Atividade “Julina” no HU-UFSCar proporciona ressignificação e resgate do cotidiano dos usuários

Quando foi convidado para participar da apresentação “Julina” no hospital Universitário de São Carlos, o aposentado e violeiro, Belmiro Carlos Bruno, de 70 anos, confessou aos colegas que não sabia se conseguiria.

Há poucos meses, sua esposa esteve internada no hospital e, devido ao estado avançando da doença, acabou não resistindo. “Ela esteve 40 dias internada em outro hospital, após alta médica, passamos uma semana em casa. Depois ela sentiu dores novamente e viemos para cá, encaminhados diretamente para a UTI, onde ela recebeu toda assistência possível, mas infelizmente partiu”, relembra o violeiro ao final da apresentação.

O violeiro entrou no ambiente, e proporcionou momentos de alegria inclusive para si

O fato aconteceu em janeiro desse ano, considerado um período recente, sendo possível enfrentar um doloroso processo de luto e ressignificar a dor. Principalmente na Unidade de Terapia Intensiva, onde o casal esteve na internação.

“Antes de começar a atividade, ele foi informado sobre os lugares que passaríamos, e deixamos que ele escolhesse se entraria ou não na UTI. Muito emocionado, ele entrou, retornou o contato com a equipe, cantando e tocando para os pacientes que ali estavam, oferecendo também palavras de apoio e incentivo”, comenta Caroline Carneiro, psicóloga do HU-UFSCar.

Um fato curioso, foi o violeiro declarar ser outro espaço, que a UTI estava diferente (e estruturalmente, não existe essa diferença de janeiro até julho de 2024). Segundo a psicóloga, o que ocorreu foi uma nova experiência. “O registro do espaço foi feito com a emoção. Quando ele veio pela internação da esposa, registrou em um formato, e agora, ao entrar no espaço novamente ele resinificou de acordo com uma nova emoção”, reitera a Caroline.

Para além disso, segundo a terapeuta ocupacional, Marina Fogar, a oportunidade de tocar aos pacientes, permite por meio de uma atividade significativa,  "contribuir com essa ressignifição do espaço e da vivência prévia, permitindo no lugar da dor e da perda, sentimentos de empatia, compaixão e gratidão", acrescenta.

Tour “Julino”

A apresentação da “banda Harmonia” pelos espaços do Hospital Universitário da UFSCar, aconteceu no dia 18 de julho, animando os trabalhadores, pacientes e acompanhantes, que celebraram o momento “Julino” oferecido voluntariamente pelo grupo musical.

“Viemos aqui a primeira vez na pós-pandemia, foi um momento interessante, que pudemos animar um pouco e que bom poder retornar ainda mais alegres, poder abraçar e confraternizar”, diz Dirceu Aparecido Cruz, sanfoneiro do grupo.

Trio Harmonia com equipe multiprofissional responsável pela a ação no HU-UFSCar

 O Tour “Julino” pelo hospital passou pela ala pediátrica, envolveu a unidade de saúde mental e a unidade de clínica médica, onde todos os pacientes acompanhados pela equipe multiprofissional acolheram com muita alegria o momento.

Interação entre pacientes, músicos e equipe assistencial do hospital

"Temos objetivos intencionais de resgatar a vivência prévia do cotidiano e cultural do repertório dos pacientes, também ressignificar a vivência do adoecimento e hospitalização e amenizar o sofrimento nesse momento de fragilidade, pontua a terapeuta ocupacional, Mariana Fogar.

crianças da pediatria participaram do momento com acesso também aos instrumentos

Além de visitar os espaços e interagir com pacientes e acompanhantes, o momento ofereceu degustação de comidas típicas dos festejos juninos e confraternização entres os participantes.