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Projeto de pesquisa do HU-UFSCar analisa diferentes técnicas cirúrgicas para tratamento de varizes
Safenectomia e ablação por radiofrequência são estudadas para tratamento de varizes no SUS
São Carlos (SP) – No Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), um projeto de pesquisa inovador está em andamento, visando comparar os efeitos e custos de diferentes técnicas para a cirurgia de varizes. Com a participação de alunos do curso de Medicina da UFSCar, sendo uma bolsista e sob a orientação do professor Michel Nasser, o objetivo é analisar a safenectomia e a ablação por radiofrequência (ARF) como opções de tratamento. O estudo busca trazer avanços no tratamento de varizes, melhorando a qualidade de vida dos pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de contribuir para a formação acadêmica dos alunos envolvidos.
O pesquisador relata que, somente em São Carlos, a fila de espera para o procedimento é de aproximadamente 800 pacientes: “Estamos fazendo uma análise da relação custo-efetividade para determinar a melhor opção de tratamento, que seja mais econômica para o hospital e para o SUS, considerando também o tempo de recuperação do paciente”. A hipótese inicial, apoiada em estudos anteriores, sugere que a técnica ARF pode oferecer melhor custo-benefício, pois não requer internação, há diminuição da dor e um desfecho clínico mais favorável. Para comprovar essa teoria, serão realizadas dez cirurgias de cada técnica, possibilitando uma análise comparativa dos resultados.
A safenectomia é um procedimento invasivo que envolve a remoção das varizes e a extração da veia safena. Embora os resultados sejam satisfatórios a médio e longo prazo, exige anestesia raquidiana, o tempo de recuperação é de 30 a 60 dias e requer internação hospitalar. Já a ARF é uma técnica menos invasiva que utiliza energia térmica gerada por radiofrequência para tratar a veia. Essa técnica é mais rápida, pode ser realizada ambulatoriamente, sem necessidade de internação hospitalar, e permite que o paciente retorne ao trabalho em 15 dias. A longo prazo, a ARF apresenta resultados semelhantes à técnica tradicional.
Para a acadêmica e bolsista de Iniciação Científica atuante no projeto, Ana Luiza Carvalho Sartoreli, “participar de uma pesquisa como essa tem sido para mim uma oportunidade muito importante de adentrar o cenário de produção acadêmica dentro da universidade, bem como entender as diferentes formas que podemos contribuir cientificamente para o desenvolvimento e inovação no tratamento hospitalar. Esse projeto tem me permitido entender o pensar no cuidado que vai além do centro cirúrgico”.
Entenda mais sobre a Doença Venosa Crônica
De acordo com o “Projeto Piloto de Análise Econômica e de Desfecho Clínico do Uso de Ablação por Radiofrequência comparado à Safenectomia no HU-UFSCar”, as veias varicosas, conhecidas popularmente como varizes, são um dos principais sintomas da Doença Venosa Crônica (DVC) e afetam cerca de 35,5% da população brasileira, sendo mais comum em mulheres. Além de ser a 14ª causa mais comum de afastamento do trabalho, a doença também está associada a um maior risco de desenvolver úlceras venosas, causando dor, edema, dificuldade para caminhar e outros sintomas que afetam a qualidade de vida. Essas veias dilatadas e tortuosas podem causar baixa autoestima, especialmente em mulheres.
Infelizmente, a remissão da doença é rara, exceto em casos pós-gravidez e parto. O tratamento clínico é limitado e depende da adesão do paciente ao uso de métodos compressivos, como meias elásticas. No entanto, esses tratamentos não são eficazes o suficiente e, muitas vezes, resultam em recidivas das úlceras. Entre as opções de tratamento cirúrgico, estão a safenectomia e a cirurgia de ablação por radiofrequência (ARF), objetos do estudo.
Saiba como surgem as varizes nas pernas e como prevenir
As varizes são um problema comum que surge quando as veias perdem a habilidade de impulsionar o sangue das pernas de volta ao coração, principalmente, devido à ineficiência das válvulas venosas. Os sintomas das varizes incluem sensação de peso nas pernas, formigamento e maior sensibilidade na região.
Diversos fatores podem causar o surgimento das varizes. A genética desempenha um papel importante, já que ter um parente próximo com varizes aumenta as chances de desenvolvê-las. O uso de medicamentos hormonais, como anticoncepcionais, também pode afetar o sistema vascular. A obesidade sobrecarrega os vasos sanguíneos das pernas, enquanto a gravidez pode causar varizes pélvicas devido à pressão exercida pelo crescimento do bebê. O sedentarismo e a falta de exercícios físicos prejudicam a circulação sanguínea e podem levar ao ganho de peso.
Para prevenir, é importante adotar hábitos saudáveis, como parar de fumar, evitar longos períodos sentado ou em pé parado, além de praticar exercícios físicos regularmente, principalmente caminhadas. O controle de peso e uma alimentação balanceada também são recomendados. Subir escadas pode ser benéfico, pois estimula o retorno venoso. No caso de varizes causadas por fatores genéticos, é aconselhável procurar métodos contraceptivos alternativos às pílulas anticoncepcionais, que podem contribuir para o surgimento das varizes.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar) faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andréia Pires, com revisão de Andrew Costa
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh