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Política Econômica
Estudo da SPE compara crises da Covid-19, a de 2009 e a de 2015/2016
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE/ME) divulgou nesta segunda-feira (15/3) a Nota Informativa “Análise dos dados de 2020: Três diferenças importantes com crises passadas e implicações para o crescimento em 2021”. O material aponta que há três importantes diferenças entre a crise atual, causada pela pandemia da Covid-19, em relação a crises anteriores (de 2009 e de 2015/2016). Ao contrário do que ocorreu no passado, no cenário atual a taxa de poupança aumentou; o crédito subiu de maneira robusta e o ajuste no mercado de trabalho se deu principalmente no setor informal.
Segundo a SPE, as características da situação atual e as diferenças entre as crises anteriores sinalizam que assim que a vacinação avançar, a retomada econômica ganhará força e se dará de maneira mais rápida que no passado. Diante dessas características, as sugestões de política econômica da SPE para 2021 são vacinação em massa, consolidação fiscal e reformas pró-mercado.
Características
Quanto ao aumento da taxa de poupança, a nota explica que foi motivada pela queda do consumo, inerentes à restrição de oferta para alguns serviços e ao receio de contaminação, adicionada a transferência de renda promovida pelo Auxílio Emergencial. Esses recursos economizados durante a crise da Covid-19 fortalecerão a recuperação posterior, explica a SPE. Isso não ocorreu nas crises passadas.
No crédito, a SPE destaca as iniciativas voltadas à provisão de garantias, à expansão de liquidez, aos programas governamentais de crédito e à zeragem do IOF crédito. Tais elementos permitiram, em primeiro lugar, que o país evitasse uma crise financeira, mas também foram efetivas para fornecer crédito às pequenas empresas. Em um ambiente de crises a tendência comum é o congelamento de crédito pelos bancos às pequenas empresas, com receio de suas falências, lembra a SPE. Com as medidas de estímulo do governo, o mercado crédito não apenas continuou a operar em 2020, mas foi além, apresentando crescimento. “A política econômica adotada não apenas amenizou a profundidade da crise, como proveu condições para uma recuperação mais consistente”, aponta a SPE. Neste momento, o mercado de crédito continua robusto, sem a necessidade de aportes do governo federal.
Quanto ao setor de trabalho, a SPE destaca que o emprego no setor informal deve crescer de maneira mais robusta com a redução das medidas restritivas de combate a Covid-19. Isto é, com a evolução da vacinação em massa espera-se também o retorno seguro ao trabalho.
Futuro
“Vacinação em massa para garantir o retorno mais rápido do mercado de trabalho via redução das medidas restritivas de combate a pandemia; consolidação fiscal para manter as condições financeiras propícias ao investimento e a inflação e o risco-país sob controle, e reformas pró-mercado para dinamizar o crescimento de longo prazo da economia brasileira”, cita a Nota Informativa.
A SPE lembra que em 2020 o Brasil surpreendeu o mundo, ao contrariar previsões pessimistas sobre a expectativa de desempenho da economia. “Em junho de 2020, o Fundo Monetário Internacional previa uma retração de 9,1% no PIB brasileiro, o Banco Mundial estimava uma retração de 8,1% e a CEPAL, de 9,2%. A mediana do relatório Focus sugeria queda de 6,6% na atividade econômica. Os dados do IBGE anunciados no dia 3 de março de 2021 indicaram que o PIB brasileiro retraiu 4,1% em 2020. Nos parece razoável assumir que as medidas econômicas adotadas pelo governo federal, em parceria com o Congresso Nacional, foram efetivas para reduzir a queda na atividade econômica ao longo do ano passado”, cita o trabalho.
O Brasil reúne condições para novamente surpreender e promover a retomada da atividade econômica, aponta a SPE. “É razoável se esperar que, quando essa nova onda for contida, e uma parcela substancial da população tiver sido vacinada, a economia retomará a sua recuperação de forma acelerada”, cita o trabalho.