Notícias
HEBIATRIA
Hucam investe em hebiatria: medicina de adolescente
Aproximadamente um em cada cinco capixabas passa, neste momento, pela fase da vida em que novas doses de hormônios afloram e caminha para a fase adulta. São meninos e meninas entre 10 e 18 anos incompletos que se encaixam dentro da faixa etária atendida pelo Ambulatório de Atenção Integral à Saúde do Adolescente, no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam).
A medicina da adolescência, entre os acadêmicos, também é chamada de hebiatria. O nome vem do radical grego 'hebe', a deusa da juventude na mitologia deles. No Brasil, a hebiatria é uma especialidade, em grande parte, absorvida por pediatras e clínicos gerais mas, no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), há profissionais específicos para o cuidados deste público.
A professora e hebiatra Sandra William Martins explica sobre o perfil dos adolescentes atendidos no ambulatório do Hucam. "Chegam adolescentes com problemas com a própria imagem ou então com problemas de comportamento. A depender da forma como a família perde o controle que tinha sobre o adolescente, começam a querer usar o médico na busca de alguma autoridade", explica a médica, acompanhada pela endocrinologista pediátrica Nadia Kleine.
A descrição feita acima leva facilmente à percepção de que examinar o adolescente não é só observar a fisiologia, mas também o ambiente social.
A hebiatra Maria das Graças Coy explica sobre a importância de se concentrar na escuta de relatos dos adolescentes. "Passamos para os alunos a necessidade da observação mais qualificada dos pacientes. Às vezes, o problema não necessariamente tem a ver com a queixa que trazem. As questões que decorrem da violência chegam também de forma escondida. Só depois do primeiro contato, por exemplo, é que uma pessoa com queixas de timidez se revela ser vítima de abusos sexuais".
Desde o ano passado, a equipe foi reforçada com especialistas contratados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A chefe da Divisão Médica do Hucam, Aparecida das Graças Carvalho Gomes, acrescenta que a excelência no cuidado ao público adolescente desenvolvido no hospital cumpre papel importante, sobretudo no treinamento de profissionais da rede básica de saúde.
"Trata-se de um fator de multiplicação do conhecimento sobre o atendimento na área, inclusive para formalizar parcerias com prefeituras para ajudarem em seus projetos de atendimento deste público".
Esta semana, em que se comemora o Dia Mundial do Adolescente, a equipe da Residência Multiprofissional em Saúde que trabalha no Ambulatório da Pediatria inaugurou uma rotina de encontros com meninos e meninas entre 10 e 13 anos para discutir sobre a adolescência. A intenção é fazer uma reunião a cada duas semanas. A assistente social Queren Martins, que integra a equipe multidisciplinar, explica o objetivo do trabalho.
"Reunimos pacientes da faixa etária que são tratados em outros ambulatórios do Hucam, logo, têm um histórico de doenças. Mas nas reuniões não fazemos questão de tratar desses problemas, e sim dos dilemas da adolescência, as mudanças típicas dessa idade", explica a assistente social. A equipe multidisciplinar reúne ainda profissionais da psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutrição e enfermagem.