Economia
Contas públicas
Estoque da Dívida Pública Federal totalizou R$ 3,993 trilhões em julho
O Tesouro Nacional divulgou nesta quarta-feira (28/8) o Relatório Mensal da Dívida Pública Federal (DPF) de julho . O estoque da dívida apresentou aumento de 0,38%, em termos nominais, passando de R$ 3,978 trilhões, em junho, para R$ 3,993 trilhões, em julho.
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) teve seu estoque acrescido em 0,52%, passando de R$ 3,826 trilhões para R$ 3,846 trilhões. A ampliação ocorreu devido à apropriação positiva de juros no valor de R$ 25,75 bilhões — parcialmente compensada pelo resgate líquido no valor de R$ 5,71 bilhões.
Em julho, as emissões da DPMFi alcançaram R$ 69,44 bilhões, dos quais R$ 32 bilhões em títulos com remuneração prefixada; R$ 15,06 bilhões remunerados por índice de preços; e R$ 22,36 bilhões em títulos indexados à taxa flutuante. Desse total, foram emitidos R$ 66,58 bilhões nos leilões tradicionais; R$ 2,66 bilhões em leilão de troca; R$ 2,68 bilhões relativos às vendas de títulos do Programa Tesouro Direto; e R$ 210 milhões referentes às emissões diretas.
Os custos médios dos estoques da DPF, acumulado em 12 meses, e da DPMFi, acumulado em 12 meses – em julho, respectivamente 8,66% ao ano e 8,79% a.a. – atingiram, ambos, o menor valor de toda a série histórica, isto é, desde dezembro de 2005.
O custo médio das emissões em oferta pública da DPMFi acumulado em 12 meses, que ficou em 7,11% a.a. em julho, é também o menor valor de toda a série histórica – neste caso, desde dezembro de 2010.
Com relação ao estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe), houve redução de 3,19% sobre o estoque apurado em junho, encerrando o mês de julho em R$ 146,85 bilhões, sendo R$ 133,88 bilhões referentes à dívida mobiliária e R$ 12,97 bilhões à dívida contratual.
Otimismo em julho
O mês de julho foi bastante positivo para os mercados emergentes, principalmente em função das políticas monetárias acomodatícias (cortes de juros) nos mercados europeu e estadunidense.
Também contribuiu para a queda de juros ao longo de julho no mercado doméstico a aprovação da Nova Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados – conforme análise do Tesouro Nacional apresentada pelo coordenador-geral de Operações da Dívida, Luis Felipe Vital; pela coordenadora-geral de Controle e Pagamento da Dívida, Márcia Tapajós; e pela coordenadora de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Lena Oliveira de Carvalho.
Detentores
O estoque de Previdência apresentou aumento no mês, passando de R$ 914,86 bilhões para R$ 998,89 bilhões, entre junho e julho. Com isso, a participação relativa do grupo aumentou para 25,97%, passando a Previdência a ocupar posição de principal detentor de DPF.
As Instituições Financeiras reduziram o estoque em R$ 12,59 bilhões, alcançando R$ 873,99 bilhões no mês. Assim, a participação relativa passou de 23,17% para 22,72%.
Os Fundos de Investimento também reduziram o estoque, passando de R$ 1.027,39 bilhões para R$ 972,83 bilhões no mesmo período, ficando como o segundo principal detentor.
Os Não Residentes, por sua vez, apresentaram variação positiva do estoque em R$ 1,37 bilhão. O acréscimo, todavia, não acompanhou a evolução geral do estoque da DPF e a participação do grupo ficou estável em 12,3% (de 12,34% para 12,31% em julho). No acumulado de 2019, entre janeiro e julho, o estoque de Não Residentes aumentou em R$ 55 bilhões.
Por fim, o grupo Governo apresentou participação relativa (também estável) de 4,09% em julho e o estoque das Seguradoras encerrou o mês em R$ 153,06 bilhões.
Tesouro Direto
As emissões do Tesouro Direto em julho atingiram R$ 2,657 bilhões, enquanto os resgates corresponderam a R$ 2,216 bilhões, o que resultou em emissão líquida de R$ 440,75 milhões. O título mais demandado pelos investidores foi o Tesouro Selic, que respondeu por 49,46% do montante vendido.
O estoque do Tesouro Direto alcançou R$ 57,812 bilhões, o que representa aumento de 1,53% em relação ao mês anterior. O título com maior representação no estoque é o Tesouro IPCA+, que corresponde a 35,33% do total.
Em relação ao número de investidores, 36.373 do total de 227.680 cadastrados no Tesouro Direto em julho realizaram alguma operação de compra e/ou venda de títulos já no mês da adesão (investidores ativos).
Atualmente, o número total de investidores cadastrados é de 4,58 milhões e o de investidores ativos de 1,11 milhão. Apenas nos últimos 12 meses (entre agosto de 2018 e julho de 2019), as quantidades de investidores cadastrados e ativos aumentaram, respectivamente, em 91% e em74,4%. Segundo o coordenador-geral Luis Felipe Vital, “esses números significam que o Tesouro Direto continua crescendo com vigor”.
“Já o caráter democrático e a efetiva ‘pulverização’ do programa (Tesouro Direto) podem ser percebidos pelo valor das operações”, destacou Vital, referindo-se às compras de títulos do TD em valores não superiores a R$ 5 mil, que correspondem a 86% do total de aquisições.
Mercado em agosto
A queda na percepção de risco para países emergentes (exceto México) em julho converteu-se para aumento no mesmo índice em agosto. Impactaram no mercado emergente as novas tensões da guerra comercial sino-estadunidense e, internamente, o salto da percepção de risco em relação à Argentina, influenciado pelas incertezas eleitorais.
Em agosto, em alguns países (não é o caso do Brasil) observou-se o efeito da curva de juros ‘invertida’, que ocorre quando as taxas de juros de longo prazo se situam em patamares inferiores às taxas de juros de prazos mais curtos. Segundo algumas abordagens econômicas, a ‘inversão’ da curva de juros aponta a possibilidade de recessão no futuro.
No âmbito doméstico, segundo o Tesouro, os avanços legislativos da Nova Previdência foram insuficientes para converter a influência dos mercados global e emergente sobre o Brasil. Com isso, sem que se tenha encerrado o mês, observa-se em agosto leve aumento dos juros locais.
Os relatórios, tabelas e apresentações da Dívida Pública Federal estão disponíveis em
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/en/relatorio-mensal-da-divida