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PREVENÇÃO
Dengue: Como identificar, tratar e prevenir
Santa Maria (RS) – Você ou alguém próximo teve dengue recentemente? Nos últimos anos, a dengue tornou-se uma preocupação constante no Brasil. Com ciclos endêmicos e epidêmicos, a cada 4 ou 5 anos, a doença apresenta um aumento significativo no número de casos, bem como na gravidade das ocorrências, resultando em mais hospitalizações. Em 2020, foram registrados 1,4 milhão de casos. Em 2023, esse número subiu para 1,6 milhão, com 1,079 mortes; e em 2024, pode variar de 1,7 milhão a 5 milhões, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde. As previsões foram feitas em parceria com o InfoDengue e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Diante desse cenário, o Hospital Universitário de Santa Maria, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tem se dedicado a prestar assistência pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e contribuir para o desenvolvimento de estudos relacionados à dengue. Confira o que alertam os infectologistas para lidar com essa questão de saúde pública.
O que é a dengue?
A dengue é uma doença viral causada pelo vírus (DENV) do gênero Flavivirus, família Flaviviridae. Com quatro sorotipos diferentes - DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4 -, a principal forma de transmissão é pela picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti. Outras formas menos comuns de transmissão incluem transfusão de sangue e transmissão da gestante para o bebê. É importante ressaltar que não há transmissão por contato direto com pessoa doente.
O médico infectologista do Hospital Universitário de Santa Maria, membro da Câmara Técnica de Infectologia da EBSERH, Alexandre Vargas Schwarzbold, ressalta a importância de estar atento aos sintomas da doença. Segundo ele, “é na presença de febre, usualmente entre 2-7 dias de duração, associada a algum dos seguintes sinais ou sintomas: dor de cabeça, dor retro orbital (atrás dos olhos) náuseas, vômitos, erupção na pele, dor muscular e dor nas articulações que se deve suspeitar de Dengue.”
Também pode ser considerado caso suspeito, toda criança com quadro febril abrupto (repentino), usualmente também entre 2 e 7 dias de duração, e sem foco de infecção aparente.
O período de incubação da Dengue - isto é, o intervalo entre a data de contato com o vírus (picada infectante) até o início dos sintomas - varia de 3 a 15 dias, sendo, em média, de 5 a 6 dias.
Os sinais de alerta que indicam gravidade e requerem maior atenção incluem: sangramento espontâneo e de mucosa, dor abdominal intensa, vômitos persistentes, pressão baixa, sonolência e comprometimento dos órgãos. É fundamental procurar atendimento médico ao apresentar qualquer um desses sintomas, para avaliação e orientações quanto ao repouso, hidratação, sinais de alarme e monitorização com exames laboratoriais.
Em 2023, no HUSM, foram feitas 23 notificações da doença e confirmados 15 casos. O número de casos confirmados de 2024, pode ser conferido em https://dengue.saude.rs.gov.br/. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como: a detecção da proteína NS1 da dengue, isolamento viral ou exame sorológico IgM. “Sendo uma doença febril aguda, na suspeita de Dengue, em especial na presença dos sinais de alerta e de alterações laboratoriais, devemos iniciar o acompanhamento e o tratamento de suporte dos pacientes, sem esperar a confirmação do diagnóstico”, explica o médico.
Medidas de tratamento
O tratamento da dengue depende, essencialmente, do estado clínico do paciente e da presença de sinais de gravidade. Os sintomas mais intensos da doença, geralmente, não duraram mais do que sete dias.
O tratamento principal consiste na hidratação, que pode ser realizada em domicílio e via oral para casos leves. Ou intravenosa (ministrada na veia do paciente) e sob regime de internação hospitalar para casos mais graves. Não existe um antiviral específico para tratar a doença, mas a hidratação costuma ser eficaz quando iniciada precocemente. Nas situações graves, as complicações incluem hemorragias, pressão baixa, acúmulo de líquido em cavidades do corpo (como no pulmão, abdômen e coração), choque e óbito.
É importante ressaltar que alguns remédios não devem ser tomados, por aumentarem o risco de sangramentos e hemorragias causados pela dengue. Dentre as medicações contraindicadas estão os anticoagulantes, tais como salicilatos (ácido acetilsalicílico, ácido salicílico, diflunisal, salicilato de sódio, metilsalicilato, entre outros), os anti-inflamatórios como (indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, sulfinpirazona, fenilbutazona, sulindac e diflunisal) e os anti-inflamatórios hormonais ou corticoesteroides (prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona). Portanto, é fundamental que pessoas com suspeita de dengue evitem a automedicação e busquem orientação médica para o tratamento adequado da doença.
" Pacientes em uso dessas medicações por doença cardíaca devem procurar assistência médica para definir a continuação ou não do uso." alerta o infectologista.
Combate ao mosquito transmissor da dengue
Cuidados simples podem fazer toda a diferença para combater o Aedes aegypti e evitar sua picada, como: manter as garrafas vazias ou baldes virados para baixo; evitar o acúmulo de entulho e água parada no quintal ou nas ruas; cobrir caixas d’água, poços ou piscinas; bem como manter as calhas limpas. Além disso, é importante colocar terra ou areia nos pratos dos vasos de plantas, manter as latas de lixo tampadas e descartar corretamente cascas de coco, latas de refrigerantes, copos plásticos e embalagens.
Outras medidas incluem guardar pneus em locais cobertos; tampar ralos pouco usados e jogar água sanitária no cano duas vezes por semana; diminuir o número de bebedouros de animais e manter o aquário limpo e fechado. A instalação de telas de proteção nas janelas e mosquiteiros na cama também são medidas complementares e eficazes que auxiliam na prevenção da proliferação do mosquito transmissor da dengue.
Sobre a Ebserh
O HUSM faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires e Mariângela Recchia, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh