Notícias
CENÁRIO
Arrecadação de outubro indica recuperação do nível de atividade econômica no país, aponta análise da SPE
Outubro registrou aumento na confiança do consumidor, reflexo direto da perspectiva positiva em relação ao mercado de trabalho, cuja recuperação segue sendo impulsionada pela retomada da economia. A confiança dos setores da Indústria e da Construção Civil se mantém em patamar superior ao da pré-pandemia. E as projeções de mercado sobre a arrecadação federal continuam a indicar expectativas de retomada da atividade econômica. Essa recuperação tem se verificado – com mais força que o esperado pelo mercado – na arrecadação. Essas são as principais conclusões destacadas pelo coordenador-geral de Modelos e Projeções Econômico-Fiscais da Secretaria de Política Econômica (SPE), Sérgio Gadelha, durante a divulgação do resultado da arrecadação federal de outubro, nesta quarta-feira (24/11), pela Receita Federal.
Apresentação - Conjuntura Macroeconômica e Arrecadação Bruta de Tributos Federais (24/11/2021)
Segundo o Prisma Fiscal – sistema de coleta de expectativas de mercado elaborado pela SPE para acompanhar a evolução das principais variáveis fiscais brasileiras –, pelo 15º mês consecutivo a arrecadação total ficou acima do esperado pelo mercado. A análise da SPE destaca que a arrecadação de outubro foi 9,3% superior ao projetado pelo mercado, com a diferença absoluta média nos últimos 15 meses ficando em 11%. “O que se verifica objetivamente é que a arrecadação reflete outros indicadores que apontam para uma recuperação do nível de atividade econômica”, ressalta o documento.
Panorama macroeconômico
No âmbito macroeconômico, o estudo da SPE “Conjuntura Macroeconômica e Arrecadação Bruta de Tributos Federais” pontua que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – indicador mensal do PIB – recuou 0,3% entre agosto e setembro. Segundo o estudo, esse resultado aponta uma retração de 0,1% no terceiro trimestre, após queda de 0,4% no segundo trimestre. A queda em setembro, por sua vez, foi verificada nos três principais setores da economia: Indústria (-0,4%), Comércio Varejista (-1,3%) e Serviços (-0,6%).
O estudo da SPE assinala que, na passagem de agosto para setembro – de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, o volume de vendas do Comércio Varejista no país recuou 1,3% em setembro. Essa foi a segunda queda consecutiva, após a maior alta do ano em julho, quando cresceu 3,1%. No ano, o varejo acumula crescimento de 3,8% e nos últimos 12 meses, alta de 3,9%. O desempenho foi puxado por quedas em vendas de Móveis e Eletrodomésticos (-3,5%), de Combustíveis (-1,5%) e Super/Hipermercados (-1,5%). “A inflação nos últimos meses impactou o poder de compra do consumidor, justificando boa parte do desempenho do setor”, diz o documento.
Além disso, foram mencionados dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, segundo a qual a produção industrial caiu 0,4% na passagem de agosto para setembro – a quarta queda consecutiva do indicador, que acumula perda de 2,6% no período. “Com isso, a indústria se encontra 3,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia. O resultado refletiu, mais uma vez, os desafios que o setor vem enfrentando com pressão de custos dos insumos e problemas na cadeia global de produção”, segundo o IBGE.
As informações da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também do IBGE, salientam, por sua vez, que o setor de Serviços recuou 0,6% na passagem de agosto para setembro e interrompeu uma sequência de taxas positivas nos cinco meses anteriores, período em que acumulou ganho de 6,2%. “Com o resultado de setembro, o setor ainda ficou 3,7% acima do patamar pré-pandemia”, informou o coordenador-geral.
Indicadores de confiança
Na passagem de setembro para outubro, o Índice de Confiança do Consumidor avançou 1,0 ponto, indo para 76,3 pontos. O resultado refletiu principalmente a melhora do componente de expectativas (+1,3 ponto), ao passo que o indicador de situação atual avançou 0,2 ponto. O Índice de Confiança de Serviços, nesse mesmo período, aumentou 1,8%, chegando a 99,1 pontos, resultado explicado pela melhora da percepção da situação atual e das expectativas. O Índice de Confiança do Comércio avançou 0,1 ponto, atingindo 94,2 pontos, como decorrência da melhora das expectativas, “mas limitado pela piora do sentimento com o ritmo atual de vendas”.
Conforme o estudo da SPE, a “confiança industrial perdeu tração em outubro, mas segue indicando expansão do setor”. O Índice de Confiança da Indústria – registra o documento – caiu 1,2 ponto na passagem de setembro para outubro, chegando a 105,2 pontos, “acima do nível neutro de 100 pontos, o que aponta para crescimento, mas em ritmo mais moderado”. O resultado “refletiu a queda do sentimento dos empresários com a situação atual e as expectativas para os próximos meses. Essa avaliação acaba refletindo, em alguma medida, o aumento dos custos e os gargalos na cadeia de suprimentos em alguns segmentos”.
No que se refere ao Índice de Confiança da Construção Civil, sua acomodação em patamar elevado é compatível com o crescimento do setor nos próximos meses: recuou 0,3 ponto na passagem de setembro para outubro, chegando a 96,1 pontos.
Mercado de trabalho
O estudo da SPE dedica atenção especial à situação do mercado de trabalho. A taxa de desemprego chegou a 13,2% em agosto. Ao longo dos próximos meses, a retomada da ocupação ainda deve permanecer acima da força de trabalho, o que indica continuidade da redução gradual da taxa de desemprego.
O mercado de trabalho formal continuou em recuperação. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), setembro registrou criação líquida de 313.902 postos de trabalho com carteira assinada. O estoque de trabalhadores formais chegou a 41,9 milhões no mês. Todos os grandes setores da economia seguem com contratações líquidas, com destaque para os setores de Serviços e Comércio.
A SPE também reiterou que as medidas tomadas pelo governo federal em conjunto com o Congresso Nacional continuam relevantes para mitigar os efeitos negativos da pandemia da Covid-19 na economia. “A vacinação em massa, as medidas de consolidação fiscal, as reformas estruturais e as reformas pró-mercado, todas em curso, possibilitarão maior eficiência da economia, bem como pavimentarão o caminho para um crescimento econômico sustentável de longo prazo que dê suporte a emprego e renda, assim como maior nível de bem-estar à população brasileira”.