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Tesouro Nacional
Dívida Pública Federal sobe 3% e encerra junho em R$ 5,329 trilhões
A Dívida Pública Federal (DPF) encerrou o mês de junho em R$ 5,329 trilhões, o que representa alta de 3,07%, em termos nominais, em relação aos R$ 5,171 trilhões registrados ao final de maio. Os dados estão presentes no Relatório Mensal da Dívida de junho, divulgado nesta quarta-feira (28/07) pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Os dados foram divulgados em entrevista coletiva virtual que contou com a participação do coordenador de operações da Dívida Pública, Roberto Lobarinhas; do coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves; e da coordenadora-geral de Controle e Pagamento da Dívida Pública, Márcia Tapajós. Os limites para o estoque do endividamento, conforme estabelecido no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2021, fica entre R$ 5,5 trilhões e R$ 5,8 trilhões, no ano.
“No agregado, o mês de junho foi muito positivo”, resumiu Lobarinhas. Ele destacou que o contexto favorável de junho, com melhora de expectativas por parte do mercado, permitiu ao Tesouro realizar a maior emissão líquida do ano, de R$ 138,13 bilhões. “Havia um contexto favorável e, nesse contexto, o Tesouro encontrou condições para realizar um volume elevado de emissões conjugado a um prazo médio de emissão também elevado”, apontou. Ele destacou, também, que junho foi mês marcado por não ter vencimentos relevantes.
A variação do estoque da DPF no mês é explicada pela emissão líquida de R$ 138,13 bilhões e pela apropriação positiva de juros de R$ 20,60 bilhões, explicou a equipe do Tesouro. Por segmentos, em junho, houve alta de 3,29% no estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), que saltou de R$ 4,940 trilhões (maio) para R$ 5,103 trilhões (junho). Por outro lado, foi apurada redução de 1,77% no estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe), em queda de R$ 230,75 bilhões (maio) para R$ 226,67 bilhões (junho).
Cenário
“Junho foi mês positivo para os mercados externo e doméstico”, apontou Lobarinhas. Ele ressaltou que no cenário externo, o destaque do mês passado foi a perspectiva de ajustes graduais na política monetária dos Estados Unidos. Internamente, os pontos principais foram o forte aumento da arrecadação federal e a consolidação de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 será bem mais forte do que era estimado no início do ano. Essa retomada de otimismo, inclusive, levou a equipe econômica a rever, em meados de julho, a perspectiva de alta do PIB este ano, elevando a projeção de 3,5% para 4,5% em 2021 (confira no Panorama Macroeconômico de julho, com a atualização da grade de parâmetros).
Lobarinhas destocou que, diante do cenário mais positivo, em 29 de junho foi feita a primeira emissão externa do Tesouro em 2021, de US$ 2,25 bilhões. “Foi realizada em momento ainda bastante favorável de mercado; houve forte demanda dos investidores, em termos financeiros bastante atrativos para o país e com spreads nas mínimas, desde emissões recentes. Foi operação de bastante sucesso para o Brasil”, apontou.
Em relação ao perfil da composição da dívida, os estoques de títulos prefixados e vinculados a índices de preços tiveram crescimento mais forte e, portanto, a participação desses papéis aumentou na composição do endividamento. A alta da participação de títulos prefixados foi de 33,0% (maio) para 33,3% (junho). Outros grupos de papéis tiveram redução de presença no estoque da DPF: Os títulos cambiais apresentaram retração no total da composição, principalmente, pela desvalorização do dólar em relação ao real em junho (4,40%). Já os títulos atrelados a taxa flutuante também cresceram, mas abaixo da média.
Quanto aos detentores da DPMFi, as instituições financeiras aumentaram a participação de 30,0% (maio) para 30,7% (junho). Diante de tal forte movimento das instituições financeiras, diminuiu a participação porcentual dos outros detentores (fundos, previdência, não residentes e demais grupos), mas isso não significa que não houve apetite por parte desses outros agentes. O estoque de não residentes aumentou em R$ 7,6 bilhões em junho, mas como as instituições financeiras atuaram ainda mais fortemente, foram elas que elevaram a participação na fatia total do estoque da dívida. No acumulado de 2021, inclusive, o estoque de não residentes apresenta crescimento de R$ 54,9 bilhões, destaca o Tesouro.
O Tesouro ressaltou também a redução dos prazos médios da DPF e da DPMFi. Em junho, houve queda de 0,44 ponto percentual dos vencimentos até 12 meses, para 22,5% (ante 22,9%, em maio). Por outro lado, aumentou a participação dos papeis com mais cinco anos: saltaram de 20,0%, em maio, para 20,7%, em junho. Lobarinhas ressaltou que dos R$ 135,5 bilhões emitidos de DPMFi, apenas R$ 5 bilhões foram de títulos curtos, de até 12 meses. O coordenador explicou que essa mudança provocou uma melhora das estatísticas relativas ao endividamento.
O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses registrou redução, caindo de 7,34% ao ano, em maio; para 7,18% ao ano, em junho. O custo médio do estoque da DPMFi acumulado em 12 meses aumentou para 7,66% ao ano, em junho. Já o custo médio do estoque da DPFe acumulado em 12 meses teve redução: caiu de 2,81% ao ano, em maio, para -2,70% ao ano, em junho. O custo médio das emissões em oferta pública da DPMFi acumulado em 12 meses ficou em 5,77% ao ano, no mês passado.
Lobarinhas destacou que a reserva de liquidez terminou junho com aumento, em termos nominais, de 12,60%, fechando o mês em R$ 1,167 trilhão (ante R$ 1,036 trilhão, em maio). “Essa variação reflete quase que integralmente o volume de emissões líquidas que tivemos no mês”, explicou. Em relação a junho de 2020 (R$ 685,46 bilhões), houve um aumento, em termos nominais, de 70,26%.
O Tesouro apresentou também a conjuntura de mercado de julho. Neste mês, o cenário externo operou com volatilidade, afetado principalmente pelo aumento das preocupações quanto ao crescimento de infecções pela variante delta da Covid-19. Em reflexo a esse cenário, houve aumento da percepção de risco em relação aos países emergentes (medida para variação da CDS — Credit Defaul Swap — de cinco anos para os países do grupo (no caso do Brasil, elevação de 5,08%). Ou seja, em julho a curva de juros locais ganhou nível e perdeu inclinação, aponta o Tesouro.
Assista ao vídeo da coletiva do Relatório Mensal da Dívida – Junho de 2021