Economia
Comércio exterior
Troyjo: “inserção internacional será ampla, progressiva e coordenada com outras frentes da política econômica”
Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo - Foto: Foto: Fernando Willadino/FIESC
O secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, foi o convidado de honra da reunião de Diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta feira (22), para falar sobre a estratégia de inserção econômica internacional do Brasil.
Participaram da reunião aproximadamente 100 pessoas, entre membros da Diretoria, empresários, presidentes de sindicatos, representantes de instituições de ensino e jornalistas.
O secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, foi o convidado de honra da reunião de Diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta feira (22), para falar sobre a estratégia de inserção econômica internacional do Brasil. Participaram da reunião aproximadamente 100 pessoas, entre membros da Diretoria, empresários, presidentes de sindicatos, representantes de instituições de ensino e jornalistas.
“Até o final dos anos 80 o Brasil era a maior potência industrial do Hemisfério Sul. Mas ficamos presos a uma filosofia do passado, a da mera substituição de importações”, afirmou o secretário. Com isso, o Brasil fracassou em se tornar uma economia de alta renda. As melhores práticas e exemplos que as economias de sucesso deram ao mundo nos últimos 70 anos mostram que o comércio exterior também tem de ser motor do crescimento.
De acordo com Troyjo, a estratégia que está sendo construída pelo novo governo para mudar esse quadro não passa apenas pela abertura comercial. “Quando falamos em política comercial, a primeira palavra que vem à mente é abertura. Mas, ao olharmos com um mínimo de profundidade os exemplos de sucesso no mundo, este é apenas um dos itens do projeto de inserção econômica global”, declarou Troyjo. “Abertura é um item indispensável, mas de nenhuma forma o determinante exclusivo de sucesso”, complementou.
Como exemplo, ele citou o chamado “paradoxo mexicano”. O México instaurou um grande processo de abertura, reduziu tarifas médias de importação e celebrou diversos acordos internacionais. Mas esqueceu o restante dos ingredientes de uma inserção econômica bem-sucedida, como reformas institucionais e diversificação dos destinos de exportação.
Para ele, a receita de sucesso engloba três fatores: conjuntura, estrutura e abertura
“Às vezes você tem uma confluência conjuntural, histórica, muito importante. Hoje há uma grande conexão entre os presidentes do Brasil e dos EUA. Em março, o presidente Bolsonaro vai a Washington visitar o presidente Trump. É um momento de buscarmos novos elos com a principal economia compradora do mundo e uma gigantesca fonte de investimentos. Há também uma conjuntura que pode nos favorecer com os europeus”, exemplificou, citando a negociação do acordo Mercosul-União Europeia. “Todos sabem que estamos em uma longa negociação com a União Europeia e o Mercosul, mas em março nós retomamos as conversas para tentarmos concluir esse acordo”.
Ainda do ponto de vista da abertura, o secretário enfatizou que é necessário deixar de tratar essa questão de forma superficial, apenas como sinônimo de baixar alíquotas de importação. Troyjo indica que “os acordos comerciais do futuro já não serão mais tanto sobre tarifas de importação e sim sobre padrões, como as regras do jogo em propriedade intelectual ou compras governamentais”, disse. “Se, por um lado, entendemos que os padrões são o futuro, por outro, o Brasil começou um processo muito dedicado de acessão à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Se fizermos a lição de casa, nos credenciaremos como jogadores importantes nos acordos comerciais do século XXI”, afirmou.
“Fazemos parte de uma equipe muito coesa”
A respeito da estrutura, segundo ele, a política comercial foi para o centro da política macroeconômica brasileira. “Ao contrário de outras administrações federais, onde o Ministério da Fazenda ia para um lado, o Ministério do Planejamento para outro, e o Ministério da Indústria e Comércio para uma terceira via, nós agora fazemos parte de uma equipe muito coesa. Pensamos muito juntos e isso vai facilitar a maneira pela qual desenhamos a política comercial”, afirmou.
Além disso, Marcos Troyjo informou que a Câmara de Comércio Exterior (Camex), sobretudo em suas instâncias superiores, deve cada vez mais ter como pauta os grandes temas estratégicos do comércio exterior brasileiro.
Mercosul
De acordo com o secretário, é preciso rever alguns aspectos do Mercosul para deixá-lo “mais enxuto, ágil e eficiente”.
Troyjo disse, também, que este é um assunto ainda em exame, a depender de outras áreas do governo, mas ele defendeu que as tarifas no bloco devam ser reduzidas para que o Mercosul se torne um veículo de inserção na economia global. “Mas não faremos a abertura de maneira açodada, irresponsável, abrupta, e sim em diálogo com a sociedade e com o empresariado, de forma ampla, progressiva e coordenada com as outras frentes da política econômica”, informou.
Para encerrar, Marcos Troyjo descreveu o “quinteto de lições de casa” passado pelo ministro Paulo Guedes aos integrantes da equipe econômica: reforma da previdência, reforma tributária, privatizações, concessões, reforma administrativa e inserção global da economia. “Quando olharmos o mapa em 31 de dezembro de 2022, eu tenho a impressão de que veremos uma fatia da riqueza brasileira originária muito mais do comércio exterior do que vemos hoje. Estamos trabalhando para que, ao contrário do que muitos acreditavam no passado, não tenhamos uma tempestade perfeita e sim um dia de sol perfeito”, finalizou.