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Governo digital
Ferramenta do governo para surdos conquista espaço na iniciativa privada
Com 17 mil sinais na Língua Brasileira de Sinais (libras) e 6 milhões de acessos diários, o sistema VLibras extrapolou os sites do governo federal. Ferramenta criada há quatro anos pela Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia, em parceria com instituições de ensino, começa a conquistar espaço também na iniciativa privada para a inclusão de surdos.
O aperfeiçoamento é constante desse conjunto de ferramentas computacionais que permitem traduzir para libras os conteúdos digitais em texto, áudio e vídeo. É com o VLibras que computadores, celulares e plataformas online se tornam acessíveis para as pessoas surdas. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5% da população tem surdez em algum nível – são mais de 10 milhões de pessoas.
"Vemos com muitos bons olhos essa evolução e o VLibras expandindo seus recursos para o setor privado, onde há uma série de empresas adotando essa ferramenta de inclusão”, destaca o secretário adjunto de Governo Digital, Ciro Avelino. “É um projeto com potencial muito grande para realizar algo que temos como premissa a transformação digital inclusiva e universal, que abrange toda a população".
O VLibras é uma ferramenta de código aberto criada em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa. Por intermédio do WikiLibras, que funciona de forma complementar e colaborativa, recebe as indicações de sinais necessários a incluir ou modificar e aprimorar no dicionário do VLibras.
Totens em 24 aeroportos
A expansão do sistema é perceptível. Hoje, totens colocados em 24 aeroportos do país já dispõem do VLibras. Neles, é possível acessar o conteúdo do 'Passageiro Digital'. Grandes empresas privadas, como Gol, Vivo e Embratel já começaram a procurar, gratuitamente, a solução para oferecer a funcionários e clientes. O mesmo ocorre com entidades públicas como, por exemplo, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Conselho Nacional de Justiça, o Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região e a Justiça Federal da Paraíba.
"Essa ferramenta é muito importante para nós, surdos, pois nos dá a condição de acompanhar o que está acontecendo em tempo real. Procuro com ela assuntos que dizem respeito à população de um modo geral, principalmente para atualizações relativas ao mercado de trabalho", conta a assistente técnica de testes e digitalizadora Anna Beatriz Sá Ferreira, 37 anos, de Fortaleza (CE).
Possibilidades presentes no mundo digital podem ser viabilizadas aos surdos a partir do auxílio de tecnologias assistivas, como o VLibras: estudar, trabalhar, consumir serviços, fazer compras, interagir, comunicar-se com o mundo, ter mais autonomia, exercitar sua participação social e cidadania. Para navegar, escolhem entre o avatar masculino Ícaro ou o feminino Hozana.
"Entregamos à comunidade um ferramental tecnológico com um potencial enorme de resolver, se não em sua totalidade, a maior parte das barreiras de acessibilidade em conteúdos digitais para pessoas surdas usuárias de libras”, acrescenta César Bonfim, assessor da Secretaria de Governo Digital”. “A gestão da plataforma, a apropriação, a capacitação e a colaboração por parte da comunidade são essenciais para a sustentabilidade dela", explica.