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RELATOS E HISTÓRIAS
Quando achei que o túnel estava fechado, a equipe de saúde do HUGG-Unirio/Ebserh me ensinou novos caminhos e me deu um novo sentido.
Meu nome é Sueli Viana e tenho 64 anos. Desde 2004, já tinha enfrentado alguns problemas de saúde muito sérios. Fiz operação nas mamas para retirar um câncer e depois tive de fazer uma histerectomia total bilateral (retirada do útero e dos dois ovários), que é uma cirurgia muito agressiva e tira a alma da mulher. Como consequência desenvolvi glaucoma, artrose e outras complicações ligadas aos procedimentos. Uma parte do tratamento foi realizado no serviço público e o restante por um plano de saúde, que passei a ter para me cuidar. Em 2019, já durante a Pandemia, tive uma virose e expeli um pouco de sangue. Na hora passou um filme na minha cabeça, afinal, como tinha uma irmã que teve câncer de mama e depois câncer de pulmão, apresentando, inicialmente, os mesmos sintomas, fiquei alerta e resolvi falar com a minha filha da necessidade de realizar novas checagens. Ao consultar o mastologista e fazer tomografia foi identificado um nódulo no pulmão. Fui então orientada pela dra Maria Ribeiro, que também trabalha no HUGG (Hospital Universitário Gaffrée e Guinle), a fazer o tratamento o mais rapidamente possível. Porém, como ela não estaria presente, resolvi esperar, afinal se Deus tinha colocado ela no meu caminho eu tinha de esperar.
Quando fui operada tiraram metade do pulmão direito. Foi muito agressivo pois tive de aprender a respirar, a andar e a me limitar, mas foi tudo bem depois. Consegui ajudar na criação dos meus netos, pois já não tinha mais febre, nem tosse. Porém, em dezembro de 2019 abri mão do plano de saúde por questões financeiras e fiquei desesperada sobre onde poderia continuar meu acompanhamento, em caso de necessidade. Todos os médicos que procurei por indicação me disseram não, até que me lembrei da dra Maria e telefonei para ela, que me recomendou vir ao HUGG, onde fui muito bem recepcionada. No mesmo dia me encaminharam para o Oncologista e logo comecei uma nova quimioterapia.
O mesmo filme passou de novo. E agora? Estava com o cabelo lindo, tinha acabado de fazer aniversário, netos novos, um marido e uma mãe que dependiam de mim. E, mais uma vez, uma profissional daqui me deu forças para continuar. Nesse tempo todo, conhecendo tantas unidades hospitalares, posso dizer que aqui encontrei pessoas humanas, que formam uma família. Eu fui tratada com tanto carinho que passei a sentir paz e tive forças para começar, novamente, mais um tratamento. Não foi fácil, pois tive alergias e bastante angustia. Mas não passei sozinha, pois quem tem Deus nunca está sozinha. Só pedia para ser feita a vontade Dele, pois já estava cansada.
Ao contrário das outras vezes passei a registrar as etapas do tratamento, para visualizar cada passo. Foi tudo muito pesado e cheguei a pensar em desistir, mas tive um aprendizado, nesse tempo todo, que me manteve de pé, afinal não era só eu que passava aquilo. Aprendi a valorizar cada momento, cada minuto, cada pessoa que estava a minha volta.
Os tumores começaram a se estabilizar e hoje em dia tudo está controlado. Isso me fez recomeçar e inspirar outras pessoas que viam minha vontade e felicidade de estar viva. Amigos começaram a repensar, e redimensionar, seus próprios questionamentos a partir da minha experiência, pois eu já chegava com os olhos brilhando. Quando achei que o túnel estava fechado, a equipe de saúde daqui me ensinou novos caminhos e me deu um novo sentido. E tudo com um olhar humanizado. A mão que me foi estendida é inesquecível, afinal, o sorriso é o melhor remédio, aliado à alegria e ao amor.
Aprendi, também, que o câncer não vem só pra mim ou para quem teve. O câncer vem para curar quem está doente em volta da gente, pois tem muitas pessoas que se desesperam com quase nada. Hoje meu cabelo está crescendo de novo e estou podendo acompanhar meus netos. Um deles, inclusive, fala que o mais importante que estou deixando de legado é a herança do amor. Minha família mudou e ficou mais unida. Um dia todos nós temos de ir, mas temos de ter a consciência que somos todos iguais e, por isso, todos devemos incentivar uns aos outros a nunca desistir.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.