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OBESIDADE
Obesidade é caracterizada como doença crônica
A obesidade é caracterizada como uma doença crônica quando há um excesso de tecido adiposo, principalmente na região abdominal, explica a responsável pelo setor de endocrinologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF/ EBSERH), Danielle Ezequiel. Segundo a médica, além de ser uma condição que exige tratamento constante, o indivíduo com massa corporal elevada está mais propenso a desenvolver outras doenças. Entre elas, podemos citar: hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer (intestino, esôfago, mama e tumor de endométrio na mulher), enumera a profissional. A obesidade também está ligada, muitas vezes, a transtornos como depressão, ansiedade e alterações ortopédicas, completa.
De acordo com Danielle Ezequiel, para o indivíduo ser diagnosticado com obesidade, a massa corporal deve ter valor igual ou superior a 30. Esse resultado é obtido através da divisão entre o peso e a altura ao quadrado. Em relação às causas, elas são diversas, genéticas e ambientais. Quanto aos fatores ambientais, “os mais importantes são o sedentarismo e o estilo de vida moderno em relação à alimentação rica em alimentos ultraprocessados, com alto índice de açúcares e gorduras, que vão levar a uma oferta calórica no indivíduo que tem um estilo de vida sedentário e, muitas vezes, tem uma genética que predispõe à doença. Todos esses fatores vão culminar no ganho progressivo de peso e na obesidade”, alerta a endocrinologista.
O HU-UFJF realiza com seus pacientes atendimentos para conscientizá-los sobre hábitos alimentares mais saudáveis, com uma dieta rica em frutas e verduras, além da prática de atividade física. Danielle aborda o projeto de extensão desenvolvido dentro da universidade, com uma equipe multidisciplinar, e que atende cerca de 10 pacientes por semana. O acompanhamento é feito por médico, nutricionista, educador físico e psicólogo. Há ainda uma roda de conversa aberta ao público em geral e que ocorre geralmente na terceira sexta-feira de cada mês. Os temas tratados são diversos, relacionados ao estilo de vida saudável, com nutricionistas, dinâmicas, oficinas com psicólogos, discutindo aspectos emocionais relacionados ao excesso de peso e meditação. Ainda contribuem com o evento profissionais de outras faculdades.
A obesidade no Brasil
Citando a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigetel), realizada nas capitais do país, a responsável pelo setor de endocrinologia afirma que cerca de 54% da população brasileira tem excesso de peso, caracterizado por sobrepeso e obesidade. Entretanto, em comparação às pesquisas anteriores, houve uma redução do número de mulheres obesas com maior escolaridade.
Outras causas da obesidade
A obesidade ainda pode ocorrer por fatores genéticos e hormonais, e não só em função do sedentarismo e da má alimentação. Entretanto, essas condições acontecem em poucos casos. “Ao contrário do que as pessoas pensam, um pequeno número de casos de obesidade se deve a transtornos hormonais, em torno de 5% estão ligados a situações como hipotiroidismo, com TSH extremamente alto e T4 livre muito baixo e outras causas de obesidade como a síndrome de Cushing, caracterizada pelo excesso de cortisol no organismo, embora sejam situações mais raras. Mais de 90% dos pacientes obesos não têm como causa as endocrinopatias”, aborda Danielle.
A médica ainda ressalta que as causas da obesidade são além de genéticas e ambientais, também metabólicas, destacando-se a resistência à ação da insulina, uma consequência dos depósitos de gordura principalmente na região abdominal, aumentando a circunferência. O excesso de adiposidade cria no organismo um processo de inflamação crônica clínica que gera alterações metabólicas e cria reações à insulina.
Tratar a obesidade
Além de estimular os pacientes com hábitos saudáveis como o incentivo de idas à feira, a criação de receitas práticas e saudáveis, a médica fala da importância de quebrarem tabus e preconceitos para que os pacientes sejam bem atendidos, sentindo acolhimento e estímulo para realizarem o tratamento.
“A obesidade é uma doença crônica multifatorial e deve ser tratada com respeito, dignidade e humanidade, da mesma forma que doenças como hipertensão e diabetes. Porque, até então, colegas médicos, e até colegas de outras áreas, tinham preconceito de tratar a obesidade no indivíduo. De achar que o indivíduo obeso está assim porque quer: ‘É só fechar a boca’. Esses conceitos precisam ser quebrados, mudados, para que as pessoas também possam buscar o tratamento sem temer uma reação inadequada do próprio profissional de saúde”, atenta a profissional de saúde.
Bolsista: Juliana Gonçalves dos Santos.