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SAÚDE PÚBLICA
Perguntas e respostas sobre mpox
A Mpox é uma doença causada pelo Mpox vírus (MPXV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae. Trata-se de uma doença zoonótica viral, em que sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com pessoa infectada pelo vírus, com materiais contaminados com o vírus, animais silvestres (roedores) infectados.
A doença continua sendo uma preocupação de saúde pública global, com casos e surtos ainda sendo notificados no mundo. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em junho de 2024, 26 países reportaram mais de 930 casos e quatro mortes globalmente.
O médico infectologista Hilton Luís Alves Filho, Chefe da Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), esclarece as principais dúvidas sobre esta doença causada pelo Orthopoxvirus, detectada pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo, ocorrendo com frequência em países da África central e ocidental.
1. Quais os primeiros sintomas da Mpox?
Os primeiros sintomas da incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, linfonodos inchados (ínguas) e erupções cutâneas que evoluem para lesões semelhantes a bolhas ou feridas. Essas lesões podem aparecer em várias partes do corpo, incluindo rosto, mãos, pés, olhos, boca, ânus, reto e genitais.
2. Como a doença é transmitida?
Principalmente por contato direto com a pele, lesões ou secreções de uma pessoa infectada. A transmissão também pode ocorrer através de gotículas respiratórias em contato próximo e prolongado, bem como pelo compartilhamento de objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão.
3. Quais as principais medidas preventivas?
As principais medidas preventivas incluem manter isolamento se estiver doente, evitando contato direto com outras pessoas, lavar regularmente as mãos com água e sabão, e utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) como luvas e máscaras ao cuidar de pessoas infectadas. A vacinação também é recomendada para grupos mais vulneráveis à infecção e aqueles com risco acrescido de desenvolver formas graves.
4. Existe tratamento para Mpox?
Não há um tratamento específico aprovado. O tratamento consiste em suporte clínico para aliviar os sintomas, prevenir complicações e evitar sequelas. Em casos graves, pode ser necessária a hospitalização. Antivirais como o tecovirimat têm mostrado eficácia em alguns casos, mas seu uso ainda é limitado. Conforme anunciado pelo Instituto Nacional da Saúde (NIH) dos Estados Unidos, ele não foi capaz de reduzir os sintomas de Mpox causada pela infecção pelo Clado 1, linhagem mais transmissível e letal da doença que está em circulação atualmente.
5. A doença pode matar?
Sim, embora o risco seja relativamente baixo. Existem dois grupos distintos do vírus da Mpox: um com uma taxa de letalidade de cerca de 10% na África Central (Clado 1, responsável pelo atual surto) e outro com uma taxa de letalidade de cerca de 1% na África Ocidental (Clado 2, responsável pelo surto de 2022). Pessoas com imunossupressão grave, como pessoas que vivem com HIV, tem risco acrescido para formas graves, hospitalização e morte
6. A Mpox pode ter consequências mais graves em gestantes?
Sim, pois a doença pode ser transmitida durante a gravidez, da pessoa gestante para o feto, e durante ou após o parto, através do contato pele a pele. Gestantes com Mpox devem ser monitoradas de perto e podem necessitar de tratamento hospitalar em casos graves.
7. Há risco da Mpox se tornar uma epidemia global?*
A Mpox já foi declarada uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devido à rápida propagação da doença em algumas regiões, especialmente na África. No entanto, fora deste continente, o surto continua com um baixo nível de transmissão, o que não configura um potencial pandêmico. A OMS está coordenando esforços globais para prevenir a transmissão, tratar os infectados e fomentar produção e distribuição de vacinas contra Mpox mais amplamente.
A declaração da OMS de uma doença com ESPII levanta um alerta para que os países reforcem as rotinas de vigilância em saúde e organizem os serviços de saúde para o enfrentamento de casos suspeitos e confirmados baseados em evidências científicas, além de campanhas de conscientização para profissionais de saúde e população.
Rede Ebserh
O Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde outubro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh
Foto: Canva