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SAÚDE
Políticas de humanização no Hucam valorizam participação paterna
Nesta reportagem, você vai conhecer os projetos:
Pai Canguru
Pré-natal do Parceiro
Diálogos com Acompanhante
Brasília (DF) - No dia 8 de fevereiro deste ano, o jovem Marrone, com 24 anos, olhou para a tela apontada pelo médico e perguntou a si mesmo: “Será que eu vou dar conta?”. O aparelho mostrava o resultado do exame de ultrassom que sua companheira estava fazendo naquele momento e indicava uma gravidez de trigêmeos. A dúvida demorou só um segundo, pois ele já tinha a resposta. “Eu soube que ia dar conta, porque quis participar de todo o processo e faço questão de comemorar isso neste Dia dos Pais”.
Além de chamar para si a responsabilidade de “dar conta”, Marrone encontrou a oportunidade de exercer a tripaternidade de forma ativa em um dos hospitais da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que oferecem uma série de ações de humanização, incluindo estimular a presença dos pais em todos os momentos da gestação, da preparação para o parto até a alta. Essas iniciativas foram relacionadas por pacientes e profissionais da rede, por ocasião do Dia dos Pais.
Hoje, Marrone é apontado pela equipe de enfermagem como um dos pais mais participantes da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (Utin) do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), onde ele e a esposa, Betânia, cuidam de Cecília, Augusto e Bento.
Pai Canguru
Como ele, os pais são estimulados a participar de todos os momentos do cuidado, como o contato pele a pele proposto pelo Método Canguru, que é uma técnica de atenção ao recém-nascido de baixo peso. “A equipe orienta sobre este papel do pai e fornece treinamento sobre a dieta, a higiene do bebê e outros itens”, disse a chefe da Utin no hospital, Nallia Coimbra.
No Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), desde 96, são formados quatro grupos de casais grávidos por ano, com participação das gestantes e seus acompanhantes que, geralmente, são os pais do bebê, de acordo com a psicóloga Zaira Custódio, uma das organizadoras do grupo.
“De modo geral, os pais querem saber sobre a função deles durante a gravidez, durante o parto, nascimento e pós-parto”, disse. Segundo ela, nestes 28 anos de atividade, já foram formados 113 grupos com 15 a 20 gestantes e seus acompanhantes. O direito à presença do acompanhante escolhido pela mulher, assegurado por lei de 2005, existe no HU desde a criação da maternidade, em 1995.
Outra iniciativa direcionada ao companheiro da gestante é o Pré-natal do Parceiro no ambulatório Jenny Andrade de Faria, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG). Trata-se de uma estratégia do Ministério da Saúde que tem o objetivo de preparar o homem cis ou trans para uma paternidade mais ativa, além de criar a possibilidade de detectar doenças precocemente. O serviço é oferecido ao companheiro durante os atendimentos na instituição.
“A saúde do companheiro influencia a saúde da mulher e do bebê, podendo prevenir complicações e estimular este companheiro a ter uma vivência com mais qualidade de vida. Então, no pré-natal a gente aproveita para conscientizar o companheiro da importância dos cuidados com a saúde dele e da família. A unidade básica continua sendo a referência principal para prevenção de agravos”, explicou a enfermeira obstetrícia do HC, Leydiane Andrade Ferreira.
A assistente social do Hospital Universitário Ana Bezerra, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huab-UFRN), Jaciclelma Márcia da Silva, destacou, entre as ações de humanização e de incentivo ao papel do acompanhante, o projeto de extensão Diálogos com Acompanhante. “O projeto abre seu momento dialogando com os e as acompanhantes sobre as experiências vividas, esclarecendo dúvidas e prestando orientações durante o processo de hospitalização que envolve tanto as mães, os pais ou responsáveis pelas crianças, quanto as puérperas e seus acompanhantes”, disse.
Com estas oportunidades criadas pelos hospitais universitários, pais e acompanhantes têm espaço para exercer a paternidade e enfrentar as dificuldades que o processo impõe para os casais. É o caso do autônomo Erione de Assis, de 27 anos, que está ao lado da esposa Larissa e do filho Ravi há cerca de quatro meses na Utin do Hucam-Ufes. Ele deixou as atividades que exerce como autônomo para se dedicar exclusivamente à família e conta com o apoio da equipe no hospital para superar esta fase.
“O Ravi nasceu antes do esperado, com 23 semanas e seis dias e ter que ficar na Utin vira o mundo da gente de cabeça para baixo. Mas, com os direitos que o hospital abre para o acompanhante e com as orientações que recebemos, vamos aprendendo juntos a lidar com tudo isso. Desde o primeiro momento fiz questão de estar aqui com Larissa e com Ravi e vai ser assim a vida toda, por todos os Dias do Pai”, afirmou.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Sinval Paulino, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social