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Minha história com o HU-UFSC
“Sei que todos no HU se sensibilizaram e lutaram por mim”
Meu nome é Thiago Godoy e passei por um dos momentos mais difíceis e perigosos da minha vida, fui picado por uma cobra, numa das trilhas na praia da galheta, fiquei em estado gravíssimo, mais de 30 dias internado na UTI e com a barriga aberta durante muito tempo. Hoje, estou ainda em recuperação, mas saí desta história com muitos amigos no HU-UFSC. Sei que não estaria aqui para contar esta história se não fosse as orações, o empenho, e o envolvimento de todos no HU.
Tudo começou em março de 2021, quando eu estava fazendo uma trilha com um amigo em Florianópolis. Nós somos de Curitiba e tínhamos decidido explorar a ilha nas férias.
No fim da tarde do dia 16, a caminho da praia na trilha, pisei numa jararaca, na hora só pensei em tirar uma foto da cobra, e fui conseguir socorro quando chegamos na praia. Em 20 minutos, chegaram e me levaram até a ambulância, direto para o HU, onde cheguei por volta das 18 horas.
No HU, recebi o soro e me disseram que eu sairia no dia seguinte e, como estávamos na pandemia, não podia ter acompanhante, fiquei sozinho, e mesmo medicado sentia muita dor, mas na expectativa da alta. Acabei ficando mais cinco dias e descobriram que eu estava com um problema causado pelo veneno, um coágulo muito grande no abdômen, meu sangue já não coagulava mais. Eu ainda não sabia da gravidade, mas a equipe do HU já sabia e entrou em contato com a minha família. Ainda no setor de emergência do Hospital, recebi muitas bolsas de sangue.
Nisso, eu comecei a receber oxigênio, e uma parte da minha família chegou para me ver, e ficaram sabendo que eu teria que fazer uma cirurgia de urgência no abdômen, minha mãe autorizou sabendo dos riscos, mas com muita fé que tudo daria certo. Mesmo com a pandemia, minha irmã foi autorizada a passar a noite comigo, porque minha mãe pela idade não podia, e meu amigo a me acompanhar, até o término do procedimento. Passei pela cirurgia e de lá fui para a UTI, onde fiquei por 33 dias. Eu fiquei com a barriga aberta durante todo esse tempo, pois a situação havia se complicado devido ao veneno da cobra e a hemorragia que continuava. Não me lembro de muita coisa desta parte, mas sei que passei por mais de oito vezes pelo centro cirúrgico, na tentativa de fechar minha barriga. Com estas complicações, recebi 160 bolsas de sangue, meu rim parou por 10 dias, e tive que fazer hemodiálise, cheguei a pesar 45kg, para 1,78 de altura, obtive uma melhora e recebi alta da UTI.
Após três dias já no pós-cirúrgico, a equipe plástica tentou uma técnica para conseguir fechar a minha barriga, agora com visitas para me fazer companhia liberadas, o que me ajudou muito, nisso passei por mais quatro procedimentos, depois disso, fiquei mais um tempo internado, me recuperando da traqueostomia, iscara, e os movimentos que perdi devido o tempo que passei em coma induzido. Saí da UTI no dia 24 de abril e continuei no HU até o dia 14 de maio, ao todo foram dois meses internado, mas tinha que vir aqui regularmente por mais um mês, porque meu caso ainda estava em tratamento. Uma das minhas irmãs alugou um apartamento em Florianópolis para minha família ficar durante todo esse tempo, e eu poder fazer este acompanhamento após a alta.
Hoje, ainda estou em avaliação e aguardando outra cirurgia no abdômen para fechar por dentro, descobri no último dia que fecharam só a pele, mas sei que não estaria aqui se não fosse as correntes de orações com grandes proporções, da minha família, amigos, enfermeiros, e até pessoas que nem me conhecia, também claro a toda equipe do HU por onde eu passei e, por tanto amor, carinho e dedicação de cada um. Fiquei amigo das pessoas que me atenderam porque sei que eles se sensibilizaram com meu caso e fizeram de tudo para me socorrer. Só muito depois fiquei sabendo dos riscos que corri, e a força tarefa que foi feita, sei que lutaram por mim.
Até hoje, quando vou no HU converso com os profissionais que me atenderam, eles querem saber como eu estou e me contam que não sabem dizer o porquê das complicações no meu caso, que nunca haviam visto uma evolução tão grave por causa de uma picada de cobra. Hoje, tenho amigos em todo lugar do HU e agradeço pelo empenho de todas as equipes. E a Deus sempre, por estar bem e vivo.
Thiago Godoy, paciente do HU-UFSC/Ebserh.