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Relatos de quem cuida
“Em minha trajetória no HU já vivi situações que mexeram muito comigo”
Sou assistente social formado na UFSC em 2004, onde fiz mestrado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial e Doutorado em Saúde Coletiva. No setor público, atuei como assistente social na prefeitura de Florianópolis, na coordenação de saúde mental do município, e como assistente social do CAPS Ad e Consultório de rua. Ingressei no HU-UFSC no ano de 2014, e desde lá atuei como assistente social da Emergência adulto, UTI Geral adulto, Clínica Médica 1 e Hemodiálise. Em janeiro de 2019 assumi a chefia da Unidade de Atenção Psicossocial, coordenando os serviços de Psicologia, Psiquiatria e Serviço Social.
Meu papel como assistente social gestor é contribuir para que os profissionais que atuam diretamente com os pacientes e suas famílias consigam desenvolver um trabalho de qualidade, evidenciando o caráter público de nossa instituição e afirmando a saúde como um direito de todos.
Planejar, acompanhar, avaliar, compartilhar, sugerir, ouvir, lutar pela melhoria dos serviços oferecidos, este é um pouco do dia a dia de um gestor no campo da saúde. Minha bandeira é tentar garantir as nossas equipes boas condições de trabalho e que a saúde de todos/as seja reconhecida como um bem precioso e necessário, tanto de pacientes/familiares, quanto dos profissionais de saúde.
Em minha trajetória no HU já vivi situações que mexeram muito comigo, tanto na esfera profissional quanto pessoal. Relembro de situações de pacientes sem familiares ou rede de apoio em cuidado paliativo em que a equipe da clínica era sua referência, acompanhar todo seu processo de final de vida foi emocionante, tentar garantir seus últimos desejos, como fazer contato com filha ainda criança de forma on-line que morava em cidade distante e não via há muitos anos, conversar com uma senhora de sua cidade natal - que considerava como segunda mãe, fortalecer laços fragilizados neste momento tão delicado da vida.
Atuar no contexto da pandemia tem sido um desafio a todos/as os trabalhadores/as, e não é diferente para quem está à frente de uma equipe. Enquanto Unidade temos contribuído para a integralidade da atenção à saúde, intervindo em questões sociais e de saúde mental que caminham junto aos processos de adoecimento. Afinal, vivemos um momento em que as condições sociais, e, portanto, de saúde mental se deterioraram.
Desta forma, um dos desafios de ser gestor nos tempos atuais é tentar encarar a realidade posta, decifrá-la, propondo alternativas e novos caminhos para uma melhoria de nossas práticas e o alcance de nosso bem maior: a saúde dos usuários do SUS.
Para o futuro, espero viver ainda muitas outras experiências, seja na assistência direta ou na gestão dos serviços. Dois caminhos que não sobrevivem se não se complementarem, se apoiarem. Acredito que ainda posso contribuir muito com a nossa instituição e aprender ainda mais com ela e seus trabalhadores, na troca e partilha multiprofissional.
A quem chega, desejo coragem e dedicação. As conquistas vêm com o trabalho, foco e perseverança. Conte comigo e com seus colegas de trabalho, pois ninguém faz uma assistência qualificada sozinho/a. O SUS conta com todos/as nós!
AbraSUS!
Deidvid de Abreu, assistente social e chefe da Unidade de Atenção Psicossocial do HU-UFSC/Ebserh.