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50% compatível
Paciente de transplante haploidêntico recebe alta no HUSM
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Na manhã de 29 de abril, mais uma vez, soou o sino no corredor do Centro de Transplante de Medula óssea (CTMO) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). O gesto – repetido por dezenas de pacientes – representa o fim de um ciclo dentro do hospital. Dessa vez, o protagonista da badalada foi o técnico administrativo João Paulo Pasa, 65 anos. Depois de 35 dias de internação, o paciente do primeiro transplante de medula com 50% de compatibilidade (haploidêntico), realizado em 18 de março, retornava para casa.
A trajetória de João Paulo no HUSM iniciou há 3 anos e meio. Entre diagnóstico, tratamento e transplante, foram 8 internações. Na sexta-feira, ele finalmente deu alta. Escolheu até trilha sonora para a despedida da equipe. A música Trem Bala, de Ana Vilela, foi tocada no celular como forma de agradecimento e comemoração pelo renascimento: “Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si/ É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti/É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz/É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós. etc”
- Vou sentir saudade do pessoal que me acompanhou todo esse tempo. Foram a minha família, me deram tudo. Eles são The Best, são anjos da saúde. Estão sempre prontos, 24h por dia, diuturnamente – afirmou Pasa.
O médico Gustavo Fischer – que realizou o procedimento em março e acompanhou a evolução do paciente – explica que o transplante em si já é um tipo de tratamento complexo.
- Esse tipo de transplante (haploidêntico) é mais complexo ainda, porque envolve uma série de problemas e complicações. Mas ele é a esperança para muitos pacientes que não têm doadores 100% compatível, de tratarem suas doenças e ficarem curados.
De acordo com Fischer, Pasa ganha alta, mas segue em acompanhamento no hospital com consultas semanais por até seis meses, até a imunidade dele voltar ao normal. Irá tomar medicação para evitar a rejeição e outras complicações.
- Foi uma grande experiência para nós, porque esse transplante é bastante difícil tecnicamente. O paciente teve intercorrências – comuns no procedimento – e que foram bem resolvidas pela nossa equipe. Isso nos enche de orgulho, de estar dando a primeira alta dessa modalidade de transplante, que é inédito aqui em Santa Maria.
- Estou tendo a oportunidade de ter outra chance. Tenho que aproveitar, porque tem gente que não consegue ter a segunda. Eu sou muito abençoado. Até o final do ano, o plano é viver um dia de cada vez - concluiu o paciente.
Relembre o caso – No dia 18 de março, a equipe do Centro de Transplante de Medula Óssea (CTMO) do HUSM realizou o primeiro transplante haploidêntico do hospital – quando doador e receptor são 50% compatíveis. A doadora, nesse caso, foi a filha de João Paulo, Naiana Munarini Pasa.
O Hospital Universitário realiza transplantes de medula desde a década de 90. No total foram 326, os últimos 14 foram realizados após a contratação do médico Gustavo Brandão Fischer, que coordenou o procedimento de Pasa. O transplante Haploidêntico é um transplante relativamente novo no mundo, vem sendo realizado na última década.