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MERCADOS GLOBAIS
Brasil deve liderar integração para tirar América Latina da miséria, diz Paulo Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (27/9) que o Brasil tem que ser um líder na integração da América Latina aos mercados globais para tirar o continente do caminho da miséria. Falando no painel “Por que ainda não abrimos?”, durante o evento “Brasil quer Mais - Brasil+” – a convite da Câmara de Comércio Internacional - Brasil (ICC, na sigla em inglês) – ele citou o exemplo da recuperação de países como China, Indonésia, Paquistão, Índia, Vietnã e Camboja, que saíram da miséria “via exportação, mergulhando nos fluxos globais de comércio”.
Já na América Latina, Paulo Guedes lembrou que a Venezuela “mergulhou na miséria” e que isso também está acontecendo com a Argentina, ao mesmo tempo em que países vizinhos como a Bolívia e o Peru, além do Equador, enfrentam dificuldades. “Então, é evidente que o Brasil tem que ser um líder nesse movimento. O Brasil tinha que liderar as plataformas de integração da América Latina para que seja um continente de esperança, porque a América Latina está, hoje, no caminho da miséria”, disse.
Na opinião do ministro da Economia, a América Latina pode ser uma área integrada dentro de um período de 10 ou 20 anos. O Mercosul, nesse contexto, tem que ser modernizado e servir como plataforma de integração à economia global, tendo as exportações como um dos vetores principais.
Integração
Segundo o ministro, essa integração global vem sendo dificultada, em parte, pela resistência da Argentina às propostas de modernização do Mercosul, como a redução das tarifas de importação. Guedes explicou que Brasil, Uruguai e Paraguai entendem o “momento delicado” dos argentinos, mas querem “dar um passo à frente”, deixando que a Argentina adote as medidas quando achar possível. “Venha quando quiser, mas não nos impeça de avançar”, frisou Guedes.
Na opinião do ministro, o Mercosul retrocedeu desde a sua criação, pois foi pioneiro em integrações regionais, mas agora as negociações do Brasil com os demais parceiros estão bem abaixo do que eram no início do Bloco.
Diante desse cenário, a posição brasileira é a de avançar. “Nós não vamos sair do Mercosul, mas não aceitaremos o Mercosul como uma ferramenta de ideologia. O Bloco tem que ser uma plataforma de integração na economia global e, se não entregar esse serviço, nós vamos modernizar”, garantiu Paulo Guedes.
Ele explicou que a Argentina está muito firme na posição antagônica à dos demais membros – dizendo, inclusive, que o Mercosul não deve mudar e quem quiser que se retire. “Nós vamos devolver isso pra Argentina. O Mercosul vai se modernizar e quem estiver incomodado que se retire”, alertou.
País em crescimento
As previsões de que o Brasil não vai crescer em 2022 também foram alvo do ministro, que as classificou como “narrativas” e citou o valor de R$ 544 bilhões de investimentos já contratados graças ao avanço dos marcos regulatórios. Guedes também apontou para a transformação do Estado brasileiro, com o controle e o direcionamento dos gastos para a área social – em vez de “gastar muito e gastar mal” –, como fatores que viabilizarão o crescimento do país
O objetivo – comentou o ministro – é o desinvestimento do governo na área produtiva, que deve ser feito pelo setor privado, de forma descentralizada, seguindo o modelo adotado no combate à Covid-19, quando os recursos federais foram enviados aos estados e municípios, que administraram os gastos. “Essa modernização dos marcos regulatórios está trazendo os investimentos, e os investimentos vão ocorrer via setor privado agora. O setor público vai ajudar, também, mas tem que vir com muito mais critério do que vinha no passado, quando deixou milhares de obras incompletas e com muita corrupção”, afirmou.
Abertura e redução de impostos
O ministro da Economia reforçou o compromisso com a abertura comercial e com a redução de impostos para empresas. “Se você perguntar qual é o programa para a abertura, nos próximos 10 anos: abrir, abrir e abrir. Dez por cento ao ano, devagarzinho, vamos baixando (a tarifa de importação). E os impostos? Reduzir, reduzir, reduzir”, disse.
Segundo ele, a meta é chegar a 26% de tributação às empresas e, se a arrecadação continuar subindo, diminuir a alíquota de novo, para 21,5%. “O ideal é que fossem 20%. Empresa não deve pagar mais de 20% de impostos. Empresa é onde tudo acontece. Tecnologia, aumento de produtividade, aumento de salário, empregos, investimentos, tudo acontece dentro da empresa”, justificou.
Já para a pessoa física, segundo o ministro, é possível cobrar imposto sobre dividendos e lucros: “Antes de comprar seu avião, sua lancha, seu barco, paga um pouquinho de dividendos. Paga 15%”.
Paulo Guedes salientou que o Ministério da Economia “não está inventando nada” e que as medidas adotadas pelo governo, hoje, dificilmente deixariam de ser implementadas. “É incontornável a abertura, é incontornável a tributação de rendimentos sobre capital, é incontornável a redução de impostos sobre empresas”, avaliou.
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