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SETEMBRO VERDE
Mãe relata como o filho viu seu rosto pela primeira vez após transplante de córnea no Hucam/Ufes
Em março de 2022, um dia após receber o transplante de córnea no Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (Hucam/Ufes), da rede Ebserh, o pequeno Rhavy, então com pouco mais de um ano, abriu o olho e viu as cores da manta em sua cama; em seguida, levantou os olhos e viu o rosto de Elisa Clemente, a mulher que filmava a cena e hoje faz um relato emocionado: “Ele acabou de abrir o olho e a gente começou a filmar. Ele olhava para as cores e no final ele olha pra mim. É desse jeitinho que o meu filho viu meu rosto pela primeira vez”.
Nesta penúltima reportagem da série Setembro Verde, o protagonista é Rhavy, que nasceu em 4 de dezembro de 2020 em Barra de São Francisco, no interior do Espírito Santo, e foi diagnosticado com glaucoma congênito nos dois olhos. Com apenas sete dias de nascido, já no dia 11 estava no Hucam, que é referência em captação e transplante de córnea, inclusive infantil, com uma média anual de 88 transplantes e 138 captações por ano desde 1998.
O menino foi encaminhado para duas cirurgias devido à pressão intraocular em 2021, enquanto a família já esperava pelo transplante, que aconteceu em março de 2022 e janeiro de 2023, no segundo olho, tornando-se o paciente número 2000 de transplantes de córnea no HU do Espírito Santo. Hoje, com dois anos e oito meses, Rhavy troca olhares com a família e o transplante mostra outros benefícios além do rosto da mãe.
“De lá para cá, ele virou outro menino. O problema que ele tinha na vista não afetava só a visão, mas atrapalhava também seu desenvolvimento, seu crescimento e sua saúde. Depois do transplante, o Rhavy passou a interagir mais, a brincar mais, a crescer e até a se alimentar melhor”, resume Elisa, que se emociona ao lembrar de todos os momentos dos últimos anos: do teste do olhinho na maternidade até o vídeo de 2022, passando pelo dia em que recebeu a ligação do residente avisando que chegou um doador.
Elisa diz que não sabe, ainda, qual é o comprometimento da visão de seu filho, mas faz questão de mostrar gratidão às equipes de saúde de sua cidade e do Hucam e, principalmente, à família do doador, por proporcionar uma nova vida para Rhavy. “É difícil dizer algo para a família, porque sabemos que ela sofreu uma perda, mas só tenho sentimento de gratidão pela nova vida que este doador deu ao meu filho”.
Menina recebeu parte do fígado do pai em cirurgia inédita
Quem tem a oportunidade de mostrar esta gratidão e pode abraçar o doador todos os dias é Valentina, que hoje tem três anos. Diagnosticada com uma grave doença hepática quando tinha um ano de idade, Valentina foi submetida a um transplante de fígado doado pelo próprio pai, o empreiteiro Alexandre Pereira, de 39 anos, no pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG/Ebserh) em 2020.
O transplante hepático intervivos pediátrico, então um procedimento inédito em Minas Gerais, foi a solução encontrada pela equipe do Grupo de Transplante Hepático do HC-UFMG/Ebserh, que contou com cerca de 15 profissionais, entre médicos e profissionais da Enfermagem para esta cirurgia de oito horas.
“Valentina hoje está bem de saúde, se desenvolve bem, é bastante ativa. Ela continua tendo acompanhamento médico e realiza os exames, e nós guardamos tudo deste momento para um dia contar para ela esta história. Foi uma benção, que nos fez ver o milagre que é um transplante na vida da pessoa e hoje o pai dela sente muito orgulho de ter dado esta oportunidade para ela,” conta Helania da Costa de Souza Pereira, mãe de Valentina.
A lavradora Ociene Costa de Sousa, 31 anos, também exprime este sentimento de gratidão à família que optou pela doação de rim e mudou a vida de seu filho Flávio, de 9 anos. “Se eu pudesse falar com o doador, eu ia agradecer muito, porque eles não têm noção da felicidade que é ver meu filho livre daquela máquina. Eu agradeço a Deus todos os dias e peço para proteger a família deste doador”, afirma.
Segundo ela, Flávio foi submetido durante dois anos à hemodiálise, enquanto aguardava pelo rim no Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), também vinculado à Ebserh. “A médica falou que o caso dele era de transplante e graças a Deus este rim chegou. Ele hoje sabe da gravidade do problema, sabe do que pode e não pode fazer ou comer, mas vive uma vida plena graças ao transplante e à família do doador”, encerra.
Amanhã, na última reportagem desta série especial preparada pela Coordenadoria de Comunicação da Ebserh, o destaque será os transplantes entre familiares.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Veja as matérias da série:
Doadores e receptores afirmam que ganharam nova família após transplante
Equipes especializadas da Ebserh atuam 24 horas para fazer captação de órgãos de forma humanizada
Por: Sinval Paulino, com apoio de Angélica Lúcio e Vanda Laurentino e edição de Danielle Campos.
Tags: Setembro verde, Doação de órgãos, ebserh