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APRENDIZAGEM
Aprendizagem promove a primeira turma para jovens quilombolas do país
O Fórum Gaúcho de Aprendizagem Profissional (FOGAP) realiza, na próxima segunda-feira (16/08), a aula inaugural do primeiro curso voltado a jovens aprendizes quilombolas do país, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) do Rio Grande do Sul. O Fórum é coordenado pela auditora-fiscal do Trabalho Denise Brambilla González, do Ministério do Trabalho e Previdência.
Serão 20 jovens oriundos de comunidades quilombolas da cidade de Porto Alegre que irão participar da primeira turma sobre “Programação de Sistemas com Aplicações Financeiras”, de forma presencial. “Esses jovens possuem dificuldades para acessar tecnologia nos territórios quilombolas, o que dificulta a educação a distância, ainda mais durante a pandemia. Assim, elaboramos um curso presencial, com protocolo rígido contra a Covid-19”, afirma Denise Brambilla, que também é coordenadora de Aprendizagem Profissional e de Combate ao Trabalho Infantil na Superintendência Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul (SRTb/RS) e do Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente (Fepeti/RS).
A iniciativa começou a ser planejada em fevereiro deste ano, a partir de uma reunião do FOGAP que contou com a participação do SENAC, de lideranças de comunidades quilombolas de Porto Alegre, da Frente Quilombola do Rio Grande do Sul e de empresas parceiras. Iniciou-se, então, um mapeamento dos jovens desses territórios, extraindo informações como idade, vocações, escolaridade e localização. “Identificamos 72 jovens quilombolas, sendo que a maioria estava sem documentação para serem contratados pelas empresas parceiras. Fizemos um grande movimento para a emissão de documentos”, comenta Brambilla.
Porto Alegre está entre as capitais brasileiras com maior número de quilombos em contexto urbano, com população aproximada de 2.900 pessoas, de acordo com o Núcleo de Estudos Geografia e Ambiente (NEGA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na capital gaúcha existem sete quilombos urbanos reconhecidos e mais quatro em processo de reconhecimento, totalizando 11 comunidades. “É um projeto referência para o Brasil e para a América Latina. 35% da população quilombola têm idade para inserção na Aprendizagem Profissional, servindo de instrumento para transformação pessoal e também econômica e social dos territórios”, comenta Catarina Machado, pesquisadora da UFRGS e integrante do Coletivo de Educação Escolar da Frente Quilombola.
A previsão dos organizadores é que uma nova turma seja aberta em breve para inserção dos demais jovens identificados e, em uma nova etapa, o projeto pretende chegar a comunidades quilombolas do meio rural. “Assumimos esse compromisso de contemplar todos os jovens identificados. A pandemia impactou essas comunidades, cujas famílias sobrevivem em grande parte de trabalhos informais. É uma realização que vai ao encontro da essência da Aprendizagem Profissional, criando parcerias e gerando oportunidades que transformam”, conclui a auditora-fiscal do Trabalho Denise Brambilla.