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Dia Nacional de Combate ao Fumo: entenda os perigos da nicotina
Com o objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e de mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto. A data foi instituída em 1986 pela Lei Federal 7.488, com a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.
O pneumologista do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Daniel Wenceslau Votto Olmedo, fala sobre a vantagens de não fumar e de adotar comportamentos saudáveis, confira:
O Tabagismo
O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica, causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. Ele também é considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o tabaco mata mais de oito milhões de pessoas por ano. Mais de sete milhões dessas mortes, resultam do uso direto desse produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não fumantes expostos ao fumo passivo. A OMS afirma, ainda, que cerca de 80% dos mais de um bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda, onde os impactos das doenças e das mortes relacionadas ao tabaco é maior.
No Brasil, 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência à nicotina. O maior peso é dado pelo câncer, doença cardíaca e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Das mortes anuais causadas pelo uso do tabaco: 35 mil mortes correspondem a doenças cardíacas; 31.120 mortes por DPOC; 26.651 por outros cânceres (bexiga, rim, laringe, estômago e esôfago); 23.762 por câncer de pulmão; 17.972 mortes por tabagismo passivo; 10.900 por pneumonia e 10.812 por acidente vascular cerebral (AVC).
A nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco, é considerada droga por possuir propriedades psicoativas, ou seja, ao ser inalada, produz alteração no sistema nervoso central, trazendo modificação no estado emocional e comportamental do usuário que pode induzir ao abuso e à dependência.
O tabagista, antes de tudo, deve ser visto como dependente e é fundamental ter em mente que, durante o processo de cessação, podem ocorrer sintomas desagradáveis, tanto físico como emocionais, que perduram por um breve período de tempo, mas os benefícios de parar de fumar são muito maiores. Para isso, existem centros especializados no tratamento do tabagismo. O HU-Furg possui, na Ala Verde, o Serviço de Pneumologia que atende pacientes que desejam parar de fumar. O tratamento consiste na prescrição de medicamentos e em orientações sobre estratégias que ajudam a deixar de fumar e adotar hábitos saudáveis.
Sempre é tempo de parar de fumar
Quanto mais cedo você parar de fumar, menor será o risco de adoecer.
- Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.
- Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue.
- Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
- Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.
- Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros, bem como melhora o paladar.
- Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.
- Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.
- Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.
Fique Atento
A nicotina é encontrada em todos os derivados do tabaco (cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, narguilé e outros). Essa substância é psicoativa, isto é, produz sensação de prazer, o que pode induzir ao abuso e à dependência. Atua da mesma forma que a cocaína, heroína e álcool.
Com a inalação contínua da nicotina, o cérebro adapta-se e passa a precisar de doses cada vez maiores para manter o mesmo nível de satisfação. Esse efeito é chamado de tolerância à droga. Com o passar do tempo, o fumante passa a ter necessidade de consumir cada vez mais cigarros. Com a dependência, cresce, também, o risco de contrair doenças crônicas não transmissíveis, que podem levar à invalidez e à morte.
O tabagismo é uma doença que tem relação com, aproximadamente, 50 enfermidades, como vários tipos de câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia), doenças do aparelho respiratório (enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias) e doenças cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses).
Estima-se que, no Brasil, a cada ano, cerca de 157 mil pessoas morram, precocemente, devido às doenças causadas pelo tabagismo. Os fumantes adoecem com uma frequência duas vezes maior do que os não fumantes, além de terem menor resistência física, menos fôlego e pior desempenho nos esportes e na vida sexual do que os não fumantes. Também envelhecem mais rapidamente e ficam com os dentes amarelados, cabelos opacos, pele enrugada e impregnada pelo odor do fumo.
Teste de Fagerström
O Teste de Fagerström mede o grau de dependência à nicotina:
1. Em quanto tempo depois de acordar você fuma o primeiro cigarro?
• Dentro de 5 minutos (3)
• 6-30 minutos (2)
• 31-60 minutos (1)
• Depois de 60 minutos (0)
2. Você acha difícil ficar sem fumar em lugares em que é proibido (por exemplo, na igreja, no cinema, em bibliotecas e outros)?
• Sim (1)
• Não (0)
3. Qual o cigarro do dia que traz mais satisfação?
• O primeiro da manhã (1)
• Outros (0)
4. Quantos cigarros você fuma por dia?
• Menos de 10 (0)
• De 11 a 20 (1)
• De 21 a 30 (2)
• Mais de 31 (3)
5. Você fuma mais frequentemente pela manhã?
• Sim (1)
• Não (0)
6. Você fuma mesmo doente quando precisa ficar na cama a maior parte do tempo?
• Sim (1)
• Não (0)
Resultado - Dependência (soma dos pontos):
• 0-2: muito baixa
• 3-4: baixa
• 5: média
• 6-7: elevada
• 8-10: muito elevada
Fontes consultadas
DROPE, J.; SCHLUGER, N.; CAHN, Z.; HAMILL, S.; ISLAMI, F.; LIBER, A.; NARGIS, N.; STOKLOSA, M. The Tobacco Atlas. Atlanta: American Cancer Society and Vital Strategies. 2018.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Tobacco. Available at: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/tobacco.
PINTO, M; BARDACH, A; PALACIOS, A; BIZ, A; ALCATRAZ, A; RODRIGUEZ, B; AUGUSTOVSKI, F; PICHON-RIVIERI, A. Carga de doença atribuível ao uso do tabaco no Brasil e potencial impacto do aumento de preços por meio de impostos. Documento técnico IECS N° 21. Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria, Buenos Aires, Argentina. Maio de 2017.
Sobre a Rede Ebserh
O Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg) faz parte da Rede Ebserh desde julho de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, a os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Unidade de Comunicação Social do HU-Furg/Ebserh