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CENÁRIO
Arrecadação de setembro demonstra a continuidade do processo de recuperação da economia, aponta SPE
A economia brasileira começa a colher os benefícios do gradual controle da pandemia de Covid-19, em termos do ritmo da atividade econômica e da geração de empregos. Essas são as principais conclusões da análise da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia (ME) divulgadas na terça-feira (26/10), durante a coletiva de imprensa da Receita Federal sobre o resultado da arrecadação do mês de setembro.
“As medidas tomadas pelo governo federal, em conjunto com o Congresso Nacional, continuam relevantes para mitigar os efeitos negativos da pandemia da Covid-19 sobre a economia brasileira”, destacou o coordenador-geral de Modelos e Projeções Econômico-Fiscais da SPE, Sérgio Gadelha, em sua apresentação – Conjuntura Macroeconômica e Arrecadação Bruta de Tributos Federais – durante a entrevista coletiva de divulgação do relatório de arrecadação de setembro das receitas administradas pela RFB. “A vacinação em massa, as medidas de consolidação fiscal, as reformas estruturais e as reformas pró-mercado, todas em curso, possibilitarão maior eficiência da economia, bem como pavimentarão o caminho para um crescimento econômico sustentável que dê suporte a emprego e renda e maior nível de bem-estar à população brasileira”, acrescentou.
Acesse a Apresentação – Conjuntura Macroeconômica e Arrecadação Bruta de Tributos Federais (26/10/2021)
Panorama macroeconômico
A análise da SPE registra que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 0,15% na passagem de julho para agosto, “conforme o esperado”. Na comparação interanual, o resultado equivale a uma alta de 4,7%. O comércio varejista e a produção industrial contribuíram negativamente para o resultado, refletindo a migração do consumo de bens para serviços e a falta de insumos em alguns segmentos industriais, segundo a SPE. “Dessa forma, a atividade no terceiro trimestre está em ritmo ligeiramente mais fraco do que o esperado, mas ainda em expansão, na comparação com o trimestre anterior, sustentando os dados oficiais de crescimento real de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano”, pontuou a apresentação.
Na passagem de julho para agosto – segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o volume de vendas do comércio varejista no país recuou 3,1% em agosto, na comparação com o mês anterior (2,7%). No ano, o varejo acumula alta de 5,1% e nos últimos 12 meses registrou crescimento de 5%. Seis das oito atividades pesquisadas tiveram taxas negativas em agosto, com destaque para “outros artigos de uso pessoal e doméstico” (-16,0%), que teve a principal influência negativa sobre o indicador do comércio varejista. Essa atividade é composta, por exemplo, pelas grandes lojas de departamento.
A SPE também menciona a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), segundo a qual a moderação do desempenho da indústria reflete escassez de insumos e aumento de custos em alguns segmentos. A produção industrial, por exemplo, recuou 0,7% na passagem de julho para agosto. Trata-se da terceira queda consecutiva, que refletiu o desempenho negativo da maioria das categorias de uso, destacadamente a categoria de bens duráveis, por conta das paralisações na indústria automobilística, decorrentes da escassez global de semicondutores. Segundo o IBGE, esses resultados ainda seguem refletindo os efeitos da pandemia da Covid-19.
Já em relação à Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), o destaque é o volume de serviços, que cresceu 0,5% – quinta taxa positiva seguida, acumulando no período ganho de 6,5%. Com isso, o setor está 4,6% acima do patamar pré-pandemia e alcança o nível mais elevado desde novembro de 2015. O resultado equivale a uma alta interanual de 16,7%. Com o processo de reabertura e a mobilidade urbana avançando, os setores que foram mais afetados pela pandemia estão crescendo.
Indicadores de confiança
Na passagem de agosto para setembro, observou-se um recuo nos indicadores de confiança da economia divulgados pela Fundação Getúlio Vargas. Esse recuo é devido a uma combinação de fatores que já vem afetando a confiança em meses anteriores, tais como: a alta da inflação; as preocupações em relação à crise hídrica e seus impactos sobre as expectativas para a produção futura nos segmentos mais intensivos no uso de energia elétrica; os gargalos associados à escassez de insumos em alguns segmentos.
Apesar de que o Índice de Confiança de Serviços teve retração de 2 pontos no mês, indo a 97,3 pontos e interrompendo a sequência de cinco altas consecutivas, esse indicador ainda se encontra situado acima do nível pré-pandemia. Já o Índice de Confiança da Construção Civil subiu 0,1 ponto em setembro, chegando a 96,4 pontos. Com essa alta – a quinta consecutiva – o indicador atingiu o maior nível desde fevereiro de 2014. A melhora no mês foi impulsionada pela percepção dos empresários em relação à situação atual, enquanto o componente de expectativas recuou.
Mercado de trabalho
“A reabertura da economia seguiu impulsionando a recuperação do mercado de trabalho em julho”, salientou a SPE. A taxa de desemprego, medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), recuou para 13,7% no trimestre encerrado em julho, refletindo o avanço mais intenso da ocupação (1,6%) do que da força de trabalho (1,1%). O aumento da ocupação no período foi maior entre os trabalhadores informais, mas também houve crescimento da ocupação de trabalhadores com carteira assinada.
Em agosto – segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência – ocorreu a geração líquida de 372 mil postos de trabalho com carteira assinada, resultado acima da mediana das expectativas de mercado. Todos os grandes setores da economia registraram contratações líquidas no período, com destaque para indústria, serviços e construção civil.
Com o resultado, a criação formal de empregos acumulada em 12 meses avançou para 3,2 milhões. De acordo com o Caged, o crescimento do emprego formal encontra-se 8,3% acima do observado em agosto de 2020. Neste ano, foram criados 1,9 milhão de empregos formais. Na segunda-feira (25/10) foi divulgado o Caged de setembro, registrando a criação de 313.902 vagas de trabalho com carteira assinada. No acumulado do ano, o saldo de empregos formais é de 2.512.937 novos postos.