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ALEGRIA E ESPERANÇA
Festa de Natal da Turma do Ique emociona pacientes, familiares e voluntários
Santa Maria (RS) – A magia do Natal tomou conta do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) durante a 24ª edição da festa organizada pela Turma do Ique, um projeto de extensão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O evento, realizado especialmente para crianças e jovens em tratamento oncológico, reuniu pacientes de zero a 25 anos e seus familiares em um dia repleto de solidariedade. O HUSM integra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde 2013.
Segundo Paula Kieling Ries, oncologista pediátrica do HUSM e coordenadora do projeto Turma do Ique, a festa teve um toque especial. “A impressão de várias pessoas é de que, esse ano, a festa de Natal teve um clima diferente, isso porque ela foi realizada na ‘casa’ da Turma do Ique, o que a tornou muito acolhedora e repleta de alegria, leveza e descontração. A proposta de integração entre todos os presentes foi amplamente atingida e a diversão foi geral”, destacou.
A programação começou com uma recepção especial feita por Conrado, um cão-terapeuta já conhecido por propiciar momentos de descontração com as crianças. Em seguida, personagens temáticos invadiram a festa, incluindo “uma interação divertida e inusitada entre o Grinch e o Papai Noel”, contou Paula. As crianças ficaram encantadas com as pinturas faciais e aproveitaram cada momento da celebração, embalada pela música ao vivo de Tony Guimarães e Osmar.
Enquanto a festa acontecia no Salão da Turma do Ique, na área externa, o almoço era preparado, com muito carinho, pelo Grupo dos Condores da Base Aérea de Santa Maria. Após a refeição, o esperado momento da entrega dos presentes ficou por conta do Papai Noel.
Para Paula, “Mais do que todos os acontecimentos da festa e a satisfação de proporcionar momentos de alívio ao peso que qualquer tratamento de saúde traz, um dos sentimentos mais compensadores e gratificantes é perceber que estamos rodeados de pessoas boas, generosas e altruístas, sem as quais não seria possível a realização da festa”.
A festa foi fruto do esforço coletivo de inúmeras pessoas. “Cada um doou o que pôde e, sobretudo, a sua boa vontade. Foram tantos colaboradores que nos procuraram e nos atenderam ao longo desses últimos dias, que seria injusto mencioná-los, sob pena de esquecer algum. A todos esses anjos de boa vontade, a Turma do Ique agradece de todo o coração”, disse Paula. Ela também fez questão de ressaltar o trabalho incansável da equipe de funcionários e voluntários: “Eles representam todos os que já passaram por aqui”.
Criada nos anos 1990, a Turma do Ique tem como missão transformar a experiência hospitalar em algo mais leve e humanizado. Localizado próximo ao HUSM, o Centro de Convivência da Turma oferece apoio emocional, lazer e refeições diárias para pacientes e seus familiares. O nome “Ique” é inspirado em um personagem que simboliza alegria e esperança — valores que continuam sendo o coração do projeto.
Solidariedade que transforma
Para os voluntários, que são o coração desse trabalho, o evento é tão marcante quanto para as famílias e pacientes atendidos. Um exemplo é Márcia de Souza de Moraes, uma das voluntárias mais antigas. Ela relembrou com emoção sua trajetória na Turma do Ique: “Conheci o projeto em 1999, quando acompanhava um familiar em tratamento. Desde então, me envolvi completamente. A primeira festa de Natal foi muito marcante e cheia de amor. Nós cozinhamos, decoramos o espaço e buscamos doações. Foi como criar uma grande família, unindo pacientes, familiares, voluntários e funcionários do Hospital”.
Márcia também destacou: “O que me motiva é poder auxiliar as pessoas a tornarem esse período tão difícil um pouco mais leve. Ver o sorriso das crianças ao receberem seus presentes ou ouvirem suas músicas preferidas é algo que não tem preço. É emocionante perceber o impacto positivo que isso tem na vida delas e no tratamento”.
Outro símbolo importante do projeto é a Árvore da Vida, idealizada há dois anos. “Ela representa cada paciente com bonequinhas de pano em diferentes etapas do tratamento. É uma forma de celebrar a vida e espalhar amor, esperança e fé”, explicou Márcia. Para ela, “a festa de Natal da Turma do Ique é mais do que um evento; é um momento de união que fortalece laços entre pacientes, familiares, voluntários e profissionais da saúde”.
Além disso, o Natal é tempo de celebrar a vida, como disse Márcia: “Espalhar amor e esperança é o que nos move. Desejo que todos possam sentir essa energia especial e ter dias melhores. O trabalho da Turma do Ique é um exemplo de como a dedicação e o amor ao próximo podem transformar vidas. E para quem deseja participar ou contribuir com o projeto, as portas estão sempre abertas. Ser voluntário é fazer o bem sem olhar a quem”.
O espírito natalino vai além
A solidariedade, o amor ao próximo e a união também mobilizaram um grupo de reservistas da Aeronáutica, conhecido como “Condores”, que há mais de 20 anos mantém viva a tradição de apoiar as crianças em tratamento oncológico no HUSM. Um dos participantes, Henrique Domingues, relatou a iniciativa. Ele é “natural de Rio Grande, com muito orgulho, Coronel da Reserva da Força Aérea e integrante dos Condores desde 2006, mesmo tempo em que participo dos eventos na Turma no Ique”.
Segundo Henrique, “Somos um grupo de reservistas da Aeronáutica vinculados à Base Aérea de Santa Maria (BASM), existente há quase 25 anos. Nos intitulamos de Condores. Um dia voamos como águias; hoje, somos pacatos condores, apenas observando das alturas o transcorrer da vida abaixo de nós”.
O grupo, inicialmente formado para manter os laços entre colegas aposentados, reúne-se informalmente quatro vezes ao ano. “Somos um grupo informal, constituído com uma ‘diretoria’ informal, onde os ‘sócios’ informais são os nossos companheiros também da reserva. Sem quaisquer fins lucrativos, reunimo-nos quatro vezes ao ano, em almoços, para celebrar velhas amizades e reunirmos nossas famílias”, explicou Henrique.
A ideia de participar das festas natalinas para crianças em tratamento oncológico do HUSM surgiu graças à esposa de um dos integrantes. Como recordou Henrique: “Ela era voluntária na Turma do Ique e apresentou a necessidade de apoio à festa de Natal dessas crianças. Desde então, o grupo abraçou a causa”.
Os Condores assumem a responsabilidade de preparar o almoço, que inclui risoto, galeto e salsichão, com os materiais doados pelos próprios membros. “A diretoria do grupo e outros voluntários dedicam-se à confecção dos pratos”, destacou. Antes da pandemia de covid-19, o evento acontecia no ginásio da BASM. Este ano, a celebração foi realizada nas dependências da Turma do Ique, adaptando-se às novas condições.
A experiência, segundo Henrique, é marcante e carregada de emoção: “É difícil apontar um momento mais especial, porque todos os anos nos deparamos com realidades que nos tocam profundamente. Encontrar uma criança recuperada nos dá forças para continuar, mesmo diante das perdas”. Ele também destacou: “Não há reconhecimento maior do que ver o sorriso das crianças e de suas famílias. Por alguns momentos, elas esquecem as dificuldades e aproveitam a festa. Isso nos enche de emoção e senso de dever cumprido”.
Para Henrique e os Condores, o espírito natalino vai além das celebrações, mas é um compromisso com o próximo. Ele deixou uma mensagem: “Não há visão que nos faça enxergar o até onde as nossas pequenas ações podem chegar. Não há agradecimento ou reconhecimento maior do que ver estampado nos rostos das crianças e seus familiares a alegria de uma festa natalina. Vê-los esquecer das suas agruras, mesmo que por breves momentos, enche-nos de emoção e profundo senso de dever humanitário cumprido. Quem dera uma maior parte da sociedade acordasse para o problema dos outros. Com certeza estaríamos vivendo num mundo melhor. O impossível não existe! Ele (o impossível) está dentro de nós quando desistimos dos nossos sonhos”.
Sobre a Ebserh
O HUSM-UFSM faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh