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CONFORTO E PRIVACIDADE
HUSM inaugura fraldário adulto para uso de pacientes ambulatoriais e cadeirantes
Santa Maria (RS): Desde sexta-feira (28), os usuários do Hospital Universitário de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM-UFSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) passaram a contar com o conforto e a privacidade de um fraldário adulto. O espaço foi preparado para proporcionar uma higienização adequada e digna para os pacientes cadeirantes e acamados que fazem uso de fraldas, bem como para os ostomizados. O ambiente está localizado no andar térreo do hospital, na Ala C do Ambulatório, entre os consultórios de Fisioterapia e de Traumatologia.
O local possui 8,35m², tendo dimensões adequadas para atender pessoas com deficiências físico-motoras, sozinhas ou acompanhadas, e para a entrada da maca do paciente acamado. No local há uma maca fixa com altura ideal para que os cadeirantes possam ter autonomia para se deslocar, além de barras de apoio.
O fraldário também possui uma bancada com lavatório para higienização das mãos e um expurgo para uso por pacientes ostomizados. De acordo com a assistente administrativa Tatiana Konorat, do Setor de Logística e Infraestrutura Hospitalar - responsável pela obra: “o HUSM se tornou o primeiro da Rede Ebserh e o segundo hospital do Brasil a estruturar um fraldário integral. Isto é, que engloba as duas funções: troca de fraldas e higienização de bolsa coletora”. A ideia é que o novo espaço possa ser utilizado por todos, desde pais que precisam trocar o filho, seja bebê, jovem ou adulto, até os filhos que hoje cuidam de seus pais idosos e precisam de um local igualmente adequado para trocá-los".
A criação do fraldário surgiu a partir da sugestão de um pai e chegou por meio da Ouvidoria. Claúdio Deniz de Oliveira Castilhos, usuário do HUSM há 13 anos é pai do paciente Gabriel Barreto Castilho, diagnosticado com paralisia cerebral. O menino é cadeirante e usa fraldas. Cláudio conta que traz o filho para consultas com especialistas da traumatologia, neurologia e pediatria, de duas a três vezes por mês. Antes da inauguração do fraldário, as trocas eram realizadas nos bancos de espera de atendimento. “Vai melhorar 100% a minha rotina com o Gabriel. E para todos os usuários, pois proporcionará privacidade para os pacientes com necessidades especiais.”
Outro usuário do HUSM que também levou essa sugestão até a Ouvidoria foi o Engenheiro Civil e membro do Núcleo de Estudos Projeto Pessoa e Ambiente (NEPPA), Oldair José Pozzobon. Ele conta que identificou a necessidade da estruturação de um fraldário familiar a partir de uma pesquisa, para o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), a fim de identificar as barreiras da acessibilidade espacial no entorno do HUSM. Para isso, ele conversou com outros usuários do hospital que apontaram a ausência de um lugar apropriado para troca de fraldas de pacientes adultos. “Uma mãe relatou que tinha dificuldades quando trazia a sua filha adulta com necessidades especiais ao hospital, pois não tinha onde trocá-la. E sugeriu que um trocador maior seria útil.”
Ouvir e acolher para melhorar
A Ouvidoria do HUSM é um importante canal de comunicação entre os cidadãos e a Administração Pública do hospital. Esse serviço está disponível para qualquer pessoa, seja paciente, acompanhante, colaborador, terceirizado ou estudante, que queira registrar um elogio, sugestão, solicitação, reclamação ou denúncia. Essas podem ser feitas por meio da plataforma online FALA.BR ou presencialmente na Ouvidora, junto à portaria principal do HUSM.
A ouvidora Fabiana Baptista Goulart relata a importância do cidadão fazer o uso do canal de comunicação e de responder a pesquisa de satisfação, para que o hospital tenha conhecimento tanto dos pontos favoráveis, quanto daqueles que precisam ser melhorados. “Cada um tem sua visão da realidade, então a gente quer conhecer essas visões diferentes para que possamos construir um hospital melhor para todos.”
Para que a inauguração do novo espaço fosse possível, houve uma equipe comprometida em entregar o melhor resultado para todos. O trabalho do Setor de Infraestrutura Física do HUSM é composto por várias etapas que incluem: a recepção e avaliação da demanda, a pesquisa, o planejamento e a execução da reforma.
Assim, com a intenção de definir o melhor local para o fraldário, foi feita uma pesquisa sobre a circulação de pacientes cadeirantes. O estudo constatou um fluxo médio de 15 pacientes/dia, além dos acamados, no ano de 2023. Para atender a demanda de higienização, era preciso atendimento de enfermeiras e disponibilização de salas de consultórios. Considerando que o tempo médio da troca de fraldas e limpeza da sala é de cerca de 35 minutos, multiplicado pelas 15 trocas diárias, ao final de um ano totaliza 2.275 horas de uso - mesmo que temporariamente - dos consultórios médicos. Justificando, assim, a importância do fraldário, agilizando o atendimento e proporcionando mais dignidade ao usuário.
Durante o planejamento da reforma, o grupo se deparou com uma dificuldade: a ausência de normativas e modelos de projetos que pudessem servir de referência. Diante disso, os profissionais responsáveis entraram em contato com os demandantes para entender as necessidades de cada um.
“Tem a situação da criança (que a mãe ou o pai precisa trocar fralda) mas também tem a pessoa cadeirante que estará sozinha. Então, precisa ser uma espécie de “maca-banco” para que ela consiga se transpor sem auxílio. Além de incluir o expurgo para atender às pessoas ostomizadas. Quanto mais pessoas conseguirmos atender, melhor”, esclarece Rebeca Campelo, uma das arquitetas responsáveis pelo projeto.
Outro desafio encarado pela equipe foi planejar e implementar a rede hidráulica sem causar transtornos para outros serviços que estavam no entorno. A chefe da Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar, Márcia Maria Hengemuhle afirma que “ é muito importante poder contar com a compreensão das equipes e unidades que são impactadas com qualquer reforma ou qualquer ação de infraestrutura que está sendo realizada.”
Com o espaço pronto e disponível para o uso, a equipe resumiu o resultado de toda dedicação com apenas um sentimento: gratidão.
Texto de Camilly dos Santos Barros, estagiária de Jornalismo.
Revisão por Mariângela Recchia, jornalista e chefe da Unidade de Comunicação.