletiva de apresentação da Dívida Pública Federal