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Projeto orienta sobre doação de leite materno durante a pandemia
Na Semana Nacional de Doação de Leite Humano, a série de reportagens sobre ações extensionistas, desenvolvida pelo portal da Ufes, apresenta o projeto de extensão Estratégias de solidariedade na doação de leite materno nos tempos de covid-19. Coordenado pela professora Janaína de Alencar, do Departamento de Fonoaudiologia (campus de Maruípe), o projeto tem como finalidade implantar estratégias de promoção de saúde para orientar e incentivar a doação de leite materno, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus.
Com atividades iniciadas em maio de 2020, o projeto de extensão atua no Centro de Referência Estadual de Banco de Leite Humano (CRE-BLH) do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes). A equipe é composta por 25 membros, entre enfermeiros, fonoaudiólogos, médicos, professores e residentes de Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Serviço Social, que buscam promover estratégias para que a população tenha acesso a informações seguras e de qualidade sobre a doação de leite humano. As atividades são desenvolvidas de acordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e cumprindo com todas as medidas de segurança para preservar a saúde de profissionais, famílias e lactantes.
Doação em tempos de covid
O objetivo da ação é sensibilizar e educar a população para a importância da doação do leite materno, especialmente em tempos de covid-19. “Devido à situação de pandemia, a Rede Brasileira de BLH (rBLH) observou uma queda importante no número de doações e esta situação preocupa a equipe médica, pois muitos recém-nascidos internados na rede pública de saúde precisam desse alimento para sobreviver. É necessário que as lactantes sejam apoiadas a doar”, destaca a coordenadora.
Segundo a enfermeira e coordenadora do BLH/Hucam, Mônica Pontes, a rBLH, a OMS e várias agências científicas recomendam a vacinação contra a covid-19 em mulheres grávidas, nas que estejam amamentando e naquelas que tenham interesse em doar leite humano. A doação é suspensa por 14 dias no caso de mães com suspeita ou com confirmação de infecção por covid-19.
Já a amamentação é diferente. “Mães com suspeita da doença e aquelas com infecção confirmada podem amamentar, seguindo os protocolos de segurança. Os benefícios imunológicos do leite humano, no seu papel imunomodulador, superam qualquer risco potencial de transmissão do vírus”, informa Mônica Pontes.
Inovação
O projeto de extensão deu origem a três atividades inovadoras para incentivar a doação e aumentar o estoque de leite materno no BLH/Hucam: produção de material informativo, utilização do Serviço de Telessaúde do hospital e realização de monitoramento remoto.
O material informativo, chamado de tag, é distribuído na bandeja de refeição, no horário do almoço das lactantes internadas na maternidade. A tag contém orientações sobre amamentação, doação de leite e covid-19.
A utilização do Serviço de Telessaúde ocorre em virtude da recomendação sanitária pela diminuição do número de agendamentos, para evitar o comparecimento das famílias à maternidade. As teleconsultas, realizadas por três enfermeiras, uma médica e uma fonoaudióloga, acontecem duas vezes por semana, com duração de uma hora, totalizando cerca de 30 atendimentos por mês. Durante os teleatendimentos são oferecidos suporte e orientação às mães com dificuldade na amamentação e, nos casos em que há necessidade de intervenção especializada, são disponibilizadas consultas presenciais.
As puérperas (mulheres que deram à luz recentemente) que receberam alta hospitalar e as gestantes da unidade de saúde (conhecidas como Doadoras de Leite do Futuro) são monitoradas por telefone e mensagens via SMS e WhatsApp. Elas recebem orientações a cada 48 horas sobre sintomas de infecção pelo novo coronavírus e o processo de aleitamento materno. “O roteiro foi pré-estabelecido de acordo com as orientações do Ministério da Saúde”, ressalta Janaína de Alencar.
Durante a execução das ações do projeto foram ainda elaboradas e aprovadas duas iniciações científicas: O Mural de Vozes, que reúne depoimentos de profissionais de saúde e de mães doadoras e receptoras, e a Campanha de Aleitamento Materno.
Resultados
Dados de 2020 do Relatório de Produção da rBLH mostram que, mesmo com o afastamento social imposto pela pandemia, as ações do projeto impactaram o incentivo à doação de leite humano. No período de setembro de 2019 a fevereiro de 2020, foram coletados 690,8 litros de leite materno. Nos seis meses após o início da pandemia (março a agosto de 2020), já durante a intervenção da equipe, o BLH/Hucam coletou 816,1 litros, um aumento de 15,35%.
Sobre a utilização do Serviço de Telessaúde, Janaína de Alencar relata que, apesar de as puérperas não estarem familiarizadas com a tecnologia, a ação foi uma alternativa de grande importância, e 98 mulheres já aderiram ao modelo proposto. “A atividade de monitoramento das nutrizes após alta hospitalar e a ação Doadoras de Leite do Futuro foram essenciais para a construção de uma nova cultura sobre a doação de leite materno”, analisa.
Em relação ao impacto social, a coordenadora afirma que houve a construção de um novo hábito sobre a doação e que o projeto de extensão vem sendo modelo de novas práticas em saúde. Nesse sentido, ela destaca a parceria efetivada entre a rBLH, a Unidade de e-Saúde do Hucam, o projeto Antissépticos Ufes e a Residência Multiprofissional de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Hucam.
Extensionistas
As estudantes de graduação em Fonoaudiologia Camille Spadetto, Vanessa Semedo e Brenda dos Santos atuam como extensionistas voluntárias do projeto. Camilla Spadetto se diz agradecida por participar das atividades do projeto: “É incrível para mim e tão importante para o desenvolvimento dos bebês que estão na UTI Infantil! É dar a oportunidade de um recém-nascido ter o melhor alimento dessa terra, que é um alimento completo e essencial para o desenvolvimento. Esse projeto ganhou meu coração”.
Brenda dos Santos acredita que, além da “principal finalidade da amamentação, que é saciar a fome do bebê”, o ato aumenta o vínculo entre mãe e filho e a imunidade da criança. “Além disso, prepara toda a musculatura da face para o seu filho conseguir falar melhor lá na frente. Por essas e outras coisas, é importantíssimo o aleitamento materno”, reforça.
Vanessa Semedo lembra que não amamentar não é crime, uma vez que vários fatores podem estar associados à não amamentação. Mas, para as mães que podem, é uma atitude muito importante. “Você que pode, faça por si e para os outros. Doe leite materno, salve vidas”, enfatiza.
Informações sobre doações podem ser adquiridas no Banco de Leite Humano do Hucam, pelo telefone (27) 3335-7515.
Texto e edição: Superintendência de Comunicação e Cultura da Ufes
Imagens: arquivo pessoal