Economia
Comércio exterior
Balança comercial tem corrente de comércio superior a US$ 336 bilhões até outubro
A balança comercial brasileira teve superávit de US$ 34,823 bilhões de janeiro a outubro de 2019, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (1º/11) em entrevista coletiva realizada pela Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia (Secint/ME), em Brasília. O saldo positivo foi 27,4% inferior ao de igual período de 2018 (US$ 47,528 bilhões), pela média diária.
As exportações de janeiro a outubro foram de US$ 185,437 bilhões, queda de 7,7% sobre os dez primeiros meses de 2018, quando totalizou US$ 198,980 bilhões. Nas importações, foram US$ 150,614 bilhões até outubro, 1,5% abaixo da média diária no mesmo período do ano anterior, de US$ 151,452 bilhões. A corrente de comércio no ano alcançou US$ 336,051 bilhões, uma queda de 5,0% sobre o mesmo período anterior (US$ 350,431 bilhões), pela média diária.
Balança em outubro
O superávit no mês de outubro foi de US$ 1,206 bilhão, valor 80,1% inferior ao de igual período de 2018 (US$ 5,792 bilhões). A corrente de comércio brasileira alcançou valor de US$ 35,257 bilhões no mês, um recuo de 11,3%, pela média diária, em relação ao mesmo período do ano anterior.
As exportações no mês chegaram a US$ 18,231 bilhões, retração de 20,4% em relação a outubro de 2018, e queda de 11,2% sobre setembro de 2019. Já as importações totalizaram US$ 17,025 bilhões, com aumento de 1,1% sobre igual período do ano anterior, e diminuição de 5,8% na comparação com setembro deste ano, sempre pela média diária.
Análise do resultado
Na avaliação do subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, a queda das exportações de petróleo bruto – fator que mais impactou no resultado da balança comercial do mês de outubro – é resultado do cenário internacional.
Resultado foi impactado pela queda das exportações de petróleo bruto, aço e soja
“A desaceleração da economia mundial impacta fortemente as cotações de petróleo bruto e há uma queda internacional dos preços do produto. Isso, aliado a um crescimento um pouco mais lento da produção brasileira nos dois últimos anos, faz com que haja essa queda na exportação do produto”, afirma Herlon.
A comercialização do aço semimanufaturado brasileiro também foi afetada pela queda dos preços internacionais, assim como pela menor demanda do mercado norte-americano.
Herlon Brandão também fez uma análise sobre a queda das exportações de soja em grão, diretamente afetadas pela redução do rebanho suíno chinês. “Há uma crise de demanda da China por conta de uma queda de produção suína. Estimativas apontam uma redução do rebanho suíno na China de até 45%, e a soja exportada ao país tem como destino a ração animal. Por isso, há impacto tanto no preço quanto no volume exportado do grão. Também há uma menor oferta brasileira. A safra deste ano é menor do que a do ano passado”, avaliou.
Outro importante bem exportado pelo Brasil sofreu impacto de fatores externos: os carros de passeio. Segundo Herlon, “70% da exportação brasileira se destina à Argentina e há uma projeção de queda de 3% do PIB do país, o que faz com que a demanda por esse bem reduza.”
As exportações de milho e carne bovina são destaque no ano e puxaram para cima o saldo da balança comercial. “O Brasil exportou 5 milhões de toneladas no acumulado do ano. Carne bovina também há um grande aumento de exportação”, afirmou o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior.
Exportação
As exportações de outubro, por fator agregado, alcançaram os seguintes valores: básicos (US$ 10,024 bilhões), manufaturados (US$ 5,828 bilhões) e semimanufaturados (US$ 2,379 bilhões). Sobre o ano anterior, houve redução nas três categorias: produtos básicos (-15,3%), manufaturados (-26,5%) e semimanufaturados (-20,6%).
Variações em relação a out/18
- Básicos (-15,3%)
- Manufaturados (-26,5%)
- Semimanufaturados (-20,6%)
No grupo dos básicos, sobre outubro de 2018, a redução das vendas ocorreu, principalmente, no petróleo em bruto (-51,7%, para US$ 1,601 bilhão); soja em grãos (-18,1%, para US$ 1,754 bilhão); café em grãos (-17,2%, para US$ 375 milhões); fumo em folhas (-16,9%, para US$ 210 milhões); minério de cobre (-13,4%, para US$ 210 milhões); carne de frango (-9,6%, para US$ 495 milhões); e minério de ferro (-9,5%, para US$ 1,961 bilhão).
Nos manufaturados, a balança teve recuo das vendas em máquinas e aparelhos para terraplanagem (-48,0%, para US$ 135 milhões); automóveis de passageiros (-41,8%, para US$ 215 milhões); polímeros plásticos (-32,1%, para US$ 113 milhões); suco de laranja não congelado (-29,8%, para US$ 101 milhões); autopeças (-29,6%, para US$ 140 milhões); e etanol (-28,7%, para US$ 106 milhões).
Já nos semimanufaturados, quando comparado com outubro de 2018, diminuíram as vendas. Principalmente. de semimanufaturados de ferro/aço (-62,9%, para US$ 317 milhões); óleo de soja em bruto (-59,8%, para US$ 22 milhões); madeira serrada ou fendida (-35,4%, para US$ 48 milhões); couros e peles (-34,2%, para US$ 83 milhões); e celulose (-15,4%, para US$ 507 milhões).
No acumulado do ano, houve queda nas exportações de manufaturados (-10,1%, para US$ 64,196 bilhões), semimanufaturados (-6,9%, para US$ 23,774 bilhões) e básicos (-3,0%, para US$ 97,459 bilhões).
Mercados compradores
Em outubro, decresceram as vendas, pelas médias diárias, para os seguintes destinos: América Central e Caribe (-35,6%, por conta de petróleo em bruto, aviões, minério de ferro, semimanufaturados de ferro/aço, máquinas e aparelhos para terraplanagem); União Europeia (-35,2%, por conta de petróleo em bruto, minério de ferro, celulose, minério de cobre); Mercosul (-32,7%, sendo que para a Argentina diminuiu 35,1%, por conta de automóveis de passageiros, minério de ferro, laminados planos de ferro/aço, autopeças).
As vendas também decresceram para Oceania (-20,8%), Oriente Médio (-12,9%), Ásia (-10,3%) e África (-7,6%). Os principais destinos de produtos brasileiros em outubro foram: China, Hong Kong e Macau (US$ 5,415 bilhões); Estados Unidos (US$ 2,420 bilhões); Argentina (US$ 688 milhões); Países Baixos (US$ 637 milhões); e Japão (US$ 542 milhões).
Importação
As importações em outubro registraram alta de bens intermediários (+9,3%) e bens de capital (+7,5%), enquanto diminuíram as compras de combustíveis e lubrificantes (-29,2%) e bens de consumo (-8,9%).
Os cinco principais fornecedores para o Brasil no mês foram China, Hong Kong e Macau (US$ 3,491 bilhões); Estados Unidos (US$ 2,832 bilhões); Argentina (US$ 978 milhões); Alemanha (US$ 930 milhões); e Coreia do Sul (US$ 435 milhões).
No acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2018, houve queda em combustíveis e lubrificantes (-7,2%), bens de capital (-6,5%) e bens de consumo (-6,1%), mas aumentaram as compras de bens intermediários (+2,2%).