Economia
Relatório defende reformas institucionais amplas para melhorar a produtividade do Brasil
A baixa produtividade não se deve tanto a uma estrutura econômica ruim, mas a todos os setores da economia. Essa é uma das conclusões do relatório “Institutions for productivity - Towards a better business environmet”, divulgado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), nesta quarta-feira (29), em evento realizado em parceria com o Ministério da Economia, em Brasília/DF.
Acesse aqui o resumo executivo e o relatório “Institutions for productivity - Towards a better business environmet” do CAF
De acordo com o documento, apresentado por Guillermo Alves, Executivo principal da Vice-Presidência de Conhecimento do CAF, os baixos níveis de renda per capita dos países da América Latina têm como principal responsável a sua baixa produtividade. E “as raízes do problema de desenvolvimento da região são profundas e penetram, transversalmente, todo o tecido produtivo”, aponta o texto.
Veja a apresentação do representante do CAF aqui
Para solucionar a questão, o Banco de Desenvolvimento da América Latina sugere a realização de adaptações no arcabouço institucional que condiciona vários dos âmbitos nos quais as empresas operam. É preciso, segundo a instituição, promover a competição; garantir o acesso a insumos de qualidade para as empresas e favorecer a cooperação entre elas; calibrar regulamentos e políticas trabalhistas “para alcançar um equilíbrio que garanta seus objetivos de proteção aos trabalhadores sem desestimular a inovação"; melhorar o funcionamento dos mercados financeiros. Neste último ponto, o CAF defende a busca de melhores intervenções destinadas a favorecer o acesso ao financiamento e melhor regulação.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, explicou, na abertura do evento, que a Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec) foi criada para enfrentar esses problemas. “Pensamos no legado de longo prazo e choques de curto prazo. É possível produzir milagres de curto prazo, destravando, desregulamentando, simplificando, removendo obstáculos legais e jurídicos”.
“A agenda macroeconômica é mais visível, a reforma da previdência, as privatizações e impostos. Mas existe essa dimensão microeconômica que tem a mesma importância que a agenda macro. A produtividade do trabalhador, a competitividade das empresas e do país, ao longo prazo, determinam a prosperidade das nações”, completou.
Produtividade
O Secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos Da Costa, explicou aos participantes as principais ações da Sepec que já estão em curso, como o Simplifica, conjunto de medidas para desburocratizar ambientes de negócios, reduzir o custo Brasil e aumentar a competitividade das empresas.
“A recuperação da confiança, que faz a gente inovar e investir, virá com mais mercado e com mais livre iniciativa, com o governo atrapalhando menos, com novas regulações para atrair capital privada”, disse.
“Infraestrutura moderna, qualificação capital humano, management capabilities e digitalização da nossa economia, por meio, justamente, de management capabilities são essenciais. Não adianta nada ter leis de incentivo se não temos um tecido empresarial e social e um ambiente de negócios que permitam que nossas empresas progridam. As medidas da Sepec terão impacto de curto prazo. Vamos abrir espaço para prosperidade por meio da competição, dos mercados e da atuação focada do governo”, encerrou.
Debate
Na painel “Como elevar a produtividade no Brasil?”, o secretário de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, destacou a importância de os países enfatizarem sua força motriz de crescimento no Comércio Exterior. “Nos anos 80, havia um debate entre aqueles que entendiam que os países cresciam porque exportavam e aqueles que entendiam que os países exportavam porque cresciam. Me parece que a história tratou de resolver essa questão. Os países que crescem porque exportam são mais mais virtuosos do que aqueles que exportam porque crescem”, explicou.
A infraestrutura também é uma questão central a ser enfrentada para que o país aumente sua produtividade. Segundo o secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura da Sepec, Diogo Mac Cord, enquanto o estoque de infraestrutura no Brasil é de 5 mil dólares por habitante, no Japão esse indicador ultrapassa os 40 mil dólares. “Quanto menos um país investe em infraestrutura, menor é a produtividade. Não podemos, no entanto, devido a um ambiente jurídico e regulatório ruim, atacar problemas errados”, disse.
Já o secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação da Sepec, Caio Megale, destacou o “Brasil Mais Produtivo”, que promove melhorias em empresas brasileiras com foco em ferramentas e metodologias de manufatura enxuta. O programa já atendeu mais de 3 mil empresas no país, registrando aumento médio de produtividade de 52%. “Um grande salto de produtividade que podemos dar é focar justamente nas micro, pequenas e médias empresas, que têm uma defasagem em relação a grandes empresas”.
Segundo Megale, o programa será expandido, com a ampliação do número de atendimentos, dos setores abrangidos e das metodologias aplicadas para ganhos de produtividade nas empresas. Há expectativa de atingir 100 mil atendimentos e alcançar até 300 mil empresas.
O debate foi mediado por Jorge Arbache, Vice-presidente do Setor Privado do CAF. Além dos representantes do Ministério da Economia, o evento contou com a participação de Mark Copman, executivo da 3M.