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Dívida Pública Federal atinge R$ 5,48 trilhões em agosto
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) atingiu R$ 5,48 trilhões em agosto, uma variação de R$ 84,78 bilhões (1,57%) em relação a julho. Esse aumento foi resultado da emissão líquida de R$ 45,5 bilhões e da apropriação positiva de juros de R$ 39,3 bilhões. O mês foi marcado ainda pela redução da participação dos títulos prefixados (de 32,1% para 31,9%) e dos títulos atrelados a índice de preços (27,6% para 27,4%), enquanto os títulos com taxa flutuante apresentaram elevação (35,7% para 36,1%). Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (27/9) pela Secretaria do Tesouro Nacional durante a apresentação do Relatório Mensal da Dívida (RMD).
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital, que apresentou o relatório em entrevista coletiva on-line, observou que o cenário externo operou com otimismo. “Esse tom positivo contribui para a melhora na percepção de riscos de emergentes”. Mas ressalvou: “O Brasil foi exceção. Teve uma performance pior no mês de agosto do que os outros emergentes. Isso se deveu principalmente a fatores domésticos. Agosto foi, talvez, o auge das discussões fiscais envolvendo precatórios, criação de fundo, reformulação de programa social, e isso tudo trouxe um cenário de incerteza fiscal, que causou uma piora na percepção de risco e um aumento na curva de juros”. Segundo Vital, os investidores demonstraram preocupação com a trajetória fiscal do Brasil, uma trajetória mais de longo prazo. “Incertezas em questões fiscais se traduzem em juros mais altos”, ressaltou.
Reserva de liquidez
A reserva de liquidez (ou colchão) da dívida pública apresentou aumento, em termos nominais, de 5,80%, passando de R$ 1.159,94 trilhão, em julho, para R$ 1.227,27 trilhão, em agosto. Em relação ao mesmo mês do ano anterior (R$ 777,73 bilhões) foi registrado aumento, em termos nominais, de 57,8%. O colchão compreende as disponibilidades de caixa destinadas exclusivamente ao pagamento da dívida e o saldo em caixa dos recursos oriundos da emissão de títulos. A gestão do colchão de liquidez visa garantir que em todos os cenários de projeção o caixa será suficiente para pelo menos quatro meses de vencimentos à frente. O patamar atual é de 10,5 meses.
Luis Felipe Vital salientou na apresentação que, diante da volatilidade observada em agosto, o Tesouro atuou com cautela, respeitando as condições de mercado, “mantendo o caixa da dívida em posição confortável”. As emissões da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) totalizaram R$ 70,7 bilhões, enquanto os resgates foram de R$ 25,9 bilhões, o que resultou em uma emissão líquida de R$ 44,8 bilhões no mês. Nas emissões tiveram destaque os títulos indexados à taxa flutuante (67,5% do total), “demonstrando uma mudança no perfil das emissões”. A DPMFi teve seu estoque ampliado em 1,59%, ao passar de R$ 5.155,09 bilhões para R$ 5.237,24 bilhões, devido à sua emissão líquida, no valor de R$ 44,78 bilhões, e à apropriação positiva de juros, no valor de R$ 37,37 bilhões.
Os resgates da Dívida Pública Federal externa (DPFe) totalizaram R$ 0,59 bilhão, resultando em emissão líquida de R$ 0,74 bilhão. O estoque da DPFe teve aumento de 1,09% sobre o estoque apurado em julho, encerrando o mês de agosto em R$ 243,51 bilhões (US$ 47,34 bilhões), sendo R$ 209,33 bilhões (US$ 40,70 bilhões) referentes à dívida mobiliária e R$ 34,17 bilhões (US$ 6,64 bilhões) relativos à dívida contratual.
Entre os títulos prefixados, foram emitidos R$ 7,8 bilhões e resgatados R$ 389,8 milhões – o menor valor desde junho de 2018. Já em relação aos indexados ao índice de preços foram emitidos R$ 15,1 bilhões e resgatados R$ 24,1 bilhões. Nos indexados à taxa flutuante ocorreu a emissão de R$ 47,7 bilhões e o resgate de R$ 1,3 bilhão.
Na estrutura de vencimentos da DPF foi registrado aumento do percentual vincendo em 12 meses (de 22,7% para 25,2%), refletindo a entrada da torre de maturação de agosto de 2022. O prazo médio da DPF apresentou ligeira redução entre julho e agosto, de 3,77 para 3,73 anos.
Detentores
O estoque de Instituições Financeiras apresentou aumento, passando de R$ 1.586,37 trilhão para R$ 1.623,97 trilhão em agosto, o que o faz permanecer com a maior participação no estoque da DPMFi. A participação relativa desse grupo aumentou para 31% em agosto.
Já os Fundos de Investimento, que formam o segundo maior grupo, com 24,1%, aumentaram o estoque, passando de R$ 1.248,62 trilhão para R$ 1.260,20 trilhão. O grupo Governo apresentou participação relativa de 3,9% em agosto. O estoque das Seguradoras encerrou o mês em R$ 203,03 bilhões.
Os Não-residentes tiveram acréscimo de R$ 12,17 bilhões no estoque, fechando o mês com aumento na participação relativa, atingindo 9,76%, e o grupo Previdência reduziu seu estoque em R$ 0,99 bilhão, totalizando R$ 1.150,22 trilhão no mês. A participação relativa desse grupo caiu de 22,33% para 21,96%.
Tesouro Direto
No Programa Tesouro Direto, as emissões líquidas de agosto totalizaram R$ 1,3 bilhão, resultado de vendas de R$ 3,3 bilhões, resgates de R$ 1,9 bilhão, e vencimentos de R$ 142,7 milhões. Os títulos mais demandados pelos investidores foram o Tesouro Selic (38,6% do total) e o Tesouro IPCA+ (35,9% do total). As operações até R$ 1 mil responderam por 63,18% das compras do Tesouro Direto. Em agosto, 516.099 novos investidores foram cadastrados. O número total de investidores é 12,47 milhões – um aumento de 53,97% nos últimos 12 meses.
Assista à coletiva do Relatório Mensal da Dívida – RMD – Agosto de 2021: