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Webinar debate resorts integrados
A apresentação de experiências internacionais relacionadas à operação de resorts integrados e à regulação da indústria dos jogos de apostas reuniu especialistas de empresas com atuação global no webinar realizado pela Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap) do Ministério da Economia nesta sexta-feira (27/8). Karen Sierra-Hughes, vice-presidente para a América Latina e Caribe da Gaming Laboratories International (GLI) – uma das principais certificadoras do setor de jogos de aposta do mundo –, e Alex Pariente, vice-presidente sênior de Cassinos e Hotéis do Hard Rock Café, fizeram explanações e responderam perguntas durante o evento on-line conduzido pelo titular da Secap, Gustavo Guimarães, e pelo subsecretário de Prêmios e Sorteios, Waldir Eustáquio Marques Júnior.
“Resorts integrados são muito mais que hotéis com cassinos”, disse Gustavo Guimarães na abertura do webinar. “Gosto de pensar em termos de indústria de entretenimento: música, cinema, arte, teatro”, acrescentou, exemplificando as atrações que podem integrar o contexto do desenvolvimento desse tipo de projeto. O webinar da Secap fez parte de um conjunto de iniciativas da Secretaria voltadas à discussão sobre o potencial que o país tem para aumentar significativamente sua arrecadação por meio dos jogos – cujo marco regulatório está em debate no Congresso Nacional. “O Turismo foi bastante afetado pela crise de saúde pública”, acrescentou Guimarães, reiterando sua convicção nos múltiplos benefícios possíveis: “O setor vai se beneficiar do avanço dessa discussão no Brasil”.
Impacto econômico amplo
Com extensa experiência como operador, Alex Pariente assinalou: “Nem todo o visitante dos resorts integrados tem o jogo como objetivo”. O impacto econômico, segundo ele, é muito amplo para a economia da cidade e da região em que o empreendimento é desenvolvido, com efeitos diretos na geração de empregos.
“Há muitas oportunidades para a melhoria da infraestrutura no Brasil”, disse o executivo do Hard Rock, empresa fundada na Inglaterra no começo da década de 1970 e que tem hoje 11 projetos em andamento em diferentes regiões do nosso país. “Mas não se faz isso com ‘mais do mesmo’. As crises provocam mudanças e os resorts integrados aparecem como uma oportunidade das mais viáveis”, destacou. Os resorts, para ele, podem ser “precursores de mudanças para a melhoria da infraestrutura”, e, para tanto, falou da construção ou a melhoria de estradas. “Os resorts trazem novas formas de desenvolvimento para as cidades”, apontou.
A apresentação de Alex Pariente dedicou especial atenção à história dos resorts integrados, iniciada entre o fim da década de 1980 e o começo da de 90, nos Estados Unidos, e destacou o exemplo de Las Vegas, no estado norte-americano de Nevada. “Sua localização remota e a dependência do mercado de transporte aéreo exigiu grande volume de desenvolvimento integrado, de maneira a permitir a visitação por rodovias”.
No entanto, Alex Pariente fez um alerta: é importante limitar o número de empreendimentos. “Qualidade é sempre melhor que quantidade”, afirmou, ressaltando outro ponto que considera fundamental para o sucesso desse tipo de projeto: a elaboração de planos de desenvolvimento de longo prazo. “O que pode ser apropriado para uma região pode não ser apropriado para outra”, ressalvou.
Política pública
Karen Sierra-Hughes falou sobre os resorts integrados e, de forma mais ampla, sobre a indústria dos jogos. “Tem que haver uma política pública de jogo”, defendeu. Segundo ela, os principais objetivos do estabelecimento de uma política relacionada ao jogo são gerar receitas públicas – “muitas vezes para causas específicas, como saúde, educação, turismo ou infraestrutura” –; proporcionar recursos para combater o jogo ilegal; aumentar a geração de empregos; promover o turismo; aumentar o investimento de capital e melhorar a infraestrutura.
A executiva da GLI explicou o processo de aprovação regulatória, passo a passo, a partir da entrada em vigor da lei que autoriza os jogos: a definição de regulamentos e normas; a explicitação dos requerimentos legais, financeiros e técnicos aos operadores; o licenciamento de fornecedores e operadores; a realização de auditorias periódicas; o monitoramento contínuo do cumprimento das normas; a implementação do operador (“in compliance”); a aprovação para operar, conferida pelo regulador; e, por fim, a certificação e a solicitação de homologação. “A eficácia da regulação tem que ser investigada continuamente”, sublinhou, complementando: “A indústria do jogo é uma das mais reguladas do mundo”.
Karen Sierra-Hughes explicou que os requerimentos técnicos e o processo de certificação apoiam os objetivos da regulamentação, dentre os quais se destacam a garantia de jogo justo, com aleatoriedade real e integridade; o pagamento devido dos prêmios; a rastreabilidade de transações para prevenir fraudes; e auditabilidade das transações para fins de tributação devida e prevenção da lavagem de dinheiro.
Ao final do webinar, o secretário Gustavo Guimarães acentuou aquela que é uma de suas certezas em relação ao assunto: “Os reguladores têm que ser mais competentes que os regulados”. Ele defendeu: “O Brasil tem que aproveitar o timing para atrair grandes players, que estão buscando oportunidades para o pós-pandemia. Queremos trazer essa discussão de uma forma eficiente, mas também tempestiva, para aproveitar as oportunidades”. E asseverou: “Nós não fazemos o espetáculo. É a iniciativa privada quem faz. Queremos que o espetáculo seja o melhor possível”.
Acesse mais informações sobre o Painel sobre "Resorts Integrados - Experiências Internacionais"