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DIREITOS HUMANOS
Conheça iniciativas de destaque da Ebserh na promoção da saúde com universalidade, integralidade e equidade
Profissional realizando atendimento de Teleconsulta no CHC-UFPR
Nesta reportagem, você vai ver:
Compromisso com a universalidade, no Mato Grosso do Sul
Telessaúde como ferramenta de inclusão digital, no Paraná
A tecnologia aproxima a saúde de quem mais precisa, em Minas Gerais
Saúde ultrapassando fronteiras, no Amazonas
Brasília (DF) – O Dia da Cobertura Universal de Saúde, 12 de dezembro, reafirma o direito de todas as pessoas à saúde. A data, instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2017, visa celebrar os avanços no acesso à saúde, sensibilizar sobre a importância de sistemas resilientes e reafirmar o compromisso global para alcançar a cobertura universal até 2030. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), alinhada aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) — universalidade, integralidade e equidade — reafirma sua missão de promover o acesso universal, inclusivo e sem discriminação aos cuidados de saúde.
Nesta reportagem, você conhecerá iniciativas de hospitais vinculados à Ebserh, que visam tornar a saúde mais acessível a todos, com atenção especial a populações indígenas e estrangeiras. Além disso, saberá como a tecnologia tem se tornado uma aliada no atendimento especializado a lugares remotos, ampliando o alcance e a qualidade dos serviços.
Compromisso com a universalidade
O Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) atende tanto a população de uma região fronteiriça com o Paraguai quanto cerca de 20 mil indígenas das aldeias Jaguapiru e Bororó, pertencentes às etnias: Guarani, Kaiowá e Terena. A promoção da saúde universal garante que o atendimento de saúde seja oferecido a todas as pessoas que estejam em território nacional, sejam brasileiras ou estrangeiras.
A chefe da Unidade de Regulação Interna e Gestão da Informação Assistencial do HU-UFGD, Marjorie Cazarin, destacou: “Somos referência para Dourados e outros 33 municípios da macrorregião de saúde, assim, atendemos pacientes paraguaios, conhecidos como ‘brasiguaios’, além de imigrantes venezuelanos e haitianos”. E explicou: “Temos um protocolo de interlocução com pacientes que não falam português, acionando colaboradores do próprio Hospital que dominam outros idiomas para garantir uma comunicação eficiente com eles”.
A atenção à população indígena é outro ponto forte, segundo Marjorie: “Contamos com um comitê de saúde indígena e enfermeiras especializadas que respeitam as especificidades culturais desses pacientes”. O HU-UFGD também adaptou sua infraestrutura e desenvolveu materiais inclusivos, como placas de localização, audiolivros e informativos da UTI Adulto no idioma guarani. “Essas iniciativas auxiliam o paciente indígena a se sentir mais acolhido e informado sobre os procedimentos a que será submetido”, acrescentou.
Por exemplo, durante a apuração desta matéria, o HU-UFGD demonstrou seu compromisso com a saúde indígena ao prestar socorro durante um conflito local em razão da falta de água potável. A equipe assistencial deslocou-se em uma ambulância para atender os feridos. Além disso, o Hospital permite a presença de rezadores, figuras essenciais nos rituais de cura indígena. “Respeitamos o caráter espiritual do processo de adoecimento”, concluiu Marjorie.
Telessaúde como ferramenta de inclusão digital
A Telessaúde tem se consolidado como uma importante ferramenta para ampliar o acesso à saúde no Brasil. Nos hospitais da Rede Ebserh, essa tecnologia permite que pacientes de áreas remotas ou com dificuldades de deslocamento sejam atendidos com qualidade e eficiência. Por exemplo, no Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR), o enfermeiro, especialista em saúde digital e chefe da Unidade de E-saúde, Pablo Cordeiro da Silva, compartilhou: “A Telessaúde como componente da Saúde Digital, tem um papel fundamental na expansão e acessibilidade aos serviços do SUS, contribuindo para a redução da espera dos atendimentos, evitando o deslocamento desnecessário dos pacientes até o serviço de saúde”.
Desde 2020, quando a pandemia de Covid-19 acelerou a implementação das teleconsultas, o CHC-UFPR vem ampliando sua atuação, segundo Pablo: “Começamos com 774 atendimentos em 2020 e registramos um aumento de 800% até 2024. Hoje, o serviço conta com mais de 22 especialidades médicas e áreas como Enfermagem e Odontologia, além de integrar a formação de residentes em Psiquiatria”. O serviço ultrapassa as fronteiras do Paraná, atendendo pacientes de outros estados vinculados ao Complexo Hospitalar, como é o caso da especialidade de Hematologia, que acompanha pacientes submetidos a transplantes de medula óssea.
No entanto, ainda há desafios: “Muitas localidades enfrentam dificuldades de infraestrutura mínima para implementar a Telessaúde. É essencial investir em conectividade e tecnologia para superar essas barreiras e levar assistência às comunidades mais necessitadas”, apontou Pablo. Além disso, engajar pacientes nesse modelo é fundamental para o sucesso do serviço. Segundo Pablo, “Oferecer tecnologias que promovam uma interação mais fluida entre pacientes e profissionais é o caminho para gerar confiança e conforto no uso da Telessaúde”.
A tecnologia aproxima a saúde de quem mais precisa
O Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) também vem utilizando ferramentas digitais para levar atendimento especializado a regiões remotas. Segundo a chefe da Unidade de E-saúde, Maria Cristina da Paixão, “A telessaúde é uma estratégia que nos permite ampliar o alcance do SUS, garantindo que mais pessoas tenham acesso a diagnósticos precisos e tratamentos adequados”.
O Centro atua desde a pesquisa até a implementação de novas tecnologias. Um dos projetos pioneiros foi na área de telecardiologia, iniciado em 2006 com apenas 82 municípios mineiros. Hoje, o serviço já alcança 14 estados brasileiros e 1.335 municípios, com destaque para Minas Gerais, que possui 76% de cobertura no serviço de eletrocardiograma (ECG). “Já emitimos mais de 10 milhões de laudos de ECG, com uma média de 150 mil exames por mês e 7,5 mil exames analisados por dia”, afirmou Maria Cristina. Outro projeto é a tele-espirometria, que avalia a capacidade pulmonar e é essencial para o diagnóstico de doenças como asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). “Em apenas dois anos, já realizamos 30 mil atendimentos em 150 municípios”, destacou.
Maria Cristina compartilhou um exemplo: “Em Belo Horizonte, uma cidade com mais de 2,5 milhões de habitantes, o SUS conta com apenas quatro locais para realizar espirometria. Com a telessaúde, conseguimos oferecer esse exame em unidades de atenção primária em diversas cidades, evitando que o paciente precise se deslocar para grandes centros urbanos”. O projeto inclui, segundo Cristina, “teleconsultorias, permitindo que médicos das regiões atendidas discutam casos com especialistas. Isso não só melhora o diagnóstico como também garante um tratamento mais eficaz”.
Para a gestora, celebrar essa data é reafirmar o compromisso com a saúde como um direito universal e concluiu: “É gratificante ver como a tecnologia pode encurtar distâncias e levar atendimento especializado a quem mais precisa. Nosso trabalho mostra que é possível oferecer saúde com qualidade e equidade, mesmo em locais distantes”.
Saúde ultrapassando fronteiras
No Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam), o Núcleo de Saúde Digital tem sido um exemplo de inovação ao levar atendimento especializado às regiões mais remotas do estado do Amazonas. Segundo o chefe da Unidade de E-saúde, Pedro Elias de Souza, o Núcleo foi criado para integrar projetos que utilizam tecnologias digitais na saúde. “Nosso foco principal é atender comunidades ribeirinhas e indígenas no interior do estado, priorizando a Atenção Primária em Saúde e a Estratégia de Saúde da Família”, explicou.
O projeto Telessaúde HUGV já alcançou 59 dos 62 municípios do Amazonas, bem como os sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Com atendimento em 16 especialidades médicas, a iniciativa possibilita que pacientes em áreas isoladas sejam acompanhados por especialistas sem precisar sair de suas comunidades. Por exemplo, o caso de dois indígenas da região do Vale do Javari, que aguardavam há mais de um ano por cirurgias. Após consultas remotas em junho, eles foram encaminhados para Manaus, onde, com apoio da Casa de Saúde Indígena (Casai), realizaram os procedimentos necessários no HUGV e receberam alta em agosto.
“Esses casos mostram como a Telessaúde pode reduzir barreiras e encurtar distâncias”, destacou Pedro Elias. Além da teleassistência, o Núcleo promove ações de teleducação para capacitar profissionais de saúde que atuam no interior do estado. “Médicos, enfermeiros, técnicos de saúde indígena e outros profissionais participam de treinamentos sobre temas relevantes para a Atenção Primária, melhorando a qualidade dos serviços prestados”, destacou.
Sobre o Dia da Cobertura Universal da Saúde, Pedro Elias refletiu acerca dos desafios enfrentados na região amazônica: “Prover saúde de qualidade em áreas remotas exige mais do que superar barreiras logísticas. É preciso políticas públicas inclusivas, infraestrutura adequada e o envolvimento de gestores, políticos comprometidos e da sociedade civil”. Para ele, a Telessaúde “ajuda a fixar profissionais médicos no interior ao garantir suporte remoto de especialistas, reduz custos com remoções desnecessárias e proporciona satisfação aos pacientes, que podem ser atendidos sem precisar sair de suas comunidades. Isso não tem preço”.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh