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CENÁRIO
Arrecadação federal fica acima do esperado por analistas de mercado pelo 20º mês consecutivo, destaca SPE
Pelo 20º mês consecutivo, a arrecadação federal ficou acima das estimativas feitas pelo mercado e, de acordo com os dados do Prisma Fiscal – administrado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia –, as projeções dos dados continuam a indicar a continuidade da retomada da atividade econômica. Esse é um dos destaques da análise feita pela SPE e detalhada na apresentação “Conjuntura Macroeconômica e Arrecadação Bruta de Tributos Federais”, divulgada nesta quinta-feira (28/4) durante entrevista coletiva realizada pela Receita Federal para anúncio da arrecadação de tributos federais em março.
A arrecadação de março de 2022 foi 7,3% superior ao projetado pelo mercado e a diferença absoluta média nos últimos 12 meses está em 11%, pontuou o coordenador-geral de Modelos e Projeções Econômico-Fiscais da SPE, Sérgio Gadelha. “O que se verifica objetivamente é que a arrecadação reflete outros indicadores que apontam para uma recuperação do nível de atividade econômica”, reiterou, ao detalhar os dados.
O sistema de coleta de expectativas de mercado elaborado pela SPE para acompanhar a evolução das principais variáveis fiscais brasileiras – o Prisma Fiscal – é uma ferramenta para o aprimoramento dos estudos fiscais no país. Além disso, facilita o controle social a partir de uma ancoragem das expectativas em relação ao desempenho dessas variáveis fiscais (arrecadação total das receitas federais, receita líquida do governo central, despesa total do governo central, resultado primário do governo central e dívida bruta do governo geral).
Para fins de análise dos impactos da conjuntura econômica na arrecadação federal de março, as estatísticas setoriais e de mercado de trabalho relevantes se referem aos dados divulgados no mês de fevereiro.
A normalização das atividades nos setores de Serviços e Comércio na passagem de fevereiro para março, o avanço da produção de veículos em março e a recuperação do mercado de trabalho, com a criação de 328.507 novas vagas em fevereiro – segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) –, foram outros pontos destacados pela SPE. “O mercado de trabalho seguiu surpreendendo positivamente”, disse Sérgio Gadelha.
Panorama macroeconômico
Na passagem de janeiro para fevereiro, os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que as Vendas no varejo cresceram 1,1% – segunda alta consecutiva –, enquanto a Produção industrial cresceu 0,7%, refletindo principalmente a retomada da Indústria Extrativa e o avanço da Produção de veículos. Embora o setor de Serviços tenha variado 0,2% em fevereiro, o saldo nos últimos seis meses ficou em 0,1%, ligeiramente positivo e muito próximo da estabilidade.
A SPE mencionou ainda os dados dos índices de confiança na passagem de fevereiro para março, divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O destaque foi o Índice de Confiança de Serviços, que subiu 3 pontos em março, com o aumento da atividade proporcionado pela melhora do quadro sanitário, segundo a FGV. Já o Índice de Confiança do Comércio recuou 0,2 ponto na passagem de fevereiro para março – para 86,8 pontos. Essa estabilidade decorreu da combinação da expressiva alta do índice que mede o volume de demanda no momento presente e da intensa queda das expectativas em relação aos próximos meses. A incerteza gerada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia foi um dos motivos para o recuo frente a fevereiro. O Índice de Confiança do Consumidor, por sua vez, caiu 3,1 pontos em março – para 74,8 pontos –, resultado, sobretudo, da inflação, do ritmo de recuperação do mercado de trabalho e do endividamento das famílias com menor poder aquisitivo.
O Índice de Confiança da Indústria diminuiu pelo oitavo mês consecutivo, em razão da perda de fôlego da demanda interna e da escassez de insumos em alguns segmentos. O índice caiu 1,7 ponto em março, para 95 pontos. Por fim, o Índice de Confiança da Construção Civil caiu 0,8 ponto em março, na comparação com fevereiro. Com o recuo, o indicador chegou a 92,9 pontos, em uma escala de 0 a 200 pontos. Conforme a análise, a guerra na Ucrânia reacendeu o temor de aceleração nos preços dos materiais, que, associada à alta dos juros, pode comprometer ainda mais a demanda para os próximos meses.
Mercado de trabalho
A apresentação da SPE registra que o desemprego caiu para 11,2% no trimestre encerrado em fevereiro, o que representa uma variação de 0,4 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior (11,6%). É a menor taxa para um trimestre encerrado em fevereiro desde 2016. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE.
O Caged, por sua vez, mostrou que o mercado de trabalho formal prosseguiu em recuperação. A criação de 328.507 novas vagas é resultado da diferença entre 2.013.143 contratações e 1.684.636 demissões. Foi o segundo melhor resultado para o mês de fevereiro da série iniciada em 2010. Houve saldo positivo de vagas em todos os setores.
A produção de veículos também avançou em março, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A produção total de veículos (exceto máquinas agrícolas) atingiu 184,8 mil unidades em março, alta de aproximadamente 5% em relação a fevereiro. As vendas somaram 146,8 mil unidades, uma queda de 2% em comparação ao mês anterior. O setor ainda sofre os efeitos de choques sobre as cadeias produtivas globais, cuja normalização gradual é esperada ao longo deste ano, ressaltou a apresentação da SPE.