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COMBATE À FOME
“Não pode o celeiro do mundo ser um país onde há fome”, afirma Paulo Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu, nesta quinta-feira (17/6), medidas para o fortalecimento da economia, com foco na cadeia nacional de abastecimento – tanto para o mercado interno quanto externo – e destacou que é preciso acabar com o desperdício de alimentos que poderiam beneficiar os mais necessitados. “Não pode o celeiro do mundo ser um país onde há fome”, frisou, durante o 1º Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Guedes exemplificou o tratamento de resíduos e a logística reversa de embalagens como medidas para acabar com o desperdício. Por isso, defendeu a execução de políticas sociais que permitam incorporar os mais frágeis e vulneráveis à cadeia produtiva, ou ampará-los socialmente. “Mas é preciso combater o desperdício no Brasil, desde a produção, durante o transporte, até o supermercado e até chegar à mesa”, afirmou.
Nesse sentido, durante o evento, o ministro Paulo Guedes, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e o ministro da Cidadania, João Roma, acertaram a criação de um grupo de trabalho interministerial a fim de encontrar soluções para o desperdício de alimentos no país. A intenção é levantar as primeiras sugestões em 15 dias e apresentar uma solução técnica em um prazo estimado de 60 dias, para conectar a solução do problema do desperdício com o ataque direto à fome – que é o objetivo das políticas sociais do governo.
Segundo Guedes, é possível embutir esse esforço nas políticas sociais que o ministro Roma vem desenvolvendo, talvez como um ponto do programa que vai ser lançado, com uma parte jurídica ou de regulamentação. “Na verdade, pode ser até desregulamentação, para facilitar a conexão entre as políticas sociais de um lado e o desperdício que ocorre do outro”, ponderou o ministro.
Uma das possibilidades a serem estudadas – segundo Guedes – seria dar algum incentivo para que tudo aquilo que é jogado fora seja canalizado aos programas sociais, como se fossem postos de atendimento, visando destinar esses alimentos aos mais necessitados.
Abastecimento
Os três ministros participaram do fórum sobre “A dimensão e importância da cadeia nacional de abastecimento”. Concordando com a ministra da Agricultura, Guedes apontou rastreabilidade, agricultura familiar, sanidade e qualidade dos alimentos como os fatores mais importantes do ponto de vista social e ambiental.
Ele reforçou o impacto social e econômico da agricultura familiar, que já é um modo de vida de milhões de brasileiros e pode ser uma alternativa para tirar famílias da pobreza. “A nossa responsabilidade econômica e social é como plugar e trazer todo esse enorme contingente de brasileiros de baixa renda para integrá-los a essa cadeia produtiva”, afirmou.
O ministro também considerou decisivos os aspectos de sanidade e de rastreabilidade, do lado da produção econômica, porque o mundo hoje “é cada vez mais verde”. Segundo ele, o Brasil já é a matriz energética mais limpa do mundo, mas tem que manter essa condição. “A rastreabilidade é que vai garantir tanto a sanidade quanto a preservação desse universo verde que nós queremos para o futuro do mundo”, explicou.
Energia e infraestrutura
Guedes apontou investimentos em energia e infraestrutura como necessidades econômicas para que seja possível aumentar a produção e o escoamento do campo para as cidades. Além disso, salientou, é preciso modernizar as áreas de ferrovias e cabotagem – que já são alvo dos marcos regulatórios em tramitação no Congresso Nacional – porque isso vai permitir que o Brasil se transforme no celeiro do mundo. “Nós precisamos transportar todo esse excesso de produção que teremos para os países mais distantes”, comentou.
Ele lembrou que durante a pandemia as exportações brasileiras caíram até 30% para a Europa e Estados Unidos e 40% para parceiros da América Latina, mas subiram 40% para a Ásia, principalmente para a China, o que reforça a necessidade de infraestrutura e capacidade logística para levar a produção ao resto do mundo. “Nós sofremos um impacto relativamente pequeno dessa quebra de cadeias produtivas globais durante a pandemia porque a nossa vantagem comparativa estava na agricultura. Nós estávamos pouco integrados industrialmente e a agricultura preservou os sinais vitais da economia brasileira, não só aqui dentro, através da Abras, mas também mandando para o resto do mundo essa produção”, disse o ministro.
Atuação conjunta
O governo atua de forma conjunta, segundo explicou Guedes, aproveitando a presença on-line da ministra Teresa Cristina e do ministro João Roma, e citando o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles – que foi convidado, mas não pode participar do evento. Para o ministro da Economia, a atuação do governo é “muito coerente”, pois as diversas áreas trabalham em conjunto para manter a cadeia produtiva em funcionamento, o que reforça a capacidade de resposta da economia nesse momento.
Além de agradecer à ministra da Agricultura pela atuação do setor durante a crise provocada pela pandemia da Covid-19, Guedes destacou o trabalho do ministro Roma no reforço às políticas sociais para o combate à fome, à miséria ao desamparo. “Em tempo de guerra, nós conseguimos ter a maior redução de pobreza em 40 anos. Para que isso não se perca no tempo, o ministro Roma está desenhando aí os novos programas sociais”, afirmou.
Salientou, também, a responsabilidade do ministro Salles nos esforços pela manutenção da matriz energética mais limpa do mundo, para que o país possa expandir a área de produção sem destruir o meio ambiente, além do cuidado com as cidades, em questões como a logística reversa das embalagens e o tratamento de água e esgoto. “O nosso governo está muito coerente, trabalhando muito junto, é uma equipe muito unida, tentando justamente manter toda essa cadeia produtiva funcionando”, declarou Guedes.
Mais empregos
Paulo Guedes fez referência à importância da área de distribuição do setor supermercadista, que responde por 5% do PIB nacional, atendendo cerca de 28 milhões de consumidores por dia e criando até 5,5 milhões de empregos no país, entre diretos e indiretos. Daí a importância da desoneração da mão de obra para o setor, que “é intensivo nisso”.
Segundo ele, é preciso criar condições para que o segmento possa abrir mais postos de atendimento e chegar mais perto das vizinhanças, não só no abastecimento, mas também na compra, utilizando produtos da pequena agricultura familiar, por exemplo. “Para isso, é preciso ter mão de obra barata. O Brasil tem uma arma de destruição em massa de empregos, que são os encargos sociais e trabalhistas. Então, nós precisamos atacar isso”, enfatizou o ministro.
Outro objetivo é transformar os supermercados em estabelecimentos mais polivalentes, como acontece nos Estados Unidos. Lá, lembrou Guedes, os supermercados vendem vegetais, legumes e frutas, mas também medicamentos que não precisam de receita médica e outros itens que possam atender à população com uma ida só às compras (one stop shopping) para o abastecimento completo das necessidades diárias.
Assista à participação do ministro Paulo Guedes o 1º Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento da Associação Brasileira de Supermercados