Notícias
AÇÃO E PREVENÇÃO
Acompanhamento regular garante melhor qualidade de vida para pacientes com ceratocone
O Dia Mundial do Ceratocone conscientiza a população sobre essa condição oftalmológica que afeta a córnea
Celebrado em 10 de novembro, o Dia Mundial do Ceratocone conscientiza a população sobre essa condição oftalmológica que afeta a córnea, tornando-a mais fina e irregular. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), é uma doença que acomete os dois olhos, de forma assimétrica e afeta cerca de 150 mil brasileiros por ano. Especialistas dos hospitais universitários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) destacam os avanços nos tratamentos, os desafios enfrentados pelos pacientes e a importância do acompanhamento regular.
Caracterizado por um afinamento progressivo que compromete a visão, tem origem genética e pode ser agravado por fatores como alergias. O oftalmologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luiz Felipe Lynch, explica que o ceratocone “é uma deformidade da córnea devido a um defeito genético no colágeno que a torna frágil e propensa a deformar-se, geralmente resultando em miopia e astigmatismo.”
Tratamento do Ceratocone e tecnologias de ponta
O tratamento avança de forma escalonada, conforme detalha a chefe do serviço de oftalmologia do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, Raissa Casseb, pertencente ao Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (HUBFS-UFPA). “O tratamento começa com lentes corretivas e evolui para opções mais avançadas, como o crosslinking e o implante de anel intracorneano, ambos eficazes na estabilização da doença e prevenção do transplante de córnea”, explica Raissa. No HUBFS, esses tratamentos são oferecidos integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo o transplante de córnea para casos mais graves.
A oftalmologista do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio), Lorena Barros, chama a atenção para a importância do acompanhamento contínuo. Além das dificuldades com a visão, a qualidade de vida é afetada, a exemplo de atividades rotineiras como dirigir e ler, o que pode gerar estresse e ansiedade. “O acompanhamento constante permite não apenas ajustes no tratamento, mas também um manejo mais humanizado e orientado para as necessidades individuais,” acrescenta Lorena, ressaltando o papel dos oftalmologistas em orientar e tranquilizar os pacientes.
Nos hospitais da Rede, a especialização em ceratocone reflete o volume de atendimentos e a adoção de tecnologias avançadas. No HUGG são realizados cerca de 80 atendimentos mensais, com o uso do tomógrafo de córnea Pentacam, tecnologia de alta precisão. O hospital também concluiu recentemente uma pesquisa sobre a prevalência de ceratocone entre seus funcionários e estudantes, que revelou uma taxa de aproximadamente 13% — uma das maiores já relatadas e um indicativo da importância da conscientização sobre a doença.
Atendimentos nos hu´s garantem cuidados humanizados aos pacientes
No Hospital das Clínicas da UFPE, o número de atendimentos mensais nessa área também é significativo, com cerca de 50 pacientes recebendo diagnóstico e acompanhamento. “Nossa parceria entre os setores de oftalmologia e alergologia permite um cuidado mais amplo, essencial para minimizar a progressão da doença, especialmente em crianças alérgicas,” explica Luiz Felipe Lynch, enfatizando a importância de uma abordagem multidisciplinar para evitar complicações.
Já o HUBFS- UFPA “é o único no Pará a oferecer pelo SUS tratamentos que vão do crosslinking ao transplante de córnea, ampliando as opções para estabilização da doença,” destaca Raissa. A unidade também oferece acompanhamento regular para garantir a eficácia das intervenções e prevenir o avanço da condição. Atualmente, cerca de 80 pacientes já foram diagnosticados e aguardam por transplante de córnea na unidade.
No Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes-UFBA), a oftalmologista Patrícia Marback comenta que o hospital se consolidou como referência no tratamento de ceratocone na Bahia, com atendimento especializado para casos complexos. “Nosso serviço consolidou-se através do transplante, e continuamos aprimorando técnicas, como o crosslinking adaptado para pacientes com córnea fina, o que amplia as possibilidades de tratamento”, explica. A médica acrescenta que a humanização no atendimento é fundamental para o sucesso do tratamento. “O ato de ouvir, olhar nos olhos e acolher o paciente é inerente à nossa prática, principalmente para doenças que impactam tanto a vida dos pacientes”, completa.
Um exemplo desse cuidado é o de Maria Eduarda, de 15 anos, diagnosticada ainda na infância. Ela passou por um transplante de córnea no Hupes, no último dia 24 de outubro. “Quando a gente descobriu, já tinha avançado muito. Foi de um dia para o outro; no dia anterior, eu sentia umas dores no olho e, no outro dia, já amanheceu com a mancha em cima da córnea", relembra a jovem. Com medo de perder a visão, ela lembra que foi acolhida e tranquilizada pela equipe médica. "Eu comecei a ficar apavorada porque achava que ia ficar cega, mas todo mundo foi muito atencioso. Os médicos explicaram cada etapa, inclusive na hora de dar a anestesia”, conta Maria Eduarda, que diz ter sentido segurança no tratamento que recebeu.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh