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JUNHO LARANJA
Campanha alerta para prevenção, diagnóstico e tratamento de anemia e leucemia
![Junho Laranja](https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sul/he-ufpel/comunicacao/noticias/junho-laranja/20240611_144101-copia.jpg/@@images/8a7cf766-9a9f-4d36-a081-3a02dd65dff6.jpeg)
Brasília (DF) - O mês de junho é dedicado à campanha de conscientização sobre duas condições de saúde de grande impacto na vida das pessoas e na saúde pública de uma forma geral: a anemia e a leucemia. São dois temas diferentes, mas que têm pelo menos dois pontos em comum, de acordo com os profissionais dos hospitais universitários vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh): são associados ao sangue e quanto mais cedo forem diagnosticados, melhores as chances de controle ou cura.
Médicos da rede Ebserh alertam que a conscientização dessas condições é essencial para promover o acolhimento e o tratamento adequado para os pacientes e alertar a população sobre a importância de compreender estas condições e desenvolver a prática da solidariedade, doando sangue, já que a transfusão de sangue e o transplante de medula óssea são parte dos tratamentos.
Por isso, durante o Junho Laranja, são realizadas diversas atividades e eventos para educar a população sobre os sinais e sintomas dessas doenças, além de divulgar informações sobre as formas de diagnóstico, as opções de tratamento e os avanços científicos na área.
A anemia é uma condição clínica que pode apontar alguma doença (inclusive a leucemia) e é caracterizada pela diminuição da quantidade de glóbulos vermelhos ou hemoglobina no sangue, resultando em uma capacidade reduzida de transporte de oxigênio para os tecidos do corpo. Pode ser causada por deficiência de ferro, deficiência de vitamina B12, problemas genéticos, doenças crônicas ou outras condições de saúde. Os sintomas mais conhecidos são fadiga, fraqueza, falta de ar e palidez.
Já a leucemia é um tipo de câncer que afeta as células do sangue e da medula óssea, responsáveis pela produção de células sanguíneas. Na leucemia, ocorre uma produção anormal e excessiva de células brancas do sangue, prejudicando a função normal do sistema imunológico. Os sintomas da leucemia podem variar, mas, geralmente, incluem fadiga, infecções frequentes, sangramento anormal, dores articulares e ósseas, entre outros.
Especialistas explicam que, embora tenham como ponto comum o fato de serem doenças relacionadas ao sangue, a anemia e a leucemia são temas bem distintos. A relação entre anemia e leucemia é porque a anemia pode ser um dos sintomas iniciais de uma leucemia. A anemia não é uma doença, ela é uma condição clínica. Então, toda vez que é diagnosticada essa condição clínica, é preciso descobrir qual é a causa dessa anemia, para definir o tratamento apropriado.
Já a leucemia é um câncer que afeta as células do sangue e da medula óssea, responsáveis pela produção de células sanguíneas. Na leucemia, ocorre uma produção anormal e excessiva de células brancas do sangue, prejudicando a função normal do sistema imunológico.
Como são mais de 22 tipos, os diagnósticos podem necessitar ou não de uma avaliação medular ou de exames complementares no sangue periférico. Para o tratamento das leucemias, a medicina conta com algumas drogas-alvo, com a opção de quimioterapia, às vezes radioterapia, e até mesmo o transplante de medula óssea.
Fontes consultadas:
- Edvan de Queiroz Cruzoe - Chefe da Unidade de Hematologia e Hemoterapia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes/UFBA/Ebserh);
- Luiza Soares Vieira Bandeira de Melo – Hematologista do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, da Universidade Federal do Alagoas (HUPAA-Ufal/Ebserh);
- Yuri Lopes Nassar – Chefe da Unidade de Hematologia e Hemoterapia do HU-UFMA/Ebserh;
- Mônica Kopschitz Praxedes Lusis - Chefe do serviço de Hematologia do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF/Ebserh).
Médicos esclarecem dúvidas sobre anemia e leucemia
O Junho Laranja é dedicado à conscientização sobre a anemia e a leucemia. Qual é a importância da data? Que relação as duas doenças têm entre si?
- Mônica Kopschitz Praxedes Lusis - Professora titular de Hematologia da Faculdade de Medicina da UFF e chefe do Serviço de Hematologia do Huap.
A conscientização sobre doenças do sangue é importante no sentido de informar a população, de tirar dúvidas, de ofertar conhecimento sobre essas doenças e, dessa forma, contribuir para a investigação, para que as pessoas suspeitem em determinadas situações dessas doenças. Com diagnóstico precoce, a gente também tem uma chance maior de uma boa resposta no caso de doenças mais graves. Também para que a população colabore de uma forma solidária com o tratamento de algumas pessoas que têm doenças do sangue, anemias de forma geral, leucemias, e que venham a precisar de transfusão ou mesmo de transplante de medula óssea. Então, essa informação faz com que as pessoas se sintam mais seguras para doar sangue e/ou medula óssea, para ajudar os outros.
Leucemia é um câncer. Anemia é um sinal, anemia é uma síndrome; anemia não é uma doença, anemia é um sinal de doença, e muitas vezes, de doenças graves, com causas, tratamento e prognóstico totalmente diferentes. A anemia é um sinal e sintoma da leucemia, das leucemias em geral, principalmente das leucemias agudas. Mas a anemia não se transforma em leucemia e a anemia, como eu disse, não é uma doença. É um sinal que precisa ser investigado.
O que caracteriza a anemia? Como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento?
- Luiza Soares Vieira Bandeira de Melo, medica hematologista do HUPAA/UFAL: Luiza Soares Vieira Bandeira de Melo
Anemia é a queda nos níveis de hemoglobina no sangue, responsável pelo transporte de oxigênio e nutrientes ao organismo. Consequentemente, leva a sintomas como fadiga, falta de apetite, sonolência excessiva, falta de ar aos esforços, pode provocar insônia; queda de cabelo, unhas quebradiças...
A partir de uma história clínica e exame físico sugestivos de anemia, o diagnóstico se dá através de hemograma, demonstrando a queda dos níveis de glóbulos vermelhos. É fundamental identificar a causa, a doença que está levando à anemia; mesmo se for conseguida a sua correção. O tratamento vai depender da causa subjacente. A maioria dos casos deve-se à deficiência de ferro, seja por sangramento anormal, alimentação inadequada, absorção irregular de nutrientes.
E a leucemia? O que a caracteriza?
- Mônica Kopschitz Praxedes Lusis - Professora titular de Hematologia da Faculdade de Medicina da UFF e chefe do Serviço de Hematologia do Huap/UFF/Ebserh
A leucemia não é uma única doença, é um grupo bastante heterogêneo de neoplasias malignas que tem origem em células muito jovens da medula óssea, células hematopoiéticas da medula óssea. Essas doenças são causadas por alguma suscetibilidade genética e por mutações que podem acontecer de acordo com a exposição dessa pessoa a fatores ambientais, como por exemplo, radiações, medicações, quimioterapia (pacientes que fizeram quimioterapia previamente têm um risco maior de algumas leucemias), pacientes que se expuseram no trabalho a uma substância que é tóxica para medula óssea, que é o benzeno. Então, existem esses fatores que aumentam o risco de leucemia aguda, mas em grande parte dos casos a gente não consegue detectar uma causa.
As leucemias, dependendo do tempo de evolução da doença e da capacidade das células tumorais, cancerosas, leucêmicas, de amadurecerem, são classificadas como crônicas ou agudas. As crônicas são aquelas em que eu tenho muitas células maduras e poucas células jovens, que são os blastos. E essas células muitas vezes têm uma função parcialmente preservada. Elas evoluem de uma forma mais arrastada. Então, podem até ser encontradas ao acaso. O paciente faz um exame, não estava sentindo nada e mostra a doença. São doenças que hoje em dia são diagnosticadas mais precocemente, porque as pessoas fazem exames com mais frequência e isso é importante. E, claro, a evolução dessas leucemias varia, não é uma única leucemia crônica. Algumas podem evoluir muito tempo sem precisar de tratamento e outras vão precisar em breve.
Agora, as leucemias agudas, que são as que geralmente assustam mais, são leucemias em que nós temos células muito jovens, que a gente chama de células blásticas. Elas vêm da medula óssea, passam para o sangue e são células muito jovens, que não têm capacidade funcional. Portanto, essa pessoa não vai conseguir produzir as células normais, quando tem uma leucemia aguda, ela vai ter uma evolução clínica grave e rápida, em curto espaço de tempo morre se não for tratada.
As leucemias agudas, em geral, evoluem com anemia, então isso é um dos sinais, mas geralmente não é o único. Nós podemos ter anemia; infecção que vem a partir da redução dos glóbulos brancos maduros e aumento dos glóbulos brancos jovens; das células blásticas, que não são funcionais no sentido de proteger contra infecções. Além disso, esse paciente vai ter também queda do número de plaquetas e aumento da chance de sangramentos na pele e nas mucosas.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Reportagem: Sinval Paulino, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social