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Saúde Coletiva
Pesquisa comprova método de tratamento de alcoolismo realizado no Hucam
Imagem de Gerd Altmann - Pixabay
Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes (PPGSC) comprovou a efetividade da Consulta de Enfermagem Motivacional (CEM) no tratamento de pacientes alcoolistas. De autoria de Lucas Queiroz Subrinho, sob orientação dos professores Marluce Siqueira e Marcos Vinícius dos Santos, a tese de doutorado Consulta de Enfermagem Motivacional com Alcoolistas: o cuidado no processo de mudança evidenciou a redução no consumo pesado de bebidas alcoólicas (seis ou mais doses em uma ocasião) e no padrão dos dias de consumo. Além disso, os sintomas de depressão e estresse também diminuíram após um ciclo de cinco atendimentos.
“Nós, profissionais da saúde, temos um desejo nato de ajudar o outro que nos procura. Isso requer habilidades de comunicação quando envolve mudança de comportamento. Nosso estudo apresenta uma maneira de promover uma conversa colaborativa para tornar os enfermeiros mais eficazes em guiar o usuário no processo de mudança, e demonstrou resultados positivos do cuidar ‘com’ o outro no âmbito da saúde”, afirmou o pesquisador Subrinho.
Coleta de dados
A coleta de dados para a pesquisa foi iniciada em fevereiro de 2023, após a construção do protocolo de intervenção, aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), treinamento da equipe de pesquisa e integração com os membros do Programa de Atenção ao Alcoolista do Hucam (PAA/Hucam-Ufes). O PAA possui uma atuação voltada à integralidade do cuidado ao alcoolista por uma equipe multiprofissional.
Em 2023, foram realizadas 390 Consultas de Enfermagem Motivacional com usuários do PAA/Hucam-Ufes. Dessas, 190 foram monitoradas pelo estudo, sendo que 21 usuários participaram das cinco CEM no período de 90 dias. A média de idade aproximada foi de 52 anos (10,9%), oscilando de 33 a 79 anos. Prevaleceram os do sexo masculino (85,7%), sem companheiros/as (52,4%), com escolaridade de ensino médio (42,9%), com filhos (76,2%) e renda de menos de um salário mínimo (38,1%). Quanto aos hábitos de vida, as características de saúde e a prática de alguma atividade física foi referida por 52,4% dos participantes, e a doença com maior prevalência de forma autorreferida foi algum transtorno psiquiátrico (45,0%).
As mudanças de comportamento foram avaliadas em três momentos: antes da primeira consulta, no dia da terceira e após a quinta consulta motivacional. Os usuários responderam questionários compostos de variáveis de padrão de consumo de bebidas alcoólicas, sintomas de ansiedade, depressão e estresse, nível de dependência, mudança percebida e prontidão para mudança.
Para os usuários que iniciaram o acompanhamento, tirar o pensamento de beber da cabeça era muitas vezes (20,63%) ou sempre difícil (15,8%) e trazia consequências na sua rotina do dia a dia, como deixar de comer (52,38%) e planejar seu dia em função da bebida (50,0%).
A aplicação dos métodos da CEM – que promove um estilo de comunicação colaborativo, para fortalecer a motivação pessoal por meio do estabelecimento de vínculo, objetivo, razões e planejamento – em 90 dias foi bastante positiva para a mudança de comportamento no consumo de bebidas alcoólicas. O consumo pesado (seis ou mais doses em uma ocasião) e o padrão dos dias de consumo foram reduzidos. Além disso, os sintomas de depressão e estresse também diminuíram.
Além de ser uma ferramenta para o tratamento de dependência de álcool, a CEM é uma alternativa de baixo custo, podendo reduzir os impactos econômicos do consumo de álcool no Sistema de Saúde e de Seguridade Social.
O atendimento é oferecido gratuitamente no PAA/Hucam-Ufes, no campus de Maruípe.
O estudo teve apoio do projeto de Boas Práticas em Saúde Mental do Governo do Estado do Espírito Santo.
Redação:
Sueli de Freitas/Revista Universidade