Notícias
DIGNIDADE E RESPEITO
Voz que transforma: HUGG realiza primeiro Encontro de Harmonização Vocal
No último dia 24 de agosto, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizou o primeiro encontro de harmonização vocal, evento que marca um avanço significativo na ampliação da assistência a pessoas que desejam realizar cirurgias transsexualizadoras. O encontro, gratuito e aberto a estudantes, profissionais de saúde, representantes de entidades e à população interessada, teve como objetivo discutir e alinhar expectativas e necessidades para o desenvolvimento de uma assistência mais abrangente e sensível.
Segundo o gerente de Ensino e Pesquisa do HUGG, Daniel Aragão Machado, a cirurgia de glotoplastia, também conhecida como cirurgia de voz, é uma das diversas ações de saúde implementadas no processo de transexualização. "Essa cirurgia é fundamental para muitas pessoas trans que, por exemplo, não são reconhecidas como mulheres ao telefone devido à tonalidade de sua voz. Isso causa desconforto e reforça a importância dessa intervenção dentro do processo transexualizador", explicou.
O evento foi planejado para reunir profissionais da área, pacientes e entidades que atuam na defesa dos direitos das pessoas trans, permitindo uma troca de ideias que, segundo Daniel, já demonstra resultados positivos. "Foi importante convergir ideias e alinhar expectativas, o que mostra que estamos no caminho certo. O HUGG avança como uma das instituições de referência para o atendimento dessas pessoas que buscam o sistema de saúde", afirmou.
O otorrinolaringologista e organizador do evento, Marcos André de Sarvat, destacou a relevância da harmonização vocal, que consiste em intervenções para ajustar a frequência da voz ao gênero da pessoa, tornando-a mais grave ou mais aguda conforme o gênero desejado. "Longe de ser uma 'frivolidade estética', obter uma voz que represente a identidade de alguém é um direito legítimo de todos, trans e cis. Este é um aspecto essencial da qualidade de vida, especialmente para as mulheres trans", comentou Marcos, reforçando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar, que envolva endocrinologistas, fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas.
O impacto da harmonização vocal na vida das pessoas trans vai além da simples modificação da voz; ela está profundamente ligada à percepção de gênero e à saúde mental. A voz, como fator marcante na percepção de gênero, pode gerar sentimentos de inadequação quando não corresponde à identidade da pessoa, influenciando significativamente seu bem-estar psicológico e social.
O evento do HUGG também ressaltou a importância da voz como elemento fundamental na expressão de gênero e no combate ao estigma e à discriminação que muitas vezes afetam as pessoas trans. De acordo com Sarvat, "a atuação multiprofissional é essencial para oferecermos a melhor assistência possível, e nosso encontro reforçou essa necessidade. Estaremos juntos na Marcha Trans, no dia 15 de setembro, nos Arcos da Lapa, demonstrando nosso apoio à causa."
A realização do encontro de harmonização vocal é um passo importante para o HUGG, que se consolida como um centro de referência na assistência a pessoas trans, oferecendo cuidados que vão além do aspecto físico, englobando também a saúde mental e social dessas pessoas. O compromisso do hospital com a promoção da saúde integral reflete a busca constante por práticas mais inclusivas e humanizadas, em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde e da Política Nacional de Saúde Integral LGBT.
Rede Ebserh
O Hospital Universitário Gaffrée e Guinle da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (HUGG-Unirio) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde dezembro de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh