Economia
EMPREGO
Brasil tem 6,5 milhões de jovens trabalhadores
Dados da mais recente Relação Anual de Informações Sociais (Rais), de 2017, mostram que o número de jovens trabalhadores, entre 14 e 24 anos, chega a mais de 6,5 milhões no Brasil. Eles representam 14,12% dos 46,3 milhões de vínculos empregatícios registrados. Nesta quarta-feira (24), comemora-se o Dia Internacional do Jovem Trabalhador, data criada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para valorizar e incentivar a contratação de profissionais nesta faixa etária.
Grande parte desses jovens têm pouca ou nenhuma experiência, mas buscam conhecimento para crescer profissionalmente. De acordo com os dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, eles ocupam principalmente vagas de auxiliar de escritório, vendedor de comércio varejista e assistente administrativo – funções que, juntas, representam quase 22% dos empregos nessa faixa etária.
Também se destacam em empregos como operador de caixa, alimentador de linha de produção, repositor de mercadorias, atendente de lanchonete, recepcionista, operador de telemarketing e almoxarife, que completam a lista das dez principais ocupações entre os jovens.
Primeiros passos
– Há seis anos, a estudante Diana Nunes Belloni, de 18 anos, deu os primeiros passos rumo ao mercado de trabalho. Com autorização dos pais, passou a atuar em uma companhia de teatro, música e dança para crianças, em Brasília. Hoje, com carteira assinada, ela divide o tempo entre o curso de artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB) e as atividades na mesma companhia. “Atuo como atriz e dançarina desde 2012. Depois, passei à iluminadora e produtora, e agora trabalho na secretaria da companhia”, disse.
Segundo ela, essa experiência lhe permitiu conhecer muitas pessoas, ter mentores na sua própria área de interesse e conseguir um currículo bom para a sua idade. “Como comecei bem nova, conheci gente mais velha, que viu a oportunidade e me ensinou, passou o ofício adiante”, explicou.
Os benefícios da experiência também motivam a estudante de pedagogia na UnB Giovanna Asevedo Lago Barbosa, 19 anos. Seu primeiro trabalho formal foi como estagiária de uma revista de psicologia, lendo, revisando e encaminhando artigos para os editores, além de atender telefonemas e responder e-mails, entre outras funções.
Hoje, ela trabalha como estagiária em uma escola privada, dando aula uma vez por semana. Nos outros dias, acompanha alunos nas classes, auxilia no planejamento e organização de eventos, além de participar de disciplinas extras, como informática e educação física. “Eu comecei em uma área mais administrativa e não diretamente relacionada com o meu curso, mas gostei bastante desta experiência, porque pude conhecer um pouco mais de uma área diferente. Isto até me ajudou a enxergar outras possíveis áreas de trabalho que poderiam me agradar”, afirmou.
Escolaridade - Assim como Diana e Giovanna, a maior parte dos jovens trabalhadores já concluiu o ensino médio. São 4 milhões, ou 61% do total, nessa faixa de escolaridade. Outros 899 mil têm o ensino médio incompleto (13,7%), enquanto 522 mil têm apenas ensino fundamental completo (7,9%).
Mas quando se trata de gênero, as duas jovens são minoria. Segundo a Rais 2017, elas são mais de 2,7 milhões de trabalhadoras entre 14 e 24 anos, enquanto os rapazes chegam a 3,7 milhões no mercado de trabalho brasileiro. Nos dois grupos, a maior faixa etária fica entre 18 e 24 anos, com 6,2 milhões de trabalhadores, enquanto 288,4 mil têm entre 15 e 17 anos e 4,1 mil têm 14 anos.
Dificuldades - Giovanna acredita que o número de jovens no mercado poderia ser maior, porque muitos procuram emprego, mas param em obstáculos como a exigência de mão de obra qualificada e de experiência anterior. “Também tem o problema da grande procura para um número não tão grande de vagas”, comentou.
“Tenho amigos procurando, mas que não conseguem achar emprego porque é difícil encontrar trabalho com horários flexíveis, que você possa fazer ao mesmo tempo em que faz a faculdade, o ensino médio ou um curso técnico”, acrescentou Diana.
Uma alternativa é o programa Jovem Aprendiz, caminho trilhado por quase 385 mil dos 6,5 milhões de jovens trabalhadores em 2017, conforme registros da Rais. “Acho que, se algo fosse ajudar, seria procurar nas escolas e levar os jovens para trabalhar em programas como o Jovem Aprendiz. Poucas vezes eu vi empresas procurando alunos, mas quando vi tinha muita gente animada para participar”, disse Diana.
Futuro – Apesar de algumas dificuldades, as duas são otimistas em relação às perspectivas do mercado de trabalho. “O país vive uma crise um tanto quanto complicada, mas com políticas públicas e investimento na educação, a longo prazo, devemos conseguir facilitar o acesso ao mercado de trabalho”, disse Giovanna.
Já Diana admite que, por um lado, o futuro é difícil, porque o trabalho está mudando. “Muitos trabalhos que meus pais viam como oportunidade hoje em dia já não existem mais – e vão existir menos”, observou.
Porém, áreas como informática e tecnologia em geral estão criando novas possibilidades de emprego. “Acho que cada vez mais as pessoas já vão precisar sair da escola com alguma opção de trabalho definida e especialização. Mas tende a melhorar. As pessoas que saírem com vontade vão encontrar cada vez mais oportunidades”, afirmou.
SAIBA MAIS
Aprendizagem profissional
A Aprendizagem Profissional foi instituída pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para estimular a formação técnico-profissional de adolescentes e jovens.
Os aprendizes têm direito a qualificação profissional “por intermédio de entidade qualificadora”. Eles precisam estar matriculados e atestar frequência no ensino regular (fundamental ou médio).
A cota de aprendizes para empresas de médio e grande porte é de 5% a 15% do quadro de funcionários cuja função demande formação profissional. Para micro e pequena empresa, a contratação de aprendizes é voluntária.
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